O conceptismo surgiu como um dos dois grandes estilos da literatura barroca, em oposição ao cultismo. Enquanto o cultismo focava na forma e na estética das palavras, o conceptismo valorizava o conteúdo racional e a estrutura lógica do texto.
É um estilo que busca convencer o leitor por meio de argumentos sólidos, jogos de raciocínio e uso de estruturas intelectualmente sofisticadas.
Essa forma de expressão está diretamente ligada à lógica argumentativa, ou seja, à construção de ideias encadeadas, com base na razão. Ao utilizar uma linguagem racional, o conceptismo propõe uma comunicação mais direta com o intelecto do leitor ou ouvinte, contrastando com o apelo sensorial e ornamental do cultismo.
Essa abordagem foi especialmente eficaz no contexto do Barroco, período em que a tensão entre fé e razão, mundo e espírito, se fazia presente na vida cultural e religiosa da Europa e da América Latina.
O conceptismo expressa essa inquietação ao usar a argumentação como ferramenta para discutir temas teológicos, morais e sociais.
Diferença entre conceptismo e cultismo
Para entender melhor o conceptismo, é importante compará-lo ao cultismo, também conhecido como gongorismo (por influência de Luís de Gôngora). A principal diferença está no foco do discurso:
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Cultismo: valoriza a estética da linguagem. Usa muitas figuras de linguagem, metáforas elaboradas, hipérboles e vocabulário rebuscado. A ênfase está no "como" se diz.
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Conceptismo: valoriza o conteúdo racional e a clareza dos argumentos. Foca na retórica e na estrutura lógica do pensamento. A ênfase está no "o que" se diz.
Enquanto um poema cultista encanta pelo jogo de palavras e sons, um texto conceptista impressiona pela força do raciocínio e da persuasão. O Enem costuma apresentar textos de ambos os estilos, e saber diferenciá-los é fundamental para interpretar as questões corretamente.
Características do conceptismo: lógica, persuasão e jogo de ideias
O conceptismo é marcado por algumas características muito específicas que ajudam o leitor a reconhecê-lo facilmente:
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Uso da lógica: os textos conceptistas seguem uma linha de raciocínio bem definida, com começo, meio e fim estruturados logicamente.
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Retórica e arte da persuasão: o autor recorre a técnicas da retórica clássica para convencer o leitor, incluindo perguntas retóricas, silogismos e analogias.
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Jogo de ideias: em vez de brincar com palavras, o conceptismo brinca com conceitos, criando contrastes, paradoxos e argumentações surpreendentes.
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Conteúdo racional: foco em ideias claras, geralmente ligadas à moral, ética ou religião.
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Figuras de linguagem: utilizadas com função argumentativa, como a antítese e o paradoxo, e não apenas decorativa.
Esses recursos eram particularmente eficazes nos sermões religiosos, pois permitiam que o orador convencesse seus ouvintes sobre questões de fé por meio do raciocínio.