A ciência é uma palavra que vem do latim Scientia que pode ser traduzida como conhecimento ou sabedoria, derivado do verbo scire (saber), e pode se referir a conceitos diferentes do saber. Por isso, seu significado pode ser complexo de entender.
Ciência refere-se a qualquer conhecimento, teoria ou lei (do ponto de vista natural) obtidos através de análises e práticas sistemáticos.
Em outras palavras, ciência é o conjunto de conhecimentos e saberes empíricos, teóricos e práticos adquiridos através do método científico, um conjunto de práticas experimentais sistematizado.
Largamente, a ciência pode ser definida como:
Dentro do campo científico, a ciência pode obter diferentes vertentes ou abordagens. No campo das ciências naturais, o conhecimento científico é obtido com base em métodos de observação, dedução e análise em cima de uma hipótese, nunca utilizando a opinião pessoal do cientista como critério.
No campo das ciências exatas e matemáticas, o conhecimento é obtido em cima de resultados precisos adquiridos com base em cálculos que não se alteram de uma cultura para outra, também não levando em consideração a opinião pessoal do cientista.
Já nas ciências sociais, como a filosofia, embora se submeta também a sistemática do método científico, a opinião de uma sociedade e do cientista, o qual faz parte dessa sociedade, pode ser utilizada como uma das ferramentas de abordagem dependendo do conhecimento que se deseja obter.
Dessa forma, é importante destacar o papel da ciência na história em se contrapor aos dogmas, muitas vezes religiosos, que tinham como característica a crença pela opinião, sem análises científicas para apurar a veracidade ou a coerência das informações.
O desenvolvimento da ciência acompanha o desenvolvimento da história da sociedade como se conhece. Portanto, os saberes científicos podem se dividir da mesma forma que se divide a história.
Durante as civilizações antigas, a ciência ainda era passada de geração em geração por meio da fala e, posteriormente, por meio da escrita, mas ainda carecia de métodos sistematizados para a comprovação de estudos.
Em muitas civilizações como no Egito Antigo, a ciência andava de mãos dadas com a religião, sendo os sacerdotes dos faraós e deuses os detentores de conhecimento científico no campo da saúde, agricultura, natureza, tecnologia etc.
Foi na Grécia Antiga, considerada o berço do pensamento científico, que a ciência começou a se separar da religião. Foi ainda com os gregos que o método científico começou a ser sistematizado.
Sócrates, Aristóteles e Platão são exemplos de pensadores que desenvolveram conhecimento no campo da ciência. Em outros locais do mundo como na China, Oriente Médio, onde foi dada mais importância ao método científico que na Grécia, e Índia, a ciência também se desenvolvia paralelamente ao pensamento científico do ocidente.
Na China, estudos da pólvora permitiram a invasão do Japão pelos Mongóis em 1281.
Na Idade Média, a ciência, por ter se separado parcialmente do pensamento religioso na era antiga, foi duramente criticada, com muitos cientistas presos pela Igreja, que possuía grande poder político na época.
Ainda assim, conhecimentos científicos foram desenvolvidos na época medieval sempre em parceria com a Igreja Católica. O renascimento também foi marcado por duras críticas à ciência, embora esta passou a ter mais autonomia nos seus estudos.
A Ciência moderna se iniciou com os pensamentos e estudos de Galileu Galilei, desenvolvendo o método científico que ainda é utilizado como base nos estudos científicos atuais.
A partir de Galileu, a ciência passou a buscar a função das coisas, não se dedicando exclusivamente na essência ou na substância das coisas como era a ciência antiga ou medieval.
Galileu acreditava que todo o conhecimento só poderia ser obtido com base em análises devidamente sistematizadas e não levando em conta o sentido literal das palavras. Esse pensamento provocou a ira da igreja católica na época.
Do século XVI ao século XIX, iniciou-se o processo conhecido como Revolução Científica, onde a ciência tornou-se algo profissional, institucional e rentável.
Durante o século XX até o século atual, a ciência se desenvolveu e se desmembrou em várias vertentes, os cientistas agora podem ser especialistas em um determinado ramo da ciência (natural, matemática, filosófica, social, etc).
O próprio método científico se desenvolveu para facilitar o conhecimento científico. Karl Popper, importante filósofo científico do século XX, propôs o estabelecimento de uma hipótese durante as etapas do método científico, tornando-o hipotético e provisório.
Para se chegar a uma conclusão ou postulação de uma lei ou de um conhecimento dentro da ciência, um conjunto de procedimentos, estes chamados de Método Científico, deve ser empregado.
O método científico é então o passo-a-passo que se deve seguir a fim de comprovar uma lei ou estudo e Conhecimento Científico é a lógica de pensamento utilizada que se permite debater, concluir ou chegar a uma determinada afirmação. Ao longo da história da Ciência, várias metodologias científicas foram postuladas para auxiliar nas comprovações dos estudos científicos:
O método científico contemporâneo é um processo contínuo de verificação da veracidade de uma idéia ou proposta submetida a uma realidade observada até o momento e segue uma ordem de sete etapas:
Descrição de um fenômeno através de sua quantificação e medição, geralmente sendo necessário o uso de equipamentos científico quando utilizado na ciências naturais.
É o item de maior importância daquilo que se deseja estudar. É através da determinação do problema que se elabora testes e metodologias.
Também chamado de Revisão Bibliográfica, essa etapa visa levantar informações pertinentes ao assunto que se está estudando: se essa é a dúvida de outros pesquisadores, se já foi sanada, se tem estudos levantando outra problemática etc
É a explicação dedutiva ou indutiva de determinado problema. É uma suposição ou um conjunto de suposições que precisam ser provadas ou refutadas ao longo do estudo. As hipóteses precisa ser testadas, ou seja, submetidas a experimentos controlados e descritivos que comprovem a sua veracidade. Uma hipótese falsa é descartada e uma hipótese verdadeira pode ser utilizada para comprovar uma nova lei ou estudo.
Experimentos controlados que irão comprovar se a hipótese é verdadeira ou falsa. Durante o teste são empregados amostras “controle” para servir como um padrão de comparação e o grupo experimental.
Etapa de verificação se a hipótese é verdadeira ou falsa através da análise dos testes de hipótese.
As observações da(s) hipótese(ses) levantada(s), permitindo uma constatação. Lembrando que uma teoria pode ser refutada posteriormente através do emprego de outras hipóteses ou testes.
Sendo a ciência, segundo Michel Blay, "o conhecimento claro e evidente de algo, fundado quer sobre princípios evidentes e demonstrações, quer sobre raciocínios experimentais, ou ainda sobre a análise das sociedades e dos fatos humanos". Esta definição permite distinguir três tipos de ciência:
Atualmente, com a necessidade de se separar em vertentes os estudos acadêmicos, surgiram três novas vertentes da ciência:
É importante ressaltar que geralmente o método científico não caminha apenas em uma dessas vertentes. Muitas vezes é necessário um conhecimento de outra vertente para explicar um conhecimento específico.
Por exemplo, às vezes é necessário ter conhecimentos em estatística para explicar um fenômeno social ou é necessário um prévio conhecimento em biologia para se estudar alguns assuntos exatos. Assim surgiram áreas de convergência dessas vertentes, como a biofísica, a bioquímica, genética de população etc.
“Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar.”
GALILEI, G. Carta a Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009. (adaptado)
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A declaração de Galileu defende que