A zoologia (do grego zoon = animal e logos = estudo) é a área da biologia encarregada de estudar, compreender e classificar os animais. Enquanto os botânicos são responsáveis pelo estudo das plantas (organismos do Reino Plantae), os microbiologistas são responsáveis pelo estudo de microrganismos como bactérias, fungos e protozoários, os zoólogos são responsáveis por estudar os organismos pertencentes ao Reino Animalia.
A história e os princípios que regem a zoologia moderna não são lineares e possuem diversas fontes. Alguns princípios, por exemplo, derivam das leis da física e da química, já que todos os indivíduos estão sujeitos a elas. Outros princípios derivam do método científico ou de estudos prévios, estudos estes que estão submetidos ao olhar do pesquisador, à época e às tecnologias disponíveis no momento do estudo.
A zoologia, enquanto campo de estudo científico da vida animal, possui séculos de investigações, inferências, hipóteses e teorias e, atualmente, vem incorporando tecnologias derivadas da biologia molecular e da bioquímica para deixar seus estudos mais específicos e detalhados.
Estima-se que os animais tenham surgido nos oceanos há aproximadamente 600 milhões de anos, no período pré-cambriano. São organismos pluricelulares e constituídos por células eucarióticas que possuem carioteca separando o material genético do restante do conteúdo celular. Também possuem organelas, que compartimentalizam o interior celular.
São organismos heterotróficos, consumindo matéria orgânica produzida por outros indivíduos produtores - neste caso, os animais são chamados de herbívoros ou de animais de dieta a base de organismos produtores -, e podem, também, se alimentar de outros animais - sendo chamados de consumidores com hábitos carnívoros. Além disso, são organismos aeróbios, pois necessitam de oxigênio para a realização do processo de respiração celular.
Uma maneira de classificar os organismos refere-se à simetria, ou seja, a presença de um ou mais eixos que permite "dividir" o organismo em partes iguais. Dessa forma, os animais, em sua maioria, têm simetria bilateral, apresentando um eixo de simetria que permite dividir o organismo em até duas parcelas iguais. Esse tipo de eixo facilitou, por exemplo, o desenvolvimento da cabeça, que, evolutivamente, colocarou os animais acima dos demais reinos.
Outra característica exclusiva dos animais é visualizada ainda na fase embrionária. Após a fecundação e o desenvolvimento do zigoto, uma estrutura compacta, chamada mórula, é formada, e passa a absorver água em suas células, que são chamadas de blastômeros.
Os blastômeros passam a formar uma cavidade no interior da mórula e, após a finalização desta cavidade, a estrutura que anteriormente era chamada de mórula passa a ser chamada de blástula, sendo a principal característica dos animais. Portanto, todos os animais passam pelo estágio de blástula em seu desenvolvimento embrionário.
Diversos fatores podem ser empregados para classificar os animais. Formação tecidual e presença ou ausência de estruturas são as mais utilizadas.
Os animais primitivos não possuem capacidade de formar tecidos verdadeiros, isto é, um conjunto de células similares que se agrupam para desempenhar uma função específica. Com relação à formação de tecidos, os animais podem ser classificados em:
Os folhetos embrionários, também chamados de folhetos germinativos, são camadas de células desenvolvidas na fase embrionária. A partir delas, são formados os demais órgãos e tecidos do organismo. Dessa forma, a quantidade de folhetos embrionários é utilizada para classificar os animais em:
Obs: Os poríferos são os animais mais primitivos e não possuem folhetos embrionários, sendo chamados, no passado, de ablásticos, ou não sendo considerados nesta classificação.
O celoma é uma cavidade presente nos animais triblásticos e é formada na fase embrionária para ser preenchida pelos órgãos do indivíduo. A presença do celoma também permite classificar os indivíduos triblásticos em:
As vértebras são ossos presentes na coluna dos organismos, que é chamada de coluna vertebral. Essas vértebras auxiliam na sustentação, na postura e na proteção do sistema nervoso central. Quanto à presença de vértebras, os animais podem ser classificados em:
O principal método utilizado na ciência, de modo geral, para o estabelecimento de teorias e leis, foi o método hipotético-dedutivo que, resumidamente, consistia em:
Ao longo do desenvolvimento da biologia, vários estudiosos buscaram classificar os seres vivos de acordo com suas características comuns ou com o grau evolutivo estabelecido a partir das ideias evolutivas darwinianas.
A partir da classificação dos seres vivos, é possível conhecer e analisar a biodiversidade do planeta, esquematizar os graus de parentesco evolutivo entre indivíduos e, até, estabelecer modelos matemáticos que demonstrem o momento da evolução no qual o ambiente e seus organismos foram submetidos aos processos adaptativos.
A sistemática é a área da biologia que visa estudar a biodiversidade a partir de uma classificação chamada taxonomia. É importante dizer que a sistemática não é uma área exclusiva da zoologia, mas é utilizada para classificar todos os seres vivos existentes no planeta, incluindo os animais.
Dentro da taxonomia, todos os organismos são classificados em categorias que recebem o nome de táxon. São nove táxons principais que compõem uma escala ascendente de organização, ou seja, os maiores táxons englobam os menores táxons.
O menor táxon classifica os seres vivos em espécie, descritos com nome científico, que é composto (duas palavras), sendo o primeiro nome o gênero (táxon anterior) e, o segundo nome, a espécie. O nome científico é sempre em latim e é escrito em itálico ou sublinhado.
As espécies são agrupadas em gêneros similares, que são agrupados em famílias que, por sua vez, são agrupadas em ordem.
O táxon ordem está incluído dentro do táxon classe, que está incluído no táxon filo, que compõe, por fim, o táxon reino.
Atualmente, os reinos podem ser agrupados dentro do táxon domínio, ou super reino, e este pode, ainda, ser incluído dentro do primeiro táxon, que é chamado de super domínio. No super domínio, os seres são divididos em Biota, aqueles que são considerados seres vivos; e Abiota, incorporando os vírus, organismos que, por muitos estudiosos, não são considerados seres vivos.
Há táxons mais complexos, como super família, subfilos etc., mas estes somente se fazem necessários em estudos mais específicos da zoologia.
Lobos da espécie Canis lycaon, do leste dos Estados Unidos, estão intercruzando com coiotes (Canis latrans). Além disso, indivíduos presentes na borda oeste da área de distribuição de C. lycaon estão se acasalando também com lobos cinzentos (Canis lupus). Todos esses cruzamentos têm gerado descendentes férteis. (Scientific American Brasil, Rio de Janeiro, ano II, 2011 (adaptado).
Os animais descritos foram classificados como espécies distintas no século XVIII. No entanto, aplicando-se o conceito biológico de espécie, proposto por Ernst Mayr em 1942, e ainda muito usado hoje em dia, esse fato não se confirma, porque: