Em “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, temos uma narração em terceira pessoa, com um narrador onisciente e onipresente. Além disso, o narrador é totalmente imparcial, contando os fatos e deixando a responsabilidade de julgar os acontecimentos e conflitos para o leitor.
É importante sabermos que a maioria da história se passa no Rio de Janeiro, e ocorre no período de tempo em que temos os anos iniciais da República no Brasil. Além disso, “Triste Fim de Policarpo Quaresma” é dividido em três partes, que mostram diferentes conflitos relacionados ao protagonista: um conflito cultural, outro agrícola e outro político.
Na primeira parte, somos apresentados a Policarpo Quaresma, protagonista da obra, que é um homem cheio de nobres ideais, muito nacionalista, patriota, de bom coração e idealista.
Em sua busca por melhorar os diversos problemas que o país possuía, ele vivia lendo muitos livros, o que gerava muito crítica por parte de seus vizinhos, que não aceitavam que um não-acadêmico pudesse ter livros em casa (aqui podemos ver uma crítica ao academicismo, presente no tempo de Lima Barreto).
Em suas leituras, Policarpo acreditava que o Brasil deveria se abrasileirar, ou seja, deveria parar de exaltar a cultura europeia e passar a exaltar sua própria cultura. Nisso, ele começa a tocar violão, e defende com todas as forças que ele deveria ser o instrumento mais valorizado do país (ao invés do piano, que vinha da tradição europeia), o que gera ainda mais conflitos com seus vizinhos.
Porém, depois de um tempo, ele cansa de estudar o folclore e a cultura popular do Brasil, e decide focar mais na cultura indígena. Em meio a isso, ele acaba sugerindo à Assembleia Legislativa Republicana que alterassem a língua oficial do Brasil, de português para tupi, o que fez com que ele fosse ridicularizado e internado em um hospício.
Depois de tudo isso, temos a segunda parte de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, em que, saindo do hospício estando são e aposentado, Policarpo vende sua casa e compra um sítio na cidade fictícia de Curuzu (seguindo o conselho de sua afilhada, Olga).
Lá, ele tem a ideia de melhorar a agricultura brasileira e contribuir com o desenvolvimento econômico do país por meio de sua lavoura. Porém, acaba tendo muitos problemas no sítio, e com a ajuda de seu empregado Anastácio, luta contra pragas de saúvas e ervas daninhas, além de ter problemas com seu solo, que não estava fértil o bastante e com sua lavoura, que não rendeu quase nada de lucro.
Além disso, Policarpo acaba arranjando confusão com seus vizinhos, que achavam que ele era muito neutro em questões políticas. Porém, quando ele ouve sobre a Revolta da Armada (que era contra o mandato do Marechal Floriano Peixoto), decide mandar um telegrama para o presidente e partir para o Rio de Janeiro, onde iria defender o regime e sugerir algumas mudanças para o sistema agrícola brasileiro.
Assim, começa a terceira parte da obra, em que Policarpo é bem recebido por Floriano Peixoto, mas não é levado a sério em relação a suas propostas, sendo chamado ironicamente pelo apelido de “visionário”.
Em meio à Revolta, ele ganha a patente de major de um batalhão, chamado de “Cruzeiro do Sul”, mesmo sem ter tido qualquer experiência militar e, enquanto está batalhando, percebe várias injustiças, como prisões violentas e ascensão social para bajuladores. Além disso, Policarpo começa a perceber que não é levado a sério e acaba ficando muito mal depois que mata um revoltoso.
Depois que a Revolta termina, Policarpo se desilude e percebe que a pátria pela qual sempre lutou era apenas uma ilusão. Vendo a escolha aleatória de prisioneiros que iam ser executados, ele se revolta e escreve uma carta para Floriano Peixoto, denunciando a situação. Porém, o Marechal acaba prendendo injustamente o patriota, com a acusação de traição da pátria.
Com isso, seu antigo amigo Ricardo Coração dos Outros e sua afilhada Olga tentam de todo jeito ajudá-lo e procurar pessoas que pudessem melhorar sua situação. Porém, ninguém queria ajudar Policarpo, seja por medo ou por ganância.
Assim termina “Triste Fim de Policarpo Quaresma”: Policarpo é preso e fuzilado a mando de Floriano Peixoto, morrendo pelos ideais pelos quais havia batalhado.
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