O Instituto Paulo Montenegro, responsável pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), classifica a alfabetização em dois grandes grupos: o de analfabetos funcionais e os de indivíduos funcionalmente alfabetizados. O grupo de analfabetos funcionais divide-se entre os analfabetos e os rudimentares.
O grupo dos analfabetos é formado por indivíduos que não conseguem realizar atividades simples que envolvam a leitura de palavras e frases curtas. No grupo rudimentar estão aqueles que conseguem captar informações explícitas em textos curtos como bilhetes e breves anotações, ler números simples e usuais e realizar operações matemáticas simples, como organizar a quantidade de dinheiro necessário para o pagamento de contas.
Em meio aos funcionalmente alfabetizados, há três grupos: o elementar, o intermediário e o proficiente. No grupo elementar estão os indivíduos que já leem e compreendem textos de tamanho médio e localizam e interpretam algumas informações. No campo da matemática, os elementares resolvem problemas que contenham sequências, gráficos e tabelas simples. O grupo dos elementares apresenta dificuldade na resolução de problemas para os quais são necessárias mais resoluções e etapas.
Dentre os intermediários estão os indivíduos que localizam informações em diversos tipos e tamanhos de textos, além de conseguirem interpretar e elaborar sínteses e explicações sobre o que foi lido. Resolvem problemas matemáticos que envolvam porcentagem, proporções e que necessitem de diversas e diferentes etapas de resolução para encontrar o resultado final.
Por fim, há o grupo dos proficientes, no qual estão os indivíduos que leem textos complexos, fazem análises das partes do texto com conhecimentos cotidianos ou de maior especificidade, comparam informações vindas de diferentes fontes, distinguem os diferentes tipos de texto e formas de escrita, bem como conseguem diferenciar fatos de opiniões. Em matemática, os proficientes conseguem interpretar gráficos e tabelas com duas ou mais variáveis, compreendem escalas e projeções.
Lousa com problemas de matemática.
O número de analfabetos funcionais no Brasil
Os dados divulgados pelo Inaf em 2018, coletados entre os meses de fevereiro e abril do mesmo ano, mostram que o grupo dos analfabetos funcionais corresponde a 29% da população brasileira.
Dentro dessa porcentagem, 8% são analfabetos, ou seja, indivíduos que não conseguem realizar atividades que envolvam ler ou escrever palavras e frases curtas nem operações matemáticas simples. 12% dos analfabetos funcionais fazem parte do grupo dos rudimentares, ou seja, já leem textos simples, captam informações explícitas e conseguem fazer cálculos matemáticos mais simples.
O grupo dos funcionalmente alfabetizados corresponde a 71% da população e dividem-se em:
- 34% de elementares;
- 25% de intermediários;
- 12% de proficientes.
De 2001 a 2018 o número de analfabetos funcionais caiu de 39% para 29%. Neste mesmo grupo, o número de analfabetos foi de 12% para 8%, o que representa uma importante queda.
O número dos funcionalmente alfabetizados foi de 61% para 71%, no entanto, o grupo dos elementares saltou de 28% para 34% e o de intermediários de 20% para 25%. O número de proficientes se manteve em 12%.
Uma breve análise dos dados mostra que, embora o número de indivíduos completamente analfabetos tenha diminuído, a parcela da população que ainda enfrenta dificuldades no compreensão de textos e na resolução de problemas matemáticos ainda está em número considerável.
A diminuição no número de analfabetos mostra alguns avanços na tentativa de erradicar o analfabetismo no país, no entanto, ainda é preciso que a qualidade do ensino, como um todo, apresente avanços, uma vez que o número de funcionalmente alfabetizados elementares , principalmente na faixa dos 15 aos 65 anos, aumentou consideravelmente, como mostram os dados acima apresentados e divulgados pela Inaf em 2018, o número dos funcionalmente alfabetizados elementares foi de 28% para 34%. Os dados indicam que, a quantidade de analfabetos caiu de 39% para 29%, no entanto, o número de pessoas que já leem e compreendem textos de tamanho médio e localizam e interpretam algumas informações, os chamados pelo Inap de funcionalmente alfabetizados da categoria elementar teve crescimento.
O crescimento aponta que parte dos indivíduos chega ao ensino médio e, até mesmo, ao ensino superior com acúmulo de defasagens e dificuldades educacionais. O investimento em educação de qualidade pode ser uma forma de, no futuro, o país diminuir os índices de analfabetismo funcional.