Entrevista com Rita Donato:
Revista Quero: Conta um pouquinho sobre você, sua formação e carreira.
Rita Donato: Sou formada em Jornalismo e minha primeira experiência na área foi na comunicação interna de um indústria, como estagiária. Antes de me formar, estagiei também na assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo e no portal do Jornal Diário do Grande ABC, lá eu me encontrei profissionalmente e decidi que queria atuar como repórter. Em 2005, quando concluí a graduação, fui contratada pelo jornal e trabalhei durante um ano cobrindo política na página digital. À época, não havia estratégias diferenciadas para on-line e impresso, era o início das mídias sociais e o grande desejo de todos os jornalistas recém-formados era trabalhar na redação de um jornal impresso.Tive a oportunidade de migrar para o impresso, na editoria de política, um grande desafio, mas que transformou positivamente a minha carreira, pois tive grandes oportunidades (coberturas de campanhas eleitorais, entrevistas exclusivas com ícones da política nacional, etc.) - foi o momento em que mais cresci e me realizei profissionalmente, até optar pela vida acadêmica. Em 2009, fui convidada para ser assessora de imprensa de um parlamentar e desenvolvi funções importantes, participando do planejamento de comunicação de campanhas eleitorais e implementação de estratégias para mídias digitais e sociais. Quatro anos depois, passei a integrar a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Santo André, atuando na Assessoria de Imprensa e, diretamente, nas mídias sociais. Comecei a dar aulas no Ensino Superior em 2015, após ingressar no mestrado. Leciono disciplinas relacionadas à comunicação, sempre com o viés da inovação e uso de novas mídias, tanto no EaD quanto na modalidade presencial, um trabalho que me completa, pois tenho a oportunidade de ensinar e aprender ao mesmo tempo.
RQB: Você dá aulas também em cursos EaD na Metodista, o processo de aprendizagem dos alunos é a mesmo da modalidade presencial?
RD: Na modalidade exclusivamente EaD, a metodologia implica em maior comprometimento e dedicação do aluno. Entretanto, na Metodista, as aulas são ao vivo, o que é muito positivo, pois conseguimos medir a compreensão do conteúdo durante a aula, na interação pelo chat. É um modelo muito interessante e similar ao presencial, já que os alunos presentes naquele link podem partilhar das experiências e tirar dúvidas na hora.
RQB: É possível ter uma aula dinâmica nesta modalidade de curso?
RD: Considero as aulas EaD ao vivo muito dinâmicas, justamente por conta da possibilidade de interação com os alunos e, principalmente, porque pode-se mesclar as metodologias: leitura de texto, vídeo (...). Não precisa, nem deve, ser uma aula monótona, quando apenas o professor expõe, se há o chat, é muito importante usar a interação.
RQB: O que os alunos da modalidade EaD podem esperar das suas aulas?
RD: Como eu disse, não vejo muita diferença do presencial, uma vez que as minhas aulas são ao vivo. Os alunos podem esperar uma aula muito provocativa, sempre com debates que buscam interação e fixação do conteúdo por meio de debates e exercícios que pedem a participação de todos os alunos.
RQB: Como você impacta a vida dos seus alunos?
RD: Pergunta difícil (rs). Pelo feedback que recebo dos alunos, o principal diferencial das minhas aulas é justamente a participação de todos. Sempre dou a eles a oportunidade de compartilharem as experiências e discutirem como o conteúdo que abordamos pode ser observado no dia a dia de cada um. É uma maneira de compreender se as aulas fazem sentido e se o conteúdo foi absorvido e compreendido. Essa é minha grande preocupação.
RQB: Quais são os desafios enfrentados por um aluno que cursa pós-graduação EaD?
RD: O aluno de EaD deve ter maior dedicação e comprometimento para seguir o planejamento das atividades (no caso da Metodista, é quinzenal). O fato de não estar presente nas aulas, não reduz as responsabilidades. Importante ter atenção com o prazos também.
RQB: Qual a importância da pós-graduação para o mercado de trabalho?
RD: O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. A pós-graduação é uma maneira de o profissional se destacar, se atualizar, aumentar o repertório e ganhar poder de argumentação com base em diferentes olhares. Ademais, é uma maneira de ampliar o networking e discutir novas possibilidades de atuação.
RQB: Atualmente você dá aulas no curso de Comunicação Empresarial, conta um pouquinho sobre este mercado e o que um profissional desta área faz no dia a dia.
RD: Não é um cenário exatamente motivador, sobretudo no momento de crise. É muito comum que a primeira (ou uma das primeiras) área a sofrer cortes seja a Comunicação, isso porque nem todas as empresas compreendem o valor estratégico dessa área. As empresas com comunicação consolidada tendem a enfrentar menos problemas com os públicos internos e externo, isso porque o papel desses profissionais é manter esses públicos informados sobre os conteúdos estratégicos que dizem respeito à organização. Nas minhas aulas eu sempre falo muito sobre transparência. É isso que os profissionais de comunicação empresarial precisam compreender: como atuar de maneira transparente e estratégica.
RB: Quais competências as empresas esperam que o profissional de Comunicação Empresarial tenha? Quais competências este profissional realmente precisa ter?
RD: Precisamos ter em mente que o mercado precisa de pessoas com olhar estratégico para entender o modelo de negócio e saber conduzir as estratégias de comunicação, atualmente, muito voltadas às mídias digitais e sociais. Portanto, esse profissional precisa pensar de maneira inovadora e aprender a ouvir, mais do que impor a forma de se fazer comunicação de antigamente. Novos consumidores, novos funcionários, tudo requer mudanças estruturais e dinâmicas mais objetivas para engajar as pessoas.
RQB: Como você prepara seus alunos para os desafios do mercado de trabalho?
RD: Falar a verdade já é um bom começo. Explicar o que o mercado busca em um profissional e mostrar os pontos positivos e negativos também fazem parte da minha abordagem. O que eu quero dizer é que cada pessoa tem um tipo de inteligência e o fato de mostrar as várias possibilidades me parece uma maneira de preparar o aluno para encarar o mercado.
RQB: Com o ‘boom’ da internet, em dias que muito se fala sobre fake news, quais são os desafios do profissional de Comunicação Empresarial no cuidado da imagem de uma marca ou empresa?
RD: É necessário muito monitoramento e estratégias rápidas para o combate de fake news no ambiente digital. Nesse caso, importante o profissional de comunicação estar sempre alinhado ao departamento jurídico para discutir ações que minimizem o impacto negativo na mídia, por exemplo. Por esse motivo, as gestões precisam entender o valor estratégico do monitoramento em mídias sociais, para antecipar possíveis crises.
RQB: Qual o papel do profissional de comunicação no gerenciamento de uma crise que pode afetar a reputação da marca?
RD: O profissional de comunicação precisa atuar para evitar que a reputação da marca seja atingida negativamente, em caso de crise. Esse é o papel do profissional. Por isso, como mencionei acima, é preciso se atentar aos cenários e preparar estratégias. Sempre digo que a transparência, sobretudo com os funcionários, é muito importante, pois são eles os principais embaixadores da marca. Uma boa comunicação interna é a base.
RQB: Com toda sua experiência em Comunicação Corporativa, qual dica você dá para
RD: Eu iniciei contando que a minha primeira experiência foi na área corporativa e eu digo, com muita propriedade, que é uma ótima área para se atuar, desde que a pessoa compreenda a dinâmica de uma empresa, completamente diferente de uma redação. É uma área competitiva, portanto, a minha dica é que os profissionais tenham pensamento crítico, sejam organizados, criativos e alinhados com a linguagem das novas mídias. O mundo corporativo é estratégico e requer profissionais estratégicos.
RQB: Conta para nós uma experiência boa e uma ruim da profissão.
RD: Passei por muitos lugares e atuei em diferentes funções, na maioria das vezes, no ambiente político. Isso me faz recordar de experiências negativas como a carga horária exaustiva, de 14/15 horas por dia durante um período eleitoral (no setor público e no privado). Como repórter, a minha melhor experiência foi a entrevista exclusiva com um presidente da República. Como assessora de imprensa, a possibilidade de participar de campanhas eleitorais e lidar com profissionais de diferentes áreas da comunicação. Mas a melhor experiência está sendo como educadora, quando percebo que as minhas experiências podem ajudar um aluno e motivá-lo a seguir adiante e buscar um sonho profissional, porque todos são capazes e precisam enfrentar experiências negativas e positivas. Isso faz parte da construção de um profissional.
Leia também:
Entenda o formato dos cursos EaD na Metodista
Como foram as provas do meu primeiro semestre na Metodista EaD
Como criei um plano de estudo para me adaptar ao formato EaD da Metodista