Como já dissemos, A Hora da Estrela é um romance que trata da história de Macabéa, uma moça extremamente ingênua que tenta sobreviver e se adaptar em meio a uma cultura diferente da sua. Depois de uma infância difícil, solitária e violenta, ela migra com sua tia de Alagoas para o Rio de Janeiro.
Sua vida é simples e pobre, e nela não acontecem grandes reviravoltas ou emoções. Ela segue solitária e cheia de manias. Em certo momento, a personagem inicia um namoro com o também pobre e migrante Olímpico de Jesus.
Porém, esse relacionamento não dura muito tempo, já que ele abandona Macabéa para ficar com Glória. Colega de trabalho de Macabéa, Glória era filha de um açougueiro e um casamento com ela representaria para Olímpico uma ascensão social e financeira.
Depois do fim do seu namoro, Macabéa vai ao médico em busca de um diagnóstico para as dores que vinha sentindo e sai com a informação de que havia contraído tuberculose.
Embora Macabéa não tivesse contado para ninguém sobre seu sofrimento, Glória percebe que havia algo errado com sua colega e a aconselha a se consultar com uma cartomante. Macabéa faz isso e sai com a esperança de que seu futuro seria feliz. Segundo a cartomante, a protagonista se casaria com um homem bonito, loiro, estrangeiro.
Assim que sai na rua depois dessa revelação, porém, acontece um anticlímax. As perspectivas do leitor e da própria personagem são frustradas, pois ela morre vítima de um atropelamento. Ironicamente, nesse momento, a promessa da cartomante de certa forma se cumpre: é uma Mercedes conduzida por um homem loiro que a atropela.
Os episódios da história de Macabéa são contados para nós de forma intercalada com as reflexões do narrador, que também é um personagem do livro. Ele teria visto Macabéa enquanto andava pelas ruas do Rio de Janeiro e tido uma epifania, identificando nela um ponto de desespero no meio da multidão.
Rodrigo S. M., no decorrer do livro, questiona as formas de denúncia das mazelas sociais e se sente culpado pela sua condição social e financeira privilegiada. Ao mesmo tempo, ele reflete sobre a construção de obras literárias, o ato de escrever e a limitação da literatura como forma de expressar e solucionar problemas existenciais e sociais.