Michel Foucault nasceu na França em 1926 em uma influente família de médicos. O pai desejava que Foucault também seguisse carreira na medicina, no entanto, Michel Foucault mudou-se para Paris, em 1945, a fim de estudar e afastar-se da medicina. Na capital tomou contato com os pensamentos de Hegel, Platão, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud, Bachelard e Lacan e interessou-se pelo estudo da filosofia e psicanálise.
Foucault formou-se em filosofia em 1949, em 1952 formou-se em psicologia patológica. Durante sua vida desenvolveu obras que uniam a filosofia, a antropologia social e a psicologia. Em diversas obras o francês estabelece e apresenta a relação entre os sujeitos sociais, as instituições, o saber e o poder, formando o tripé poder, sujeito e saber.
A tríade foucaultiana intensifica a posição do sujeito de linguagem como detentor do poder desenvolvido através do discurso e não somente a partir de estruturas, como a economia. O pensamento de Foucault define a percepção moderna de poder ligado ao saber.
A obra mais conhecida de Michel Foucault foi publicada em 1975 e apresenta reflexões do autor sobre o sistema disciplinar aplicado nas penitenciárias francesas. Foucault aponta que o modo como os sistema penitenciário é organizado nada mais é do que uma “técnica de produção de corpos dóceis”.
A partir dessa obra, Foucault apresenta que as formas de pensamento são também pautadas pelas relações de poder e atuam como maneiras de imposição e coerção. Só tendo essa noção é que os indivíduos podem lutar contra a imposição de certos padrões, no entanto, é impossível escapar completamente das relações de poder.
Foucault Considera a filosofia como uma maneira de enxergar a dominação com maior clareza, só assim os homens serão capazes de pensar e modificar as estruturas sociais e minimizar a dominação.
Em seus trabalhos Foucault apresenta o uso abusivo do poder por parte das instituições como a escola e as prisões e enfatiza como o papel do poder está diretamente ligado ao saber e a evolução do discurso.
Para o francês, a disciplina define o comportamento dos indivíduos nos tempos modernos, por isso o modo como as prisões e escolas são organizadas servem para, no caso das escolas, condicionar o comportamento dos alunos do modo mais adequado às imposições sociais. Na era moderna, Foucault define que tanto a escola quanto a prisão são meios de domesticação do indivíduo, para que ele desenvolva comportamento adequado para o convívio social.
As prisões servem para disciplinar o indivíduo para que ele paute suas ações da maneira aceita pela sociedade, do mesmo modo, os doentes mentais, são considerados problemas para o modo de vida imposto, por isso, são afastados do convívio social e mantidos em instituições e hospitais.
Nesses três casos, o poder mostra-se como ferramenta para impor o modo de vida considerado correto e socialmente aceito. O uso do discurso e a disseminação de ideias são formas de violência simbólica utilizadas para a adequação dos indivíduos.
O francês estabelece também um paralelo entre o conhecimento científico e o controle social. Para o autor o que a sociedade considera conhecimento científico é na verdade uma forma de controle social, nesse caso, quanto mais conhecimento um indivíduo possuir mais facilmente ele conseguirá exercer poder sobre o outro, principalmente se esse outro tiver tido menos acesso ao conhecimento.
Com isso, Foucault reforça a existência das escolas como instituições nas quais as pessoas, além de serem domesticadas para a adequação às imposições sociais, são também bombardeadas com conhecimento científico. As escolas atuam ao mesmo tempo como instituições de perpetuação de poder e de domesticação de indivíduos.
A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.
(FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é: