Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma das vozes mais singulares da literatura brasileira, cuja obra só ganhou notoriedade nacional quando a poetisa já estava em sua velhice.
Por Desconhecido - Desconhecido, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=109027542
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Nascida em 20 de agosto de 1889, em Goiás Velho, então Estado de Goiás, Cora Coralina teve uma vida dedicada à família e à confeitaria até se firmar como uma figura respeitada no cenário literário brasileiro.
A trajetória de Coralina não se enquadra nos moldes tradicionais dos escritores de sua época, visto que ela publicou seu primeiro livro, "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais", apenas aos 75 anos. Entenda melhor a trajetória da autora:
Cora Coralina nasceu e cresceu na cidade de Goiás Velho, um local que se destaca por suas tradições históricas e sua arquitetura colonial preservada. A infância de Coralina foi enraizada nas tradições culturais de sua terra natal, onde as festas religiosas, as lendas locais e o cotidiano rural influenciaram vividamente sua percepção do mundo e, consequentemente, sua escrita.
Desde cedo, ela mostrou um fascínio pelas histórias contadas por moradores locais e pelas paisagens naturais de Goiás, elementos que mais tarde se tornariam cenários recorrentes em seus poemas e contos.
A obra literária de Cora Coralina é marcada pela autenticidade e pela riqueza de detalhes em retratar a vida no interior do Brasil. Entre suas principais obras estão "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais", "Meu Livro de Cordel", e "Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha".
Seus temas são predominantemente voltados para as vivências do povo brasileiro, a simplicidade do cotidiano e a força da mulher. Coralina utiliza uma linguagem acessível, mas carregada de simbolismo e regionalismo, trazendo à tona a voz do interior.
Cora Coralina casou-se com Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, advogado, com quem teve seis filhos. Essa união matrimonial a distanciou de Goiás por um período de 45 anos. Após retornar às suas raízes, agora viúva, embarcou em uma nova empreitada como doceira. Além de dedicar-se à produção de seus quitutes, Aninha, como era carinhosamente conhecida, encontrava tempo entre as tarefas domésticas para criar a maioria de seus poemas.
Após ser acometida por uma grave gripe que evoluiu rapidamente para pneumonia, Cora Coralina faleceu em um hospital de Goiânia em 10 de abril de 1985. O imponente casarão à margem do Rio Vermelho, onde passou sua infância e retornou na fase avançada da vida, foi transformado em 1989 no Museu Casa de Cora Coralina. Nesse local estão preservados seus manuscritos, pertences pessoais, utensílios de cozinha, correspondências, fotografias, mobiliário, livros e as paredes impregnadas de lembranças da autora, que era muito querida por todos aqueles que a conheceram.
Cora Coralina enfrentou numerosos desafios ao longo de sua carreira literária, principalmente devido ao seu gênero e ao contexto social de sua época. Como mulher escritora no Brasil do século XX, ela lidou com o preconceito e a marginalização, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.
Além disso, a decisão de publicar suas obras já na terceira idade foi vista com ceticismo por muitos. No entanto, Coralina superou essas barreiras, conquistando reconhecimento e admiração não só no Brasil, mas internacionalmente.
Em vida, ela recebeu vários prêmios que destacaram sua contribuição à literatura brasileira, como o Prêmio Juca Pato, que lhe foi concedido em 1983 como intelectual do ano. Após sua morte, a valorização de sua obra só aumentou, culminando em diversas homenagens que perpetuam seu legado.
Diversos prêmios literários foram criados em seu nome, e eventos culturais frequentemente celebram sua vida e obra, evidenciando o profundo impacto que teve na cultura brasileira.
Cora Coralina continua a ser uma figura emblemática na cultura brasileira. Sua casa em Goiás Velho foi transformada em museu, o Museu Casa de Cora Coralina, onde visitantes podem explorar o ambiente em que viveu e criou algumas de suas obras mais significativas. Este museu não só preserva a memória física de sua vida, mas também serve como centro cultural que promove eventos literários e educativos, inspirando novas gerações.
Além disso, Cora Coralina é frequentemente citada em estudos acadêmicos e aparece em múltiplas plataformas de mídia, desde documentários até séries e programas de televisão que exploram sua vida e obra. Seus poemas são estudados em escolas por todo o Brasil, e suas palavras continuam a ressoar em muitos corações, evidenciando sua imortalidade na literatura brasileira.
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Conheça a seguir dois trabalhos renomados de Cora Coralina:
"Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais" é talvez o mais emblemático de seus trabalhos, publicado inicialmente em 1965.
Este livro é uma coleção que mescla poemas e prosa, explorando temas como a simplicidade da vida no interior, as tradições e os valores do povo goiano.
Coralina emprega uma linguagem que capta a essência da cultura local, permitindo que leitores de diferentes origens sintam-se parte da comunidade que ela retrata. Suas descrições vívidas transportam o leitor para os becos e paisagens de Goiás.
Ressalva
Este livro foi escrito
por uma mulher
que no tarde da Vida
recria e poetiza sua própria Vida.
Este livro
foi escrito por uma mulher
que fez a escalada da
Montanha da Vida
removendo pedras
e plantando flores.
Este livro:
Versos... Não.
Poesia... Não.
Um modo diferente de contar velhas estórias.
"Aninha e Suas Pedras" é um poema que narra a jornada de Aninha, um alter ego da autora, enfrentando desafios e superando obstáculos com coragem e resiliência.
As pedras no caminho de Aninha são metáforas para as adversidades enfrentadas na vida, refletindo a própria trajetória de Coralina, que só alcançou reconhecimento literário em idade avançada.
Aninha e suas pedras
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Das pedras
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida…
Quebrando pedras
e plantando flores
Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.
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Cora Coralina deixou um legado de frases que capturam a essência de sua filosofia de vida e sua poética. Algumas das mais célebres incluem:
"Não sei... Se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas."
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."
"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores."
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Humildade - Cora Coralina Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi. Que eu possa agradecer a Vós minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa. |
Que temática é explorada no poema de Cora Coralina?