Paulo Menotti del Picchia (1892-1988) foi um escritor brasileiro da primeira geração do Modernismo. Formado em Direito, quando jovem, teve contato com a literatura anti modernista, mas, após o fim da I Guerra Mundial, no ano de 1918, passou a compor o grupo responsável pela Semana de Arte Moderna, a qual viria a acontecer em 1922.
Quando passou a fazer parte do grupo de artistas envolvidos com a estética modernista, tornou-se um dos grandes articuladores no que diz respeito à divulgação desse novo tipo de arte.
Menotti del Picchia fez parte, também, dos movimentos verde-amarelo e “Bandeira”, ao lado de outros escritores, tais quais Cassiano Ricardo e Cândido Motta Filho.
Na contramão do que acontece com a maior parte dos autores escolhidos para figurar nos estudos literários, Menotti del Picchia começou sua carreira literária aclamado pela crítica, com suas primeiras obras, sobretudo com o poemeto sertanista “Juca Mulato”, publicado em 1917.
No entanto, com o passar dos anos, ao mesmo tempo em que a estética modernista ganhava força, o autor se aproximava da cultura de massa.
A primeira geração do modernismo é caracterizada, de modo geral, pelo desejo de ruptura com a estética vigente até o momento. Essa ruptura não era simplesmente temática, mas também formal.
Na poesia, os versos brancos, ou seja, sem rimas, e livres, isto é, sem uma métrica regular, foram amplamente explorados pelos autores da época, mas a renovação formal, ou ainda, estrutural da prosa parecia um pouco mais complexa.
Menotti del Picchia produziu obras tanto em versos, como no caso de “Juca Mulato”, sua estreia na literatura no ano de 1917, quanto em prosa, como no romance “O Homem e a Morte”, datado de 1922, ano em que se deu a Semana de Arte Moderna de São Paulo.
Apesar de sua produção literária ter sido, inicialmente, bem-sucedida, os rumos que suas obras tomaram com o passar dos anos fizeram que Menotti del Picchia entrasse para a historiografia literária mais como um grande apoiador e divulgador do movimento modernista do que pelo teor de suas obras publicadas após o fortalecimento dessa nova estética.
Sua participação na organização da Semana de Arte Moderna, o marco inicial do Modernismo no Brasil, é um dos destaques de sua carreira.
Embora sua literatura tenha enveredado para o caminho da cultura de massa, o que lhe garantiu uma boa aceitação por parte do público, sobretudo da classe média em crescimento, ainda limitada em seu refinamento artístico, não se pode negar que Menotti del Picchia tinha, sim, um grande potencial como escritor.
A produção literária de Menotti del Picchia é diversa e relativamente extensa. Escreveu poemas, romances, artigos para revistas e jornais.
Veja a seguir, em ordem cronológica, suas obras:
“Juca Mulato” é o livro de estreia de Menotti del Picchia no mundo literário. Publicado no ano de 1917, portanto, cinco anos antes da Semana de Arte Moderna, considerada o marco inicial do Modernismo no cenário nacional.
A obra é formada por nove capítulos, sendo que cada um dos capítulos é formado por vários poemas, centrados na figura do Juca Mulato, personagem típico do mundo rural que é descrito pelo autor como alguém que vive em comunhão com a natureza.
Juca trabalha em uma fazenda e, depois de pousar os olhos sob a filha do patrão e sentir que ela está contemplando-o, começa a sentir uma inadequação racial: é esse sentimento que dá o tom da obra.
Apesar do tema moderno, a obra gerou discussões por ser, em sua forma, devedora da estética parnasiana, tão criticada pelos escritores do modernismo.
Considere os textos abaixo:
Texto 1:
"Uma arte genuinamente brasileira, filha do céu e da terra, do Homem e do Mistério.
(Menotti del Picchia).
Texto 2:
"Acredito que o lirismo nascido do subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria fases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada".
(Mário de Andrade)
Assinale as ideias pregadas durante a Semana de Arte Moderna, presentes nos textos acima: