A metáfora é uma figura de linguagem, classificada como figura de palavra (ou, ainda, semântica). Consiste em fazer uma comparação implícita entre termos ou ideias.
Um exemplo bastante simples do uso dessa figura de linguagem pode ser visto na frase a seguir:
Na construção acima, Maria é comparada a uma flor. Além de perceber que essa comparação entre os dois seres (Maria e flor) existe, é necessário destacar o modo como essa comparação é construída no texto: não há uma palavra que mostre a comparação, ela é construída somente a partir do verbo, que liga os seres envolvidos.
Por esse motivo, a metáfora é considerada uma comparação implícita, pois não há um termo que explicite essa relação estabelecida.
A seguir, veja duas construções que mostram a diferença entre uma frase que apresenta metáfora (isto é, uma comparação implícita) e uma frase em que a comparação está explícita.
Como já discutido antes, a primeira frase apresenta uma comparação implícita, ou seja, há o uso da metáfora, uma figura de linguagem.
A segunda frase, no entanto, embora apresente a mesma relação de comparação que a primeira, é formada por um elemento a mais: o termo “como”. É essa palavra que vai explicitar a relação comparativa que é feita entre os dois elementos (Maria e flor, no caso). Por isso, dizemos que na segunda frase tem-se uma comparação, mas não uma metáfora.
A metáfora, por ser uma figura de linguagem, é encontrada, de forma muito comum, em textos literários, em que a linguagem conotativa predomina.
Vale lembrar a diferença entre linguagem conotativa e denotativa. A linguagem conotativa é a linguagem que apresenta sentido figurado, ou seja, que está ligada a novos significados para uma mesma palavra.
Já a linguagem denotativa é aquela que está ligada ao sentido literal de um termo, ou seja, ao significado que consta nos dicionários, por exemplo.
Além dos textos literários e demais textos de caráter artístico, como músicas, por exemplo, a metáfora também pode ser utilizada em propagandas e publicidades.
Veja, abaixo, um exemplo de texto literário em que a metáfora foi utilizada como recurso de construção do texto:
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Perceba que, nas estrofes do poema de Camões, pode-se estabelecer uma série de definições para o amor. Todas essas definições, no entanto, estão baseadas em comparações implícitas, ou seja, em metáforas.
Veja, agora, mais um exemplo de texto em que a metáfora é utilizada. Dessa vez, trata-se da letra de uma música do brasileiro Cartola. Leia o trecho a seguir:
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Com a frase “o mundo é um moinho”, o eu lírico da canção está estabelecendo uma comparação entre dois elementos (primeiro, o mundo; depois, o moinho). Como não há um conectivo que evidencie essa relação, trata-se de uma metáfora.
Além dos exemplos citados, a metáfora pode aparecer em outros tipos de texto, como charges, cartuns, história em quadrinhos etc.
É importante ressaltar, também, que é possível construir um sentido metafórico utilizando, também, figuras e ilustrações, desde que elas construam a mesma ideia de comparação implícita que é a característica principal da metáfora.
BECHARA, Evanildo. Gramática Fácil da Língua Portuguesa – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
TERRA, Ernani. Minigramática.São Paulo: Scipione, 2007.
Leia o texto para responder a questão.
Metáfora
(Gilberto Gil)
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
(Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009)
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é: