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Variação Linguística

Português - Manual do Enem
Caroline Fazio Publicado por Caroline Fazio
 -  Última atualização: 27/9/2022

Introdução

As línguas humanas são constituídas de uma multiplicidade de formas de falar, e a essas diferenças damos o nome de variedade ou variação linguística. Dessa maneira, a língua é considerada como um conjunto de variedades, sendo ela heterogênea em sua composição.

Ao considerarmos a língua portuguesa, por exemplo, podemos observar suas variações desde uma perspectiva mais ampla, comparando com o português falado em outros países; até uma mais estrita, se analisarmos o tipo de fala de cada região do Brasil, ou até mesmo a individualidade de cada falante. 

Desde a Antiguidade, a variação linguística já era um objeto de estudo, porém, nesse momento, ela era vista como algo negativo, pois interferia no intento dos gramáticos de homogeneizar a língua, a fim de um maior controle sócio-territorial. Atualmente, a variação linguística é vista e estudada de outra perspectiva, considerando sua lógica gramatical e todos os fatores que contribuem para a sua manifestação.

Índice

Fatores que contribuem para a variação linguística

Levando em consideração as informações que explicam o que é a variação linguística, agora, devemos conhecer quais são os elementos que fazem com que a língua seja heterogênea e, por consequência, tenha suas variações. 

No Brasil, a língua portuguesa sofreu a influência das línguas de diversos outros povos (indígenas, africanos, europeus etc.) desde o seu achamento. Para além disso, devemos ter em conta que as suas mudanças, bem como os empréstimos de vocábulos, os novos termos, entre outros fatores, estão sempre presentes na nossa língua, fazendo com que ela se mantenha viva e em constante transformação.

Para as linguistas Mussalin e Bentes, as variedades linguísticas podem ser descritas a partir de dois parâmetros principais - a variação geográfica ou diatópica e a variação social ou diastrática. Sendo a geográfica relacionada às diferenças que ocorrem entre falantes de espaços físicos distintos (região Norte, Sul, Nordeste etc.); e a social associada aos aspectos socioculturais (classe social, idade, gênero etc.), bem como a identidade de cada falante. 

Porém, existem outros parâmetros que analisam e explicam as variantes que ocorrem na língua. Vejamos a seguir. 

Tipos de variação linguística

  • Variação histórica: se relaciona com as mudanças históricas e, por consequência, os novos usos e termos em desuso que sucederam a partir desses contextos. Essa variação pode ser observada ao lermos textos de outros séculos, por exemplo. 
  • Variação situacional ou diafásica: relacionam-se com o contexto de fala. Geralmente, falamos de diferentes maneiras a depender da situação em que estamos. Em um grupo de amigos, por exemplo, a fala tende a ser mais informal (uso de gírias, abreviações etc); já em uma entrevista de emprego, busca-se uma variante mais formal. 
  • Variação geográfica ou diatópica: como já mencionada, se relaciona às regiões e diferenças de falas entre elas, que podem ser chamadas de regionalismo. A exemplo disso, podemos observar uma mesma fruta ser nomeada de várias maneiras diferentes, dependendo da região: ponkan, mexerica, bergamota etc.
  • Variação social ou diastrática: como já explicitada, relaciona-se a fatores socioculturais do falante. Podemos observar essa variação, por exemplo, no termo “inflamações no trato respiratório” (mais específico, termo médico)  e “dor de garganta” (mais comum, termo genérico).

Preconceito linguístico

Já compreendemos que as variações linguísticas são fenômenos que fazem parte de qualquer língua, sendo uma marca que diferencia falantes a partir de vários aspectos como a região, a idade, o gênero, a classe social, e outros. Assim sendo, não existe uma variante da língua que seja errada, justamente porque ela possui uma lógica gramatical que a faz funcionar e ser usada.

A norma culta também é uma variação linguística, apesar de ainda ser erroneamente considerada, por parte de algumas pessoas, como a forma “correta” da língua portuguesa em detrimento das outras, gerando o que podemos chamar de preconceito linguístico.

Esse equívoco acontece justamente porque a norma culta é bastante difundida em ambientes acadêmico-escolares, sendo ela um registro mais formal e que está relacionado ao uso das normas gramaticais. É importante que ela seja ensinada justamente para que o falante reconheça que a língua possui variantes e que, dependendo do contexto (formal, informal), ele pode alternar nos seus usos para uma melhor relação entre os grupos.

O preconceito linguístico, porém, pode ser explicitado nas diversas variações que vimos, sendo ele a expressão da não compreensão da composição da língua e seus determinantes.

Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM/2014

Óia eu aqui de novo

Óia eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo para xaxar

Vou mostrar pr’esses cabras

Que eu ainda dou no couro

Isso é um desaforo

Que eu não posso levar

Que eu aqui de novo cantando

Que eu aqui de novo xaxando

Óia eu aqui de novo mostrando

Como se deve xaxar

Vem cá morena linda

Vestida de chita

Você é a mais bonita

Desse meu lugar

Vai, chama Maria, chama Luzia

Vai, chama Zabé, chama Raquel

Diz que eu tou aqui com alegria

(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www. luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento))

A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:

A “Isso é um desaforo”
B “Diz que eu tou aqui com alegria”
C “Vou mostrar pr’esses cabras”
D “Vai, chama Maria, chama Luzia”
E “Vem cá morena linda, vestida de chita”
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