Os mapas constituem uma forma de representação bidimensional da superfície terrestre, que vem sendo usada desde os primórdios da humanidade. Em essência, um mapa é um conjunto de sinais e cores que pretende traduzir uma mensagem, como a representação de fenômenos, ou o registro e a localização de elementos da paisagem.
Assim, com a utilização de escalas e de projeções adequadas, além do estabelecimento de uma boa legenda, um título eficiente e uma orientação cartográfica clara, os mapas podem retratar os fenômenos geográficos.
Não existe um mapa ideal, absolutamente fiel à realidade, já que é impossível representar a Terra, com sua forma esférica, no papel ou em qualquer outra superfície plana sem causar distorções.
Entende-se por projeção uma correspondência matemática entre as coordenadas da superfície esférica da Terra – latitudes e longitudes – e as coordenadas da superfície retangular do plano – paralelos e meridianos.
Projeção Conforme | Ângulos são preservados e áreas são deformadas |
Projeção Equivalente | Áreas são preservadas e ângulos são deformados |
Projeção Afilática | Não conserva as propriedades da superfície, mas minimiza as deformações (ângulos, áreas e distâncias) |
Projeção Equidistante | Distâncias são preservadas a áreas e ângulos são deformados. |
Além de diferenciadas pela forma, área e distância, as projeções podem ser construídas de acordo com as superfícies nas quais serão projetadas: cônica, azimutal ou cilíndrica.
O plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre. Depois de realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro, este é aberto ao longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual será desenhado o mapa.
A projeção cilíndrica de Mercator, também denominada de projeção cilíndrica conforme, foi criada na segunda metade do século XVI, período em que a Europa expandia seus domínios coloniais para o resto do mundo. Ela representa melhor as áreas próximas ao Equador, perdendo “fidelidade” na representação à proporção que aumenta o afastamento em relação a essa zona.
Nesse tipo de projeção, os paralelos e os meridianos cruzam-se em linha reta, as formas das massas continentais são conservadas e suas áreas relativas são distorcidas. Na época em que foi criada, a projeção tinha como objetivo principal construir um mapa que facilitasse a viagem dos navegadores. Isso explica sua preocupação com a representação das coordenadas geográficas se cruzando em ângulos retos, o que permitiria um melhor mapeamento das costas dos continentes.
A projeção normalmente mais utilizada é a de Mercator. Conserva as massas continentais mas distorce suas áreas relativas, pois valoriza a extensão dos territórios representados nas médias e altas latitudes. (A Groenlândia, por exemplo, é na verdade cerca de nove vezes menor que a América do Sul, mas nos mapas confeccionados nesta projeção parece ser bem maior). Esta projeção, do ponto de vista geopolítico, funcionou como instrumento de reforço à dominação europeia.
A projeção cilíndrica de Peters, também conhecida como projeção cilíndrica equivalente, respeita as áreas dos países, mas não suas formas. Construída também com paralelos se cruzando em linha reta, ela conserva as dimensões relativas dos territórios representados, porém distorce suas formas, deixando-os com aparência mais alongada.
O planisfério elaborado com base nessa projeção valoriza preferencialmente o tamanho de países da Ásia, América Latina e África, localizados próximos à Linha do Equador.
O planisfério elaborado na projeção de Peters valoriza o tamanho de países na Ásia, América Latina e África. As dimensões favorecem os territórios dos países do hemisfério sul, que do ponto de vista geopolítico, registrou cartograficamente uma reivindicação dos países subdesenvolvidos, que cresceu no pós-guerra. Ainda dentro deste contexto, ganha divulgação a representação gráfica que coloca o hemisfério sul acima do norte, invertendo a representação tradicional.
A projeção cônica se caracteriza por apresentar os meridianos retos e os paralelos curvos. A superfície é representada por um “cone” que envolve o globo terrestre. Os paralelos formam círculos concêntricos e os meridianos são linhas retas que convergem para os polos, as deformações ocorrem conforme a representação se afasta do paralelo de contato com o cone.
Em geral, é usada para representar só um hemisfério e retrata com maior perfeição apenas as regiões em altas e médias latitudes, provocando grandes deformações nas regiões de baixas latitudes, como as áreas equatoriais.
A projeção plana, ou azimutal, é geralmente empregada para representar pequenas áreas, pois as deformações aumentam bastante com o distanciamento do ponto central do mapa. Normalmente, é a projeção escolhida para representar as áreas polares.
Para representar, localizar e registrar aspectos da paisagem, a cartografia usa pontos, linhas e áreas. Por meio de símbolos e cores é possível informar ao leitor, por exemplo, onde a poluição do ar é maior, onde há estradas e linhas férreas e quais são suas direções, onde há minérios e em que lugares eles são explorados, etc. A simbologia adotada na representação gráfica é explicada na legenda.
As linhas geralmente são utilizadas para representar fenômenos lineares (rodovias, rios, etc.). Para representar fenômenos contínuos e de mesma intensidade, usam-se as isolinhas (o prefixo “isso” vem do grego isos e significa “igual”), um tipo de linha que une pontos de mesmo valor.
As cores são utilizadas para representar diferenciações altimétricas, nas áreas continentais, e profundidades, nas áreas oceânicas, além de demonstrar intensidade dos fenômenos representados.
Os símbolos representam fenômenos de várias ordens: os relacionados com aspectos físicos, socioeconômicos, urbanos, políticos, militares, religiosos, etc.
A escala é um dos elementos mais importantes no mapa, pois é a sua determinação que define se a representação terá mais ou menos detalhes. Isso significa inserir no mapa a maior quantidade possível de informações sem prejudicar sua leitura, facilitando a análise da área representada.
Existem duas formas pelas quais as escalas são indicadas nos mapas: a numérica e a gráfica. Embora as duas representem exatamente a mesma relação de proporção, cada uma delas poderá servir melhor a determinados objetivos.
Determinação de ao menos um dos pontos cardeais, importante para representar a direção da área de um mapa. Além disso, é importante tomarmos atenção se a orientação da representação tem base no Norte Geográfico ou no Norte Magnético.
Apesar de existir uma grande diversidade de mapas, é possível agrupá-los em duas categorias: os topográficos, que representam feições da superfície terrestre com grande fidelidade, permitindo a determinação das altitudes, declives e aclives; e os temáticos, que tomando como base um mapa topográfico, representam eventos geográficos específicos (político, físico, demográfico, econômico, etc) existentes no local mapeado.
Além disso, existem mapas cujos limites são alterados de acordo com valores numéricos selecionados, como população, renda média, etc. Esses mapas são chamados de anamorfoses. Anamorfose é, assim, uma representação gráfica que apresenta algum tipo de deformação.
Existem diferentes formas de representação plana da superfície da Terra (planisfério). Os planisférios de Mercator e de Peters são atualmente os mais utilizados.
Apesar de usarem projeções, respectivamente, conforme e equivalente, ambas utilizam como base da projeção o modelo: