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Graciliano Ramos

Literatura - Manual do Enem
Bianca Ferraz Publicado por Bianca Ferraz
 -  Última atualização: 27/9/2022

Índice

Introdução

Graciliano Ramos (1892-1953) é um autor pertencente à segunda geração modernista, também conhecida como Fase de Consolidação. Como escritor, produziu, além de romances - sendo o mais célebre “Vidas Secas”, de 1938 -, contos e crônicas.

Sua carreira profissional foi marcada, também, por sua atuação como jornalista e político, em que exerceu até mesmo a função de prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, no interior do estado de Alagoas.

Sua obra literária teve grande impacto na literatura brasileira e, ainda na década de 1940, Graciliano Ramos já era considerado um dos maiores romancistas brasileiros, atrás apenas de Machado de Assis.

Essa distinção se deve ao fato de que sua produção literária corresponde ao mais alto ponto de tensão entre o eu do escritor e o ambiente que o circunda, mostrando, a cada nova obra, a ruptura existente entre esses dois elementos, o que é representado pela dor e pela opressão vivida pelas personagens desenvolvidas pelo autor.

Modernismo

A segunda geração do Modernismo brasileiro, a qual pertence Graciliano Ramos, foi marcada, em sua prosa, pela ficção regionalista, com especial ênfase na região nordestina. Tem como destaque autores como Jorge Amado, José Lins do Rego, além, é claro, do próprio Graciliano Ramos.

contexto histórico, marcado por episódios como a crise cafeeira sofrida pelo país, o declínio econômico do Nordeste e mesmo as rupturas das estruturas sociais locais, foi responsável por abrir espaço a um tipo de ficção que se distinguia da anteriormente produzida.

Nesse novo estilo, havia espaço para uma captação direta dos acontecimentos. Isso refletiu em uma maior rudeza, traçando uma volta ao Naturalismo, no sentido de que a narração-documento prevaleceria no período.

Principais obras

Graciliano Ramos teve grande destaque na literatura brasileira com seus romances. Uma de suas obras mais famosas, “Memórias do Cárcere”, é resultado da experiência vivida pelo autor após ser preso, acusado de ser subversivo.

Abaixo, segue a cronologia das principais publicações do escritor:

  • Caetés: 1925, primeiro romance de Graciliano Ramos;
  • São Bernardo: 1934;
  • Angústia: 1936;
  • Vidas Secas: 1938;
  • A Terra dos Meninos Pelados: 1939, obra composta por contos infanto-juvenis;
  • Infância: 1945, obra de caráter memorialista;
  • Insônia: 1947, contos;
  • Memórias do Cárcere: 1953, obra póstuma e memorialista relativa ao período em que Graciliano Ramos esteve preso.

Vidas Secas

O romance “Vidas Secas”, publicado em 1938, é a obra mais célebre de autoria de Graciliano Ramos. A obra foi vencedora do Prêmio da Fundação William Faulkner (Estados Unidos), no ano de 1962, como obra representativa da Literatura Brasileira Contemporânea.

Além disso, o filme “Vidas Secas”, adaptação do livro homônimo para o cinema, de Nelson Pereira Santos, foi vencedor de dois prêmios internacionais: o Prêmio Catholique International du Cinema e o Prêmio Ciudade de Valladolid (Espanha).

O enredo da obra remete ao interior do sertão nordestino, em que as famílias residentes sofrem com o problema da seca. Somado esse contexto à visão mais crítica das relações sociais, característica dos autores dos anos de 1930, tem-se, em “Vidas Secas”, uma demonstração não só da condição de extrema pobreza - que resulta até mesmo em uma animalização do homem, Fabiano, o protagonista, –, mas também da exploração do homem pelo próprio homem, com base nas relações de poder sociais.

Outro personagem icônico da obra é Baleia, a cadela que acompanha a família retirante em sua trajetória. Se destaca por sua humanização, em oposição às personagens humanas. O ápice de tal humanização se dá no fato de a cachorra ser capaz até mesmo de sonhar – ato tipicamente humano.

Seu sonho era um céu cheio de preás. Assim, teria alimento farto - um contraponto à escassez vivida com a família de retirantes. Essa personagem é, também, paradoxal em seu nome. Ao ser chamada de Baleia, o que remete a um animal grandioso, tem-se um contraste com sua pequenez e magreza, que transparecem a situação de pobreza por ela sofrida.

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM/2007

Leia os seguintes textos:

TEXTO I

Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.

(Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.)

TEXTO II

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

(Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.)

No texto II, verifica-se que o autor utiliza:

A linguagem predominantemente formal para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular.
B linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.
C linguagem coloquial para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.
D linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa para analisar determinado momento da literatura brasileira.
E linguagem regionalista para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo para facilitar o entendimento do texto.
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