Investir na formação dos professores, criando mecanismos para que possam aprender a ensinar, é fator determinante para que tenhamos êxito na prática educacional.
A frase que nos faz refletir sobre o atual cenário educacional do Brasil é de Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, um dos mais importantes e respeitados educadores brasileiros na atualidade.
Com uma carreira atuante em defesa de políticas e ações que melhorem a qualidade da educação em todos os níveis, Mozart aborda nesta entrevista, com muito equilíbrio, os prós e contras de temas como o projeto Escola sem Partido, militarização da educação, Fies, entre outros. Também avalia a má utilização das verbas destinadas ao ensino, que cresceram nos últimos anos, mas que em nada melhoraram o nível de aprendizado dos estudantes brasileiros.
Em entrevista ao jornalista Rui Gonçalves, Mozart defende que, para melhorar a qualidade da educação no Brasil, é preciso investir em uma formação mais prática e contemporânea dos professores, qualificar a gestão das escolas, afastar a interferência político-partidária na indicação dos diretores na redes públicas de ensino e trazer a tecnologia do século 21 para dentro da sala de aula.
Mozart recebeu o Sala de Estudos na sede do Instituto Ayrton Senna, em março, poucos dias após o ataque à escola em Suzano, que acabou na morte de 10 estudantes e dos dois atiradores. Neste contexto, ele fala sobre como integrar a escola à comunidade onde ela está instalada e da participação dos pais na educação dos filhos.
Trajetória
Mozart Neves Ramos tem uma trajetória de mais de quatro décadas destinada à educação. Foi professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) por mais de 30 anos, foi reitor da instituição e chegou ao posto de Secretário Estadual de Educação de Pernambuco. Ele também presidiu o movimento Todos pela Educação e é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Ao lado de Viviane Senna, foi convidado a debater a educação do país com a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro, após a eleição de 2018. Com isso, chegou a ter seu nome cotado para o Ministério da Educação (MEC), mas foi barrado. Em seu lugar, o presidente Jair Bolsonaro indicou, primeiramente, Ricardo Vélez Rodrigues, substituído três meses depois por Abraham Weintraub.
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