No problema anterior, o peso do caminhão está atuando a uma distância conhecida de cada eixo. Mas o que determina essa distância?
O ponto onde toda a massa está, hipoteticamente, concentrada, é conhecido como centro de massa (CM), e muitas vezes é chamado de centro de gravidade (CG). O centro de massa é esse ponto teórico que se comporta como uma partícula que tem concentrada em si toda a massa do corpo. Assim, caso seja necessário suspender ou levantar o corpo por somente um ponto, isso deverá ser feito pelo centro de massa, para que haja equilíbrio, pois os momentos em torno do centro de massa se anulam.
Portanto, ao fazer o diagrama de corpo livre, a força peso deve ser assinalada no centro de massa do corpo extenso.
O centro de gravidade é o ponto no qual, hipoteticamente, o campo gravitacional concentra sua atuação sobre o corpo. Como em todos os problemas de mecânica os corpos estão sujeitos a um campo gravitacional uniforme, o centro de gravidade coincide com o centro de massa. A diferença entre eles seria considerada se o corpo fosse muito extenso, a ponto de estar sujeito a diferentes acelerações da gravidade em cada ponto de sua extensão.
Centro de massa de um corpo extenso homogêneo
Para um corpo homogêneo, isto é, que tem a massa distribuída uniformemente em sua extensão, o centro de massa coincide com o centro geométrico, ou centróide, do corpo.
Exemplos disso são chapas poligonais. Uma chapa feita inteiramente do mesmo material e de mesma espessura será homogênea (distribuição uniforme de massa). No caso de uma chapa retangular, o centro de massa estará no encontro das diagonais. Se for triangular, estará no baricentro do triângulo. Em ambos exemplos, o CM coincide ainda com o CG.
Ao suspender a chapa retangular, deve-se fazê-lo pela direção do centro de massa. Do contrário, ela gira, tendendo a deixar a força exercida na mesma reta vertical em que está a força peso. Essa experiência pode ser feita, por exemplo, segurando um caderno!
Centro de massa de um sistema de partículas
Os exemplos já vistos tratam de corpos extensos, mas o conceito de centro de massa também é aplicável a um sistema composto por várias partículas. Nesse caso, é conveniente estabelecer um plano cartesiano (x-y). A posição do CM será uma média ponderada das posições de cada partícula.
$$ x_{CM} = \frac{m_{1} x_{1} + m_{2} x_{2} + m_{3} x_{3} + m_{4} x_{4} + m_{5} x_{5} }{m_{1} + m_{2} + m_{3} + m_{4} + m_{5}} $$
$$ y_{CM} = \frac{m_{1} y_{1} + m_{2} y_{2} + m_{3} y_{3} + m_{4} y_{4} + m_{5} y_{5} }{m_{1} + m_{2} + m_{3} + m_{4} + m_{5}} $$
Para facilitar as contas, seria mais prático se a origem dos eixos coincidisse com a posição de alguma das partículas, pois, então, suas coordenadas seriam nulas.
Vale notar que o centro de massa, por ser um ponto hipotético, não precisa coincidir com a posição de nenhuma das partículas. Isso também é válido para alguns corpos rígidos, como um anel (cujo CM está em seu centro), ou para corpos rígidos com formas não regulares, que devem ser decompostos em formas mais simples, as quais serão, posteriormente, tratadas como um sistema de partículas.
Exemplo: Determine a posição do centro de massa da figura abaixo, sabendo que cada corpo é homogêneo.
Pela simetria do problema, é mais prático estabelecer a origem dos eixos no meio, de maneira que \(x_{CM}\) será zero. Como cada retângulo é uma figura homogênea simples, é fácil determinar o CM de cada um deles:
Então, tratando cada corpo como uma partícula, cujas posições dos centros de massa são conhecidas:
$$ x_{CM} = \frac{10 \cdot(-2) + 10 \cdot 2 + 5 \cdot 0 }{ 10 + 10 + 5} \qquad \xrightarrow{} \qquad x_{CM} = 0 $$
$$ y_{CM} = \frac{10 \cdot 2,5 + 10 \cdot 2,5 + 5 \cdot 5,5 }{10 + 10 + 5} \qquad \xrightarrow{} \qquad y_{CM} = \frac{ 77,5 }{ 25 } $$
$$ y_{CM} = 3,1 m $$