O processo de produção de papel se automatizou ao longo do tempo, embora as etapas tenham sofrido pouca variação.
Independente do tipo de papel, o processo de síntese é muito semelhante, possuindo variação apenas nas etapas finais de confecção do produto final. O processo pode ser dividido em cinco etapas:
- Extração e preparação da madeira;
- Polpeamento;
- Branqueamento;
- Formação da folha;
- Acabamento.
Extração e Preparação da Madeira
Como o papel é um produto formado por fibras de celulose, opta-se por extrair madeira com elevada concentração de celulose.
No Brasil, as principais espécies utilizadas para obtenção de celulose são os pinheiros e, principalmente, o eucalipto, planta nativa da Oceania e inserida no Brasil aproximadamente no século XIX.
Os troncos das árvores são cortados e a madeira é enviada para a indústria, onde é cortada (triturada) em pedaços menores, chamados de cavacos. Por isso, essa etapa também é chamada de estoque de cavaco.
Os cavacos são separados manualmente de acordo com o tamanho e, posteriormente, são encaminhados para o digestor, onde inicia-se a segunda etapa.
Polpeamento
A madeira até aqui trabalhada não foi purificada, possuindo, além da celulose, hemicelulose e lignina, compostos que diminuem a qualidade e vida útil do papel, além de oxidarem com o tempo, escurecendo (o papel pardo é um tipo de papel em que há elevada concentração de lignina, que lhe confere a sua cor parda).
Portanto, a etapa de polpeamento é a etapa em que ocorre, por meios químicos, semiquímicos ou mecânicos, a separação da celulose desses outros compostos, formando, ao fim, a polpa de celulose.
Fibras presentes da polpa de celulose.
No Brasil, o processo mais utilizado no polpeamento é o processo químico, que consiste na adição de reagentes químicos que degradam a lignina e a hemicelulose, mas não a celulose. A etapa de polpeamento por processos químicos pode ser dividida em subetapas:
- Digestão: também chamada de etapa de "coração do processo". O processo químico mais utilizado nessa etapa é chamado de kraft, que consiste na adição de uma solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) e Sulfeto de Sódio (Na2S) chamada de licor branco nos cavacos de madeira dentro de um digestor. o licor branco provoca a dissolução da lignina e a separação das fibras de celulose, preservando sua resistência. Ao final do processo, é formado o licor negro, onde está concentrada toda a lignina e os demais componentes extraídos da madeira.
- Separação do licor negro: o licor negro é um dos principais poluentes formados durante a síntese do papel, e procedimentos para tratá-lo antes do seu descarte é fundamental para diminuir os impactos ambientais gerados durante a fabricação do papel. Algumas empresas optam por utilizar o licor negro, que possui elevada concentração de compostos orgânicos (lignina, hemicelulose etc), como insumo energético. O licor negro é, então, separado da massa de celulose ao ser colocado em um tanque de descarga com pressão equalizada.
- Tratamento e queima do licor negro nas caldeiras: o licor negro é enviado para as caldeiras, para que o excesso de água seja evaporado. Após a evaporação, o licor é bombeado para os queimadores presentes nas caldeiras de recuperação.
- Caustificação: os constituintes inorgânicos retirados do licor negro são misturados em uma solução com licor branco, para a recuperação desses constituintes. O NaOH e o Na2S são recuperados para serem utilizados em um novo processo kraft.
Ao final dessa etapa, o licor negro é queimado nas caldeiras, os constituintes inorgânicos são recuperados no licor branco e o produto final é a polpa de celulose marrom.
Branqueamento
Etapa de clareamento e conversão da polpa de celulose marrom em polpa de celulose branca. É dividida em quatro subprocessos:
- Lavagem: para retirar os resíduos de licor negro presente na polpa.
- Pré-branqueamento: também chamada de deslignificação. Nessa etapa, a polpa de celulose é solubilizada em oxigênio em meio alcalino, o que facilitará os processos subsequentes de branqueamento.
- Branqueamento: etapa fundamental para a fabricação de papel branco como o sulfite e a cartolina branca. É a etapa que causa maior impacto ambiental, pois utiliza compostos de cloro que clareiam a polpa de celulose. Devido ao grande impacto ambiental causado pela utilização do cloro, muitas empresas estão substituindo esses compostos em processos chamados ECFs (Processos Livres de Cloro - "Elemental Chlorine Free") ou TCFs (Processos Totalmente Livres de Cloro - "Totally Chlorine Free"), que utilizam outros reagentes químicos para clarear a polpa de celulose, como peróxido de hidrogênio (H2O2), oxigênio molecular e ozônio (O3).
- Secagem: após os tratamentos com agentes clareadores, a polpa de celulose, agora branca, é então secada, formando bobinas de celulose que podem ser cortadas em grandes folhas e, então, encaminhadas para a última etapa de confecção do papel.
Formação da folha
Etapa final da produção de papel. Consiste em processos de acabamento e confecção dos produtos finais. Geralmente, é nessa etapa que são adicionados processos para a produção de um tipo específico de papel. Para a produção de um papel sulfite branco comum, a etapa é subdividida em:
- Máquina de papel: a massa de celulose produzida é diluída em água com outros componentes, de acordo com o tipo de papel desejado (agentes brilhantes para conferir brilho, amido para elasticidade etc.) e colocada em máquinas compostas por esteiras e peneiras, onde a folha de papel será formada.
Polpa de celulose sendo colocada na máquina de papel.
- Rebobinamento e estocagem: em alguns casos, não é preciso formar a folha de papel como produto final, mas sim diminuir a extensão das bobinas de celulose. O rebobinamento é a conversão do produto final em bobinas menores para outras aplicações industriais. Como dito, esse processo é descartado dependendo do produto final que se deseja obter.
- Confecção dos produtos finais: dependendo do tipo de papel que se deseja obter, novas etapas são adicionadas para garantir a fabricação do produto, como etapa de revestimento, de brilho, entre outras.
Acabamento
Etapa de finalização do produto. É na etapa de acabamento que ocorre o corte do papel em tamanhos padronizados e a sua estocagem em embalagens.