O Século XX na América Latina foi permeado por acontecimentos importantes, grande crescimento demográfico, expansão econômica, intensos processos de urbanização, diversificação e conflitos políticos. Foi nesse período que a maior parte dos países latino-americanos enfrentaram regimes ditatoriais violentos e também os superaram.
É importante pontuar que as definições sobre os países que integram a América Latina variam de acordo com os critérios que são utilizados. Há definições que afirmam que os países latino-americanos são todos aqueles que possuem o português ou o espanhol como línguas oficiais. Outras, entender que são todos os países ao sul dos Estados Unidos, ou todos aqueles que foram colonizados por países latinos (Portugal, França e Espanha).
De toda forma, os países que compõem a América Latina possuem experiências históricas próximas por terem sido colonizados por países europeus, mas, ao mesmo tempo, seus processos de colonização e posterior desenvolvimento os tornaram extremamente diversos entre si.
Pode-se afirmar que as maiores potências econômicas da América Latina são Brasil, México e Argentina.
Legenda: Juan Domingo Perón, presidente mais popular da Argentina.
O século XX na América Latina foi marcado por governos chamados de populistas instaurados em diversos países, como o Brasil de Getúlio Vargas; a Argentina com Juan Perón e Lázaro Cardenas, no México. Esses governos tinham por características a presença de um líder extremamente popular e forte apelo a propagandas que construíssem a imagem deste líder como alguém particularmente interessado no bem do povo e das classes populares.
Esses governos foram responsáveis, por um lado, por conceder importantes direitos à população mais pobre, ao mesmo tempo em que praticaram diversos atos de repressão aos seus opositores, como a proibição de organizações sindicais, na intenção de impedir um avanço comunista.
É importante pontuar que, diferente do que o senso comum costuma entender por populismo, este não se trata de um conceito onde a alienação e manipulação do povo se apresenta como intrínseco. A grande popularidade destes líderes é um fator que deve ser atribuído a inúmeras razões, como seus perfis carismáticos, efetivas melhorias na vida da população mais pobre, etc.
A bipolarização política decorrente da Guerra Fria instaurou entre os setores conservadores dos países latino-americanos o medo de possíveis Revoluções Socialistas. Os Estados Unidos apoiaram os golpes militares contra a democracia em mais da metade das nações da América Latina, principalmente depois da Revolução Comunista Cubana e da ascensão do poder de Fidel Castro.
Guatemala, Paraguai, Argentina, Brasil, Peru, Uruguai, Chile, República Dominicana, Nicarágua e Bolívia viveram sob regimes militares ditatoriais em algum momento entre os anos de 1954 e 1990.
Foram comuns nesses países movimentações de parcelas conservadoras da população - como partes das classes médias, das oligarquias locais, dos empresários nacionais e da Igreja Católica - em prol das intervenções militares que viriam a conter a “ameaça vermelha”. A Aliança para o Progresso foi uma cooperação entre Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Venezuela, Peru, Colômbia e Costa Rica que pretendia conter a ameaça comunista e fortalecer economicamente estes países.
A última ditadura a ter fim na América Latina foi a do Chile, quando Pinochet perdeu o poder em 1990.
A Operação Condor foi uma aliança entre os regimes militares ditatoriais latino-americanos com a intenção de conter as ameaças comunistas e, sendo assim, perseguir os opositores do regime, pessoas ligadas aos movimentos de esquerda ou consideradas “anti-patriotas” e subversivas.
Nesse contexto, com respaldo legal, as ditaduras operaram torturas, exílios, prisões e diversos tipos de violência contra quem consideravam uma ameaça. Milhares de pessoas desapareceram nesse período.
BAEZ, F. A história da destruição cultural da América Latina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
BAMBIRRA, V. O capitalismo dependente latino-americano. Florianópolis: Insular, 2012.