Os pré-testes são aplicações preliminares de itens do Inep para medir dificuldade, discriminação e acerto ao acaso antes de integrar o Banco Nacional de Itens (BNI), utilizado para compor o Enem.
Esses testes podem ocorrer em avaliações externas que alimentam o BNI; Edcley alega ter visto itens no Prêmio Capes Talento Universitário, mas o Inep não confirma qualquer relação entre o prêmio e o Enem.
Dias antes do segundo dia de provas do Enem 2025, Edcley Teixeira, um estudante de Medicina, realizou uma live em que exibia questões de Matemática e Ciências Biológicas semelhantes às que comporiam o exame no domingo.
O incidente gerou suspeitas sobre um possível vazamento, embora Edcley afirme que participa de pré-testes realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e, por isso, é capaz de “prever” questões que se assemelham às cobradas no exame.
Os pré-testes configuram-se como uma etapa regular do processo de elaboração do Enem e têm o objetivo de selecionar as questões que comporão a prova.
A seguir, entenda como o processo funciona e o que são os pré-testes.
Tomaz Silva/Agência Brasil
O que são os pré‑testes do Enem?
O termo “pré‑teste” refere‑se a uma etapa de testes que antecede a aplicação do Enem. Durante essa fase, o Inep aplica questões‑itens que ainda não integram oficialmente a prova, para determinar se estarão ou não a versão final da avaliação.
Essas questões são submetidas a uma amostra de estudantes com perfil semelhante ao do exame para que se mensure parâmetros como:
dificuldade da questão;
grau de discriminação (capacidade da questão separar candidatos de níveis de proficiência diferentes);
O pré‑teste consiste na aplicação de um conjunto de itens a uma amostra de alunos com características semelhantes às da população‑alvo.
Ou seja: trata‑se de uma etapa prévia à seleção final das questões que irão para o exame, voltada para calibragem psicométrica.
Onde e como são aplicados os pré‑testes?
Os pré-testes são aplicados em avaliações que alimentam o Banco Nacional de Itens (BNI) — repositório de questões aprovadas para uso em exames futuros do Inep.
Edcley Teixeira, estudante de Medicina e o principal personagem envolvido no caso recente, afirmou que as questões que ele usou em sua live foram extraídas do Prêmio Capes Talento Universitário. Segundo o aluno, os enunciados desse prêmio são usados como base para futuros itens do Enem.
No entanto, é válido ressaltar que a afirmação não é confirmada Inep. O órgão nunca associou as questões do prêmio com as questões do Enem.
As questões de pré‑teste podem aparecer depois na prova do Enem?
Sim e é justamente aí que se abre o espaço para dúvidas e suspeitas. Algumas informações relevantes:
O Inep afirma que os itens podem vir a compor o Enem em edições subsequentes, desde que atendam aos critérios psicométricos.
A semelhança entre uma questão exibida previamente e aquela que caiu no exame não significa automaticamente vazamento — pode decorrer do fato de que o item já fazia parte do BNI ou tinha estrutura similar. Mas isso exige uma investigação rigorosa.
Qual o nível de sigilo do processo?
O Inep comunica que há “rigorosos protocolos de segurança” em todas as etapas.
Mas, como todo processo humano e logístico, existe margem para falhas e é por isso que casos de suspeita geram investigação.
Inep anuncia anulação de três questões do Enem 2025
Ainda segundo o órgão, “a Polícia Federal foi acionada para apurar a conduta e autoria na divulgação das questões e garantir a responsabilização dos envolvidos por eventual quebra de confidencialidade ou ato de má-fé pela divulgação de questões sigilosas de forma indevida”.
De acordo com Wander Azanha, Diretor do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, o cenário de instabilidade pode acarretar efeitos negativos aos estudantes.
Se forem identificadas mais questões comprometidas, como já aconteceu em anos recentes, pode haver reaplicação. Isso mexe completamente com a estratégia dos aluno, afirmou Wander à Revista Quero.
Além disso, o diretor aponta os impactos da anulação de questões no cálculo da Teoria de Resposta ao Item (TRI) — utilizado para definir a nota do aluno —, que, agora, contará com apenas 177 questões.
Mas isso abre outra dúvida: e se justamente essas questões anuladas eram muito fáceis? Isso influencia a TRI — que não é simples — e gera medo sobre como ficará a nota final.
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