A característica principal que finaliza o evento de especiação é a evolução de diferentes genéticas de tal forma que o acasalamento entre as linhagens formadas passa a não ocorrer, não gerar descendentes ou não gerar prole fértil em condições normais.
Os eventos de especiação podem ser classificados quanto ao lugar ocupado pela espécie inicial dentro de um ecossistema, assim como as alterações ambientais que culminaram no evento.
Comparação dos diferentes tipos de especiação.
Especiação Alopátrica
Especiação mais comum e que ocorre devido a isolamento geográfico. Nesse caso, a espécie inicial se divide em duas populações devido, principalmente, à alterações ambientais como mudança de cursos de rios ou formação de cadeias montanhosas.
As duas linhagens, uma vez separadas, podem povoar agora locais com condições ambientais (clima, umidade do ar, alimento, etc.) diferentes e, estando sujeitas aos processos de seleção natural, podem apresentar alterações genotípicas (no genoma) ou fenotípicas (de expressão e características) populacionais.
Além das alterações sujeitas a seleção natural, mudanças genéticas podem ocorrer ao acaso, como na Deriva Genética, quando ocorrem mudanças nas frequências alélicas em um dado cromossomo. Dessa forma, as duas linhagens separadas acabam se adaptando aos diferentes ambientes e, mesmo que voltem a ocupar o mesmo habitat, não conseguem se relacionar para gerar descendentes.
Um exemplo clássico do início do processo de especiação alopátrica foi observado por Darwin em Galápagos ao estudar os Tentilhões. Essas aves mostravam diferenças quanto ao formato do bico para captura de alimento e estavam isoladas umas das outras em ilhas diferentes. Darwin analisou que as aves, embora apresentassem essas diferenças, ainda faziam parte da mesma espécie, mas esse exemplo mostra o início do evento de especiação.
Tentilhões observados por Darwin com seus diferentes bicos.
Dentro desse tipo de especiação está um subgrupo específico chamado de “Efeito Fundador” ou Peripátrica. Nesse tipo de especiação alopátrica, um pequeno grupo se separa do restante da população por migração, por exemplo. Nesse caso, como é um grupo pequeno, geralmente ocorre a extinção. Mas caso o grupo consiga se estabelecer, os efeitos de deriva genética ocorrem mais rapidamente e a especiação também.
Especiação Parapátrica
Ocorre quando não há separação geográfica em uma população. Nesse caso, o evento de especiação está relacionado com a diminuição do fluxo gênico. Mesmo não havendo uma barreira separando duas linhagens, a população não cruza aleatoriamente. Por exemplo, em uma espécie que ocupa uma grande área territorial, o acasalamento ocorre entre indivíduos mais próximos e com isso o fluxo gênico diminui, pois não há uma transferência de genes em toda a população, mas sim em grupos próximos.
Um exemplo de especiação parapátrica é observado em gramíneas Anthoxanthum odoratum. Algumas linhagens dessa gramínea viviam em um solo contaminado com metais pesados. Essas plantas foram selecionadas naturalmente para os genótipos de tolerância ao metal pesado enquanto que as linhagens da gramínea que não estava em contato com o solo contaminado não foram submetidas à seleção para essa condição.
Anthoxanthum odoratum.
Especiação Simpátrica
Esse tipo de especiação não ocorre devido a isolamento geográfico ou espécie povoando uma grande faixa territorial a ponto de diminuir o fluxo gênico. Tanto é que alguns pesquisadores questionam a frequência com que esse tipo de especiação ocorre.
A especiação simpátrica ocorre quando grupos dentro de uma população exploram um novo nicho ecológico. Isso pode ocorrer, por exemplo, em parasitas que experimentam um novo hospedeiro ou em herbívoros que podem passar a se alimentar e procurar uma nova planta para lhes abrigar (se for herbívoros de pequeno porte como insetos, por exemplo).
Um exemplo desse tipo de especiação ocorreu com os ancestrais da mosca da fruta: a mosca ancestral depositava seus ovos em espinheiros (plantas nativas da América) e em macieiras domésticas (introduzidas na américa). As fêmeas geralmente procuram depositar seus ovos na espécie de árvore que cresceu (espinheiros ou macieiras) e os machos tendem a procurar as fêmeas para acasalar também nas árvores em que cresceram. Dessa forma, moscas que cresceram em espinheiro tendem a se acasalar com outras moscas de espinheiro e o mesmo ocorreu com as moscas que cresceram em macieiras diminuindo assim o fluxo gênico nessa população.
Mosca da Fruta.