O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser, 60, é o vencedor do Prêmio Templeton 2019. O resultado foi divulgado na manhã desta terã-feira (19), pela John Templeton Foundation, fundação responsável pela honraria.
O prêmio é conhecido como uma espécie de "Nobel da espiritualidade". Ele reconhece pesquisadores, líderes religiosos e filósofos que realizam diálogos envolvendo os princípios da ciência aliados aos da espiritualidade.
Gleiser irá receber 1,1 milhão de libras esterlinas, cerca de R$ 5,5 milhões. Ele é o 49º ganhador e o primeiro latino-americano a receber o prêmio. "O caminho para a compreensão e exploração científica não é apenas sobre a parte material do mundo", disse o físico em vídeo publicado pela fundação.
Nascido no Rio de Janeiro, ele é professor de Física e Astronomia desde 1991 na Dartmouth College, universidade em Nem Hampshire, Estados Unidos, país que reside desde 1986. Gleiser se formou bacharel em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) em 1981. Em seguida, ingressou no mestrado em Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, em 1986, concluiu o doutorado em Física Teórica no King's College, em Londres.
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"O ateísmo é inconsistente com o método científico", afirmou em entrevista à AFP. "O ateísmo é uma crença na descrença. Então você nega categoricamente algo que você não têm evidências contra", completa.
"Devemos ter a humildade para aceitar que estamos cercados de mistério", continuou Gleiser, que no vídeo da fundação afirma que sua "missão é trazer de volta para a ciência e para as pessoas que se interessam por ciência esse apego àquele mistério".
Vencedor do Prêmio Jabuti de 1998 com o best seller "A dança do Universo", Marcelo Gleiser ainda possui outros nove livros publicados em português e quatro obras em inglês.
"Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse Gleiser sobre os que acreditam que a Terra foi criada em sete dias. "A ciência não mata Deus", completou.
O Prêmio Templeton
A primeira edição do Prêmio Templeton aconteceu em 1972, elaborada por Sir John Templeton, que dá nome à fundação responsável. O prêmio homenageia pessoas que realizaram trabalhos que contribuem para a afirmação da dimensão espiritual da vida.
Marcelo Gleiser se junta a um hall de outros 48 vencedores que inclui Madre Teresa de Calcutá, a primeira condecorada, o líder espiritual do Tibete Dalai Lama, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu e outros astrofísicos, líderes religiosos e filósofos.