A antítese é uma figura de linguagem que é muito utilizada na vida cotidiana das pessoas. O termo antítese tem origem da palavra grega antithesis, que significa oposição ou resistência.
Essa figura de linguagem designa a relação de contraste que se estabelece quando duas palavras opostas se apresentam em um mesmo contexto. Por isso, pode-se dizer que a antítese, que é classificada como uma figura de linguagem de pensamento, se caracteriza pela contraposição de conceitos.
Embora apareça de forma frequente nos diálogos, nos textos literários e em outras situações da vida no mundo atual, a antítese foi largamente explorada em outros momentos históricos, como no período do Barroco.
O Barroco foi uma estética artística que se aproveitava do contraste propiciado pelo uso das antíteses para construir e dar destaque a suas obras. Veja, a seguir, um exemplo de poema barroco em que a antítese foi utilizada pelo autor, no caso, Gregório de Matos:
“Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinqüido,
vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto um pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma orelha perdida e já cobrada,
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na sacra história,
eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória”.
Perceba que, no poema, é possível identificar algumas oposições entre palavras. Um exemplo disso ocorre quando, na segunda estrofe, o termo pecado se opõe a perdão, indicando dois elementos que são contrastantes entre si.
O mesmo processo pode ser visto entre a palavra “clemência”, que aparece no segundo verso do poema, localizado ainda na primeira estrofe, e a forma verbal “irar”, presente no quinto verso do poema, já na segunda estrofe.
O Barroco também utilizou a ideia da antítese nas artes plásticas, pois trabalhava, em suas pinturas, por exemplo, a oposição entre a luminosidade e a sombra, entre o claro e o escuro.
Ainda na contemporaneidade, é possível encontrar obras das artes plásticas que exploram a antítese, isso porque ela permite trabalhar o contraste e destacar determinados elementos que compõem um trabalho.