Carolina alimentava um diário, no qual, além de escrever sobre acontecimentos do seu dia a dia, fazia análises políticas e críticas sociais. Eram reflexões poderosas sobre desigualdade e racismo.
Carolina de Jesus sonhava em sair da favela - lugar que ela chamava de “quarto de despejo” - e tinha consigo que conseguiria fazê-lo através de seus escritos, que, um dia, seriam publicados.
Foi em 1958 que Audálio Dantas, jornalista da Folha da Noite, seria encarregado de realizar uma reportagem sobre a favela do Canindé. Chegando lá e, ao explorar o lugar, presenciou uma discussão: Carolina e seus vizinhos discutiam, e ela os ameaçou de colocá-los em seu livro caso continuassem a importuná-la.
Audálio ficou bastante interessado em saber que livro era esse. Ao descobrir o material que Carolina de Jesus tinha produzido, o jornalista foi imediatamente em busca de formas de publicá-lo.
O livro de Carolina, intitulado “Quarto de Despejo: o Diário de uma Favelada”, foi publicado em 1960, tornando-se um sucesso editorial. Foi traduzido para 13 línguas.
Com o sucesso de vendas (o qual dividiu com Audálio), Carolina de Jesus mudou-se da favela do Canindé para uma casa de tijolos, no Alto de Santana. Recebeu homenagens da Academia Paulista de Letras.
No entanto, Carolina enfrentou muito preconceito no meio intelectual. Muitos escritores, jornalistas e críticos literários não aceitavam que aquela mulher negra e ex-favelada fosse uma escritora reconhecida.
Carolina de Jesus, no entanto, resistiu ao preconceito e continuou escrevendo.