Nessa obra, estão reunidos os poemas de Castro Alves que representam o auge de sua poesia abolicionista, engajada na luta pela libertação dos escravos. Nesses textos, o poeta procurou aprofundar a análise das implicações que a escravidão e, por consequência, os sofrimentos por ela causados, geravam na vida humana.
Um exemplo disso pode ser visto no trecho a seguir, retirado do poema “O Navio Negreiro”:
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!”
No excerto, pode-se perceber como o autor utilizava recursos estilísticos para dar a seu texto um aspecto mais apelativo. O uso de vocativos, utilizados para clamar a Deus que olhasse para a vida dos negros escravizados, por exemplo, mostra como o poeta conseguia articular em seu poema a dramaticidade necessária para persuadir seus leitores sobre a importância da luta contra a escravidão no país.
Esse objetivo é cumprido de maneira ainda mais eficaz à medida que o eu lírico não recebe resposta ao longo dos versos, o que o leva a continuar chamando por Deus na esperança de que se acabem os sofrimentos a que os escravos estavam submetidos.
Tais recursos contribuíram para que Castro Alves fosse considerado o principal autor da terceira geração do Romantismo brasileiro e, também, um dos maiores poetas da literatura do país.