Entre os anos 1954 e 1990 a maioria dos países na América Latina viveram, em algum momento, sob regimes ditatoriais militares. O período de redemocratização nestes países ainda é recente. A redemocratização é o processo em que os direitos civis foram reconquistados e as instituições democráticas reconstituídas.
Na história mundial, os regimes militares foram comumente comandados por um governante ditador. Fazendo uso do poder bélico e da força militar para chegar ao poder, esses regimes estiveram presentes em várias partes dos continentes do mundo.
No contexto da Guerra Fria, a polarização entre capitalismo e comunismo e as tensões dela resultante fizeram eclodir muitos golpes de estado pelo mundo.
Algumas das características comuns em regimes militares são:
A bipolarização política decorrente da Guerra Fria instaurou entre os setores conservadores dos países latino-americanos o medo de possíveis revoluções socialistas. Os Estados Unidos apoiaram os golpes militares contra a democracia em mais da metade das nações da América Latina, principalmente após a Revolução Comunista Cubana e da ascensão do poder de Fidel Castro.
Guatemala, Paraguai, Argentina, Brasil, Peru, Uruguai, Chile, República Dominicana, Nicarágua e Bolívia viveram sob regimes militares ditatoriais em algum momento entre os anos de 1954 e 1990.
Foram comuns nesses países movimentações de parcelas conservadoras da população - como partes das classes médias, das oligarquias locais, dos empresários nacionais e da Igreja Católica - em prol das intervenções militares que viriam a conter a “ameaça vermelha”.
A última ditadura a ter fim na América Latina foi a do Chile, quando Pinochet perdeu o poder em 1990.
A Operação Condor foi uma aliança entre os regimes militares ditatoriais latino-americanos com a intenção de conter as ameaças comunistas e, sendo assim, perseguir os opositores do regime, pessoas ligadas aos movimentos de esquerda ou consideradas “antipatriotas” e subversivas.
Nesse contexto, com respaldo legal, as ditaduras operaram torturas, exílios, prisões e diversos tipos de violência contra quem consideravam uma ameaça. Milhares de pessoas desapareceram nesse período.
Em oposição aos regimes autoritários na América Latina surgiram movimentos que incluíram diversos sujeitos e instituições sociais, com a intenção de se consolidar como resistências democráticas em prol da dissolução das ditaduras instauradas.
Esses movimentos foram de suma importância para os processos de redemocratização nos países latino-americanos e para as conquistas posteriores. Trataremos aqui dos processos de redemocratização na Bolívia (1982); Argentina (1983), Uruguai (1984), Brasil (1985) e Chile (1988).
A redemocratização boliviana teve início em 1978 e se concretizou apenas nos primeiros anos da década de 1980. As pressões para que o então presidente militar Hugo Suarez convocasse eleições diretas para a presidência vinham tanto dos movimentos sociais, como das instituições internas ao governo.
Convocadas as eleições, o partido Unidad Democratica y Popular conseguiu eleger um representante, mas este foi golpeado pelo militar Juan Pereda Asbum. Somente em 1982, quando um não candidato à presidência recebeu a maior parte dos votos pela população é que o regime ditatorial boliviano foi chegando ao fim.
O processo de abertura política na Argentina começou a partir da manifestação popular em prol do restabelecimento das eleições diretas, clamando que Perón pudesse concorrer.
Perón, entretanto, foi impedido pelo então presidente militar, Alejandro Lanusse, de se candidatar, o que levou a eleição de Hector José Cámpora, primeiro presidente civil e democrático após o regime militar na Argentina.
A redemocratização uruguaia aconteceu graças a um acordo entre Gregório Álvarez, o Partido Colorado, a União Cívica e a Frente Ampla, determinando a realização de eleições diretas para a presidência. Em 1985 o primeiro presidente Civil pós-ditadura chegou ao poder: Julio Maria Sanguinetti.
As greves de 1978 e os movimentos estudantis contribuíram muito com o enfraquecimento do regime militar brasileiro e levaram os cidadãos a realizar manifestações de massa em 1984, reivindicando a realização de eleições diretas para o Presidente da República, as “Diretas Já”.
Entretanto, os protestos de artistas, políticos, setores civis, estudantes e trabalhadores pelas “Diretas Já” não obtiveram sucesso. As eleições não foram diretas e sim realizadas pelo Colégio Eleitoral, que escolheu Tancredo Neves como novo presidente do Brasil.
Entretanto, Tancredo faleceu antes de assumir o cargo, levando à posse de José Sarney, o primeiro presidente civil depois de 21 anos de regime militar.
O fim da violenta ditadura de Augusto Pinochet no Chile aconteceu graças ao movimento em prol da democracia chamado NO. O movimento insuflou a população e fez tamanha pressão que Pinochet renunciou ao cargo. Patrício Aylwin foi o primeiro presidente após o processo de redemocratização chileno.
Nos anos de 1960/1970, vários países da América Latina sofrem intervenções militares. Essas intervenções ocorrem porque é necessário, EXCETO: