A família real brasileira é descendente da família real de Portugal. Hoje, no Brasil, essa família é composta pelos bisnetos e trisnetos de figuras como Dom Pedro II e Princesa Isabel.
Um fato interessante sobre a situação contemporânea dos descendentes da família real do Brasil é que, apesar da maioria viver uma vida comum e não possuir atuação política efetiva alguma, muitos deles são, ainda, favoráveis a um retorno da monarquia.
Outra curiosidade é que ainda existe um imposto de 2.5% sob o valor de imóveis localizados em algumas regiões de Petrópolis e Rio de Janeiro, cobrado e administrado por uma organização tocada por descendentes de Dom Pedro II.
Para compreender a formação da família real brasileira, é preciso voltar a 1808, data da chegada da família real portuguesa no Brasil.
O começo do século XIX foi marcado pelo domínio napoleônico na Europa. Napoleão Bonaparte, depois da Revolução Francesa, conquistou muitos territórios e começou a comandar países que passaram a ficar submetidos ao domínio do Primeiro Império Francês.
É nesse contexto que Napoleão decretou o chamado Bloqueio Continental, no ano de 1806, na tentativa de isolar a Inglaterra do restante do continente. O Bloqueio Continental proibiu que as nações europeias sob influência napoleônica comercializassem com a Inglaterra.
O problema é que muitos países eram dependentes economicamente da Inglaterra, principalmente Portugal, que tinha muitos tratados e acordos diplomáticos assinados com os ingleses.
Nesse período, Portugal era comandado por Dom João, regente do país. Por um lado, Dom João passou a ser muito pressionado pelos franceses, uma vez que não havia cumprido o Bloqueio Continental e continuava a comercializar com a Inglaterra. Por outro, pelos próprios ingleses, de quem Portugal dependia economicamente.
Na iminência da invasão napoleônica em Portugal, sabendo que seus exércitos não seriam suficientes, e apoiado pelo governo inglês, Dom João decide transferir a corte portuguesa para sua maior colônia, o Brasil.
A transferência da corte portuguesa para a colônia contou com a vinda do regente Dom João, sua família e um contingente de quase 15 mil pessoas, entre funcionários e pessoas ligadas à corte.
A chegada da família real no Brasil inaugurou o chamado Período Joanino.
Imediatamente, as mudanças mais significativas foram de ordem estrutural. O Rio de Janeiro não tinha condições de receber essa quantidade de pessoas, e foi preciso que o rei expulsasse antigos moradores de suas casas para abrigar os membros da corte.
Uma transformação fundamental foi também a abertura dos portos, assinada logo em 1808. A abertura significou a possibilidade de comércio da colônia com outras nações. Essa foi uma medida importante e pode-se dizer que uma das etapas do processo de emancipação do Brasil. Isso, porque rompeu com o chamado pacto colonial, que garantia a exclusividade de comércio da metrópole com a colônia.
Além disso, a vinda da família real para o Brasil significou a criação de instituições e construções, que tinham por finalidade tornar a vida da corte portuguesa melhor e melhorar a economia local.
É nesse contexto que se deu a criação do Banco do Brasil, do Teatro Nacional, Biblioteca Nacional e Jardim Botânico. Dom João também investiu na criação de estradas e aboliu a lei que proibia a criação de fábricas no Brasil. Dom João também criou a imprensa real e contratou artistas franceses para retratar o Brasil, a chamada Missão Francesa. O mais conhecido artista francês foi Jean-Baptiste Debret.
A família real portuguesa permaneceu no poder no Brasil durante muitos anos. Após a volta de Dom João para Portugal, seu filho, Dom Pedro I, assumiu o governo e, em 7 de outubro de 1822, declarou a Independência do Brasil.
Mesmo independente do poder direto da metrópole, o Brasil continuou sob o poderio de Dom Pedro I (durante o Primeiro Reinado).
O Período Regencial - momento de transição entre os governos de Dom Pedro I e Dom Pedro II, enquanto este último não atingia a maioridade - foi o primeiro momento na História em que o país foi governado por brasileiros e não por portugueses.
Somente em 1889, com a Proclamação da República e o fim do Segundo Reinado, a família real perdeu espaço e deixou de governar o país.
Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil. Entre esses eventos, destacam-se os seguintes:
(GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 (adaptado))
Uma das consequências desses eventos foi: