De uns tempos para cá, estudar fora do país se tornou uma tendência muito forte entre muitos brasileiros. Quem nunca pensou em largar tudo no Brasil e buscar uma qualificação em alguma outra parte do mundo para apresentar uma experiência internacional e ser visto com outros olhos pelo mercado de trabalho, não é mesmo?
Pensando assim, muitos estudantes procuram um intercâmbio acadêmico ou profissional como forma de se desenvolver e dar aquela turbinada no currículo para o emprego dos sonhos. Para ajudar essas pessoas, que muitas vezes estão cheias de dúvidas, a Revista Quero conversou com a Nathalia Bustamante, editora do portal Estudar Fora da Fundação Estudar.
Segundo ela, além de tudo isso que a gente já falou, outra coisa que contribuiu muito para a explosão dessa vontade entre os brasileiros de ir para fora foi o Ciência sem Fronteiras, programa do governo que possibilitou que milhares de pessoas estudassem fora em boas universidades com apoio financeiro do governo.
Hoje, mesmo que o programa tenha sido interrompido, essa vontade continua existindo, e os estudantes estão procurando formas alternativas de realizar esse sonho, seja por meio de bolsas de estudo ou programas de curta duração, que são mais em conta.
Como é o processo de admissão para estudar fora
Universidades de países diferentes têm processos de admissão distintos. A admissão em escolas de Portugal, por exemplo, é bastante similar ao de universidades brasileiras, com uma prova classificatória. Mas, em geral, universidades de fora olham para outros aspectos da vida do candidato além das notas em provas com o chamado processo de admissão holístico, adotado por universidades americanas, britânicas, australianas, entre outras. Por esse processo de admissão, além das notas de exames padronizados (equivalentes ao Enem brasileiro), o estudante também deve enviar histórico acadêmico, cartas de recomendação de professores e redações sobre sua trajetória e seus interesses fora de sala de aula, as chamadas atividades extracurriculares. Assim, as universidades conseguem avaliar o candidato como um todo, considerando não apenas suas notas mas também seus interesses e planos para o futuro.
Quem deseja se candidatar a uma universidade estrangeira deve, primeiramente, começar a se aprofundar no idioma do país de destino (seja inglês, francês ou qualquer outro). Além disso, deve procurar se envolver em atividades extracurriculares relacionadas aos seus interesses e manter um bom desempenho acadêmico desde o primeiro ano do Ensino Médio.
É importante lembrar que os cursos de Medicina e Direito têm um processo de admissão diferente. Nos EUA, inclusive, são uma pós-graduação. Ou seja, os estudantes têm que fazer uma graduação completa em áreas relacionadas e, então, candidatam-se novamente à escola de pós-graduação: Medical School ou Law School. É um processo bem diferente.
Quais são os países em que a concorrência é maior e menor
As melhores universidades do mundo estão localizadas nos Estados Unidos e no Reino Unido. Por isso, é natural que a concorrência para esses destinos seja mais acirrada. Mas mesmo nesses destinos há universidades mais e menos concorridas, para diferentes perfis de estudantes.
Outros países fora da rota também possuem excelentes universidades, mas são menos procurados por conta do idioma. É o caso, por exemplo, da Alemanha e da França. Nesses países, os valores de anuidade das universidades são significativamente mais baixos que nos Estados Unidos e no Reino Unido (na Alemanha, a maioria das universidades são inclusive gratuitas), mas a procura é menor pois é mais raro que estudantes tenham proficiência em francês ou alemão.
É possível conseguir algum tipo de auxílio para ajudar a se manter?
Sim. Tanto universidades quanto fundações e os próprios governos de países oferecem bolsas de estudo para estudantes internacionais. Há bolsas por mérito (em que estudantes com melhor desempenho recebem um apoio financeiro que pode cobrir tanto os valores de anuidade quanto seus custos de vida no país); bolsas por necessidade financeira (em que os estudantes que comprovarem necessidade financeira recebem apoio independente do seu desempenho); bolsas por perfil (quando, por exemplo, universidades querem aumentar a diversidade do seu corpo estudantil e oferecem auxílio financeiro para candidatos de determinada origem ou gênero). Todos os meses o EstudarFora faz uma curadoria com as melhores bolsas com inscrições abertas e traz dicas e orientações para quem deseja se candidatar.
De acordo com a Belta, Brazilian Educational & Language Travel Association, que reúne as principais instituições brasileiras que trabalham com intercâmbio, o relatório Open Doors de 2017 mostra que há 13.089 alunos brasileiros em programas de graduação e pós-graduação, fazendo do Brasil o 10º maior emissor de alunos para os EUA.
Quais são os maiores desafios que podem ser enfrentados por quem vai estudar fora
O estudante deve estar preparado para lidar com uma cultura e com pessoas diferentes. Isso exige resiliência e flexibilidade. Para aproveitar o máximo dessa experiência, é preciso deixar de lado o pensamento de "no Brasil fazemos assim, e é melhor" e também o "no Brasil nada funciona, só aqui". Estar com a mente aberta permite olhar nossa própria cultura com outros olhos, valorizando certos aspectos e percebendo com mais nitidez pontos de melhoria.
Além disso, a barreira do idioma não deve ser desconsiderada. Mesmo estudantes que tenham nível avançado de proficiência podem sentir certa dificuldade durante o período de adaptação, por não estarem ainda habituados a expressões regionais, gírias e sotaques.
E aí? Gostou das dicas? Já pensou em largar tudo no Brasil para estudar fora?