Desenvolvidas por alunos de cursos da área da saúde interessados em um ramo específico do conhecimento, as Ligas Acadêmicas são grupos de alunos que se reúnem com o objetivo de complementar a formação teórico-prática por meio de diversas atividades. Um exemplo é a Liga do Cérebro (LiCer), vinculada ao Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Referência em pesquisas em neurociência, o Inscer tem grande relevância dentro e fora da universidade, atraindo muitos estudantes de Medicina da instituição para áreas como neurologia, neurocirurgia e psiquiatria. A Liga do Cérebro é uma opção para aqueles que gostariam de conhecer mais sobre neurociência, seja para seguir na área ou complementar o aprendizado acadêmico e profissional.
O grupo conta com 20 ligantes, além de profissionais de referência dentro da neurociência convidados pela LiCer para orientar os estudantes.
Sob a orientação de docentes, os estudantes organizam eventos abertos ao público, como cursos, jornadas e palestras, também participam de atividades de pesquisa e de aulas mensais com professores especialistas em temas da neurologia e neurociência, além de realizarem — em grupos de cinco membros com orientação de um professor ou residente — visitas a pacientes internados.
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O estudante de Medicina Gustavo Rahmeier comenta que esse contato que a Liga proporciona com a prática, seja clínica ou acadêmica, permite a eles conhecer o trabalho dos residentes e médicos — que possuem especialidades diferentes — nos ambulatórios. “Estamos tendo um acesso mais direto a essas oportunidades", conta.
Como as atividades são organizadas pelos alunos, o professor da Escola de Medicina da PUCRS Jefferson Becker considera que os estudantes trazem demandas que muitas vezes não seriam pensadas pelos docentes. Interesses que vão desde a complementação das matérias trazidas em aula até o que não estava no plano de ensino da faculdade de Medicina, como planejamento de carreira. “O contato com os alunos é certamente engrandecedor", diz o professor. "Você se força a estar mais atualizado, a ir atrás de algumas pesquisas e materiais para poder disponibilizar a eles”.
Lucca Tondo, estudante de Medicina, é um dos diretores da Liga. Em razão disso, ele desenvolve algumas habilidades que não são trabalhadas em sala de aula, como organizar um grupo, ou entrar em contato com professores e médicos especialistas para as aulas e eventos: “Domínios que não são muito abordados na medicina mas que acabam sendo essenciais para o dia a dia de qualquer pessoa”.
Além disso, Lucca também participou de duas pesquisas no Inscer. Uma sobre “superidosos” com mais de 80 anos que têm a memória igual a de pessoas entre 20 e 30 anos mais jovens, e outra com usuários de crack e cocaína. Nos dois estudos ele realizou processamento de neuroimagem, analisando imagens de áreas do cérebro.
Já Gustavo vê na Liga uma possibilidade de aprendizado para um futuro profissional na área clínica, procurando obter uma perspectiva geral de diferentes áreas da medicina: “Para poder ajudar o melhor possível os pacientes”.
As diferentes Ligas Acadêmicas da PUCRS — 47 ao todo — às vezes organizam eventos em conjunto, relacionando diferentes temas. Nelas, alunos de diferentes semestres letivos convivem, criam amizades e aprendem uns com os outros. A Liga do Cérebro abre processo para selecionar novos ligantes anualmente.
Para participar, é necessário estar cursando graduação na área da saúde — sendo aberta a estudantes de outras universidades — e passar em uma prova elaborada pelos diretores sob supervisão do professor coordenador e aprovada pelos professores orientadores.