A Educação é a segunda área mais preferidas pelos brasileiros formados no Ensino Superior, atrás apenas da área de Negócios, Administração e Direito. Isso é o que revelou o relatório "Education at a Glance" de 2019, divulgados pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Na média dos países da OCDE, os formados na área da Educação representam 9,55%. Já os brasileiros graduados em Educação representam mais que o dobro da média da OCDE, 20%.
Education at a Glance
A OCDE é uma organização internacional formada por 36 membros, em sua maioria países desenvolvidos, e também é conhecida como “clube dos países ricos”. O Brasil não é membro da entidade, mas um parceiro-chave que contribui em alguns trabalhos da organização.
O relatório reúne dados sobre a educação de mais de 40 países, membros e não-membros, da educação básica a superior. Os dados sobre o Brasil são originalmente do Censo Escolar e do Censo da Educação Superior de 2017, fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Leia: 21% dos brasileiros possuem Ensino Superior completo, aponta levantamento da OCDE
Entre outras informações, o relatório também mostrou que uma pequena parcela da população brasileira tem ensino superior. Entre os jovens entre 25 e 34 anos, apenas 21% são formados na faculdade. Além disso, dos que entram no ensino superior, apenas 33% de fato se formam.
Preferência pela Educação
Uma das pesquisas que permite entender a escolha dos brasileiros pela área da Educação é a Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizagem da OCDE (TALIS, na sigla em inglês), de 2018.
Um dos eixos da pesquisa elencou as motivações de professores do ensino médio ao escolher a profissão. Veja as principais motivações dos professores de ensino médio do Brasil, em ordem de preferência, na tabela abaixo:
Motivação para ingressar na profissão, pela experiência dos professores do ensino médio (TALIS 2018) - Brasil | |
O ensino me permitiu dar uma contribuição à sociedade | 97,20% |
O ensino me permitiu influenciar o desenvolvimento de crianças e jovens | 95,40% |
O ensino me permitiu beneficiar os socialmente desfavorecidos | 93,70% |
O ensino ofereceu uma carreira estável | 76,50% |
Ensinar era um trabalho seguro | 74,40% |
O ensino proporcionou uma renda confiável | 69,60% |
A programação de ensino se encaixa nas responsabilidades de minha vida pessoal | 67,10% |
Preferida entre as mulheres
A maior preferência entre mulheres pela área de Educação foi observada em todos os países analisados pela OCDE. No Brasil, a Educação foi a segunda área mais escolhida pelas mulheres brasileiras (25%), depois da área de Negócios, Administração e Direito (32%).
Já para os homens, a Educação é a terceira área de preferência (13%), atrás das áreas de Negócios, Administração e Direito (36%) e Engenharia, produção e construção (19%). Mesmo a diferença sendo menor do que na maioria dos países, os dados revelam uma desigualdade de gênero.
Leia também: Área de Negócios, Administração e Direito é a preferida entre as mulheres, segundo OCDE
+ Área da Educação é mais popular entre os homens que Tecnologia da Informação, aponta OCDE
Segundo Camila de Moraes, analista de educação da OCDE, a preferência das mulheres pela área de Educação está refletida na desigualdade de gênero percebidas entre professores em quase todos os países membros e parceiros da OCDE.
No Brasil, quase 90% dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental são mulheres. Elas permanecem a maioria no final do ensino fundamental, com 68%, e no ensino médio, representando 60%.
Entre os fatores para essa disparidade, Camila destaca as noções estereotipadas de ‘carreiras para mulheres’ e ‘carreiras para homens’ e do papel de cada um na sociedade. Além disso, “o fato de meninos não terem muito contato com professores masculinos pode reforçar a ideia de que essa profissão ‘não é para eles’”, opina a analista.
Outro fator é em relação às diferenças salariais: “Professores do ensino básico tendem a ganhar menos que a média de profissionais com ensino superior. Sabemos também que homens tendem a ganhar mais que mulheres no mercado de trabalho. O salário relativo é mais baixo do que para mulheres, o que pode tornar a profissão mais atrativa para mulheres, já que, em média, homens poderiam ganhar mais em outras áreas do mercado de trabalho”.
Baixo investimento em Educação
De acordo com a OCDE, o Brasil investe 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) na área da Educação, superando a média dos países da OCDE que é 3,2%. Entretanto, quando se compara o investimento por aluno, o percentual cai.
O baixo investimento por aluno se reflete no salário dos professores. A pesquisa Education at a Glance identificou que os professores no Brasil ganham menos que seus pares na maioria dos países da OCDE, além de lidar com turmas maiores.
Os docentes brasileiros também recebem 13% a menos do que outros trabalhadores com ensino superior no país. Para 93% dos professores do país, o aumento do salário é uma prioridade.
Apesar do menor salário, Camila de Moraes destaca que na TALIS de 2018, 97% dos professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil citaram a possibilidade de contribuir para sociedade como uma das razões para escolher essa profissão, a média dos países participantes é de 90%. “Outra razão citada por mais de 95% dos professores foi influenciar o desenvolvimento de jovens e crianças”, completa Camila.
Crescimento dos cursos de Educação
Nos últimos anos, o crescimento dos cursos na área da Educação foi um dos mais significativos. De acordo com o último Censo da Educação Superior, divulgado em 2019, 21% dos ingressantes no ensino superior em 2018 (707.048) entraram em cursos de licenciatura.
Leia também: Os melhores cursos de Licenciatura do país, segundo o Guia da Faculdade
Em 2012 eram 24,8 ingressantes na área da Educação a cada 10 mil habitantes. Em 2018, o percentual cresceu, pelo terceiro ano consecutivo, para 34,2 ingressantes a cada 10 mil habitantes, segundo o Censo.
Entre os cursos de licenciatura, quase metade das matrículas (45,9%) são para o curso de Pedagogia. A segunda licenciatura com mais matrículas é Educação Física (10,3%), seguida por Matemática (5,9), História (5,5), Biologia (5%), Letras - Português (4,8%), Geografia (3,4), Letras - Português e Inglês (2,3%), Química (2,3%), Física (1,8%), Artes Visuais (1,4%), Filosofia (1,3%), Ciências Sociais (1,1%) e Música (1%).
Em 2009, Pedagogia era o terceiro curso com mais matrículas (564.645). Em 2018, o curso se tornou o segundo maior em número de matrículas, com 747.890, apresentando um crescimento de 32,4%.
Quer saber sobre outros cursos em Educação? Veja mais sobre Mestrado em Educação.
Ensino a Distância
Um dos destaques do Censo de 2018 é que pela primeira vez, nas graduações de licenciatura, o número de matriculados em cursos a distância foi maior do que o número de alunos em cursos presenciais.
Em 2008, eram 818.632 matrículas em licenciaturas presenciais e 341.118 em licenciaturas EaD. Dez anos depois, o número de alunos de licenciatura presenciais diminuiu para 811.788 (49,8%), enquanto número de estudantes EaD subiu para 816.888 (50,2%).
A maioria dos alunos EaD se encontram nas universidades particulares. Na rede privada, quase 70% dos estudantes de licenciatura fazem curso a distância. Já na rede pública, mais de 80% dos alunos estudam presencialmente.