O filósofo David Hume nasceu em 1711, em Edimburgo, Escócia. Filho de uma tradicional e rica família, desde muito cedo dedicou-se aos estudos, com foco na Filosofia e nas Letras na Universidade de Edimburgo.
Embora seja conhecido também por seus ensaios e obras históricas, Hume é reconhecido por seus escritos filosóficos, principalmente aqueles dedicados ao empirismo e aos fundamentos do conhecimento humano.
David Hume é autor da obra “Tratado da Natureza Humana”, publicada entre 1739 e 1740. No livro, Hume aproxima o raciocínio experimental dos temas e assuntos filosóficos. No entanto, a obra não teve grande aceitação entre os pensadores da época.
Em 1748, Hume publica um resumo de seu “Tratado”, intitulado “Investigações sobre o entendimento Humano”. De maneira objetiva e mais clara, o filósofo apresenta toda sua teoria filosófica.
Hume é conhecido por seu ceticismo e empirismo extremos. O filósofo questionava até fatos e elementos que pareciam já ter sido esclarecidos pela ciência e pela filosofia. Com os diversos questionamentos e dúvidas, Hume buscava descobrir as origens e construções das crenças humanas e não apenas a superficialidade da existência de fatos e elementos.
Defensor do empirismo, o escocês afirma que todo processo de entendimento inicia-se com impressões. Não seria possível desvincular o pensamento das sensações. O autor define que as sensações são as únicas capazes de serem comprovadas. A percepção a partir das nossas sensações é a única realidade que os seres humanos são capazes de conhecer.
Hume discorda da tradição científico filosófica ao questionar o princípio da causalidade. O princípio define a relação entre eventos, de forma que um é a causa e o outro o evento dessa mesma causa. De acordo com Hume, a filosofia não deveria tentar entender a relação entre causa e efeito e nem a eficiência desse conceito na vida humana, mas sim a força que o conceito exerce no cotidiano e na sociedade.
Para entender o conhecimento adquirido pelos indivíduos, Hume define que podemos entender o mundo de duas maneiras: através das impressões ou através das ideias.
As ideias podem ser divididas em simples e complexas.
Para Hume, a imaginação manipula ideias simples e gera ideias complexas. A junção de um cavalo e um pássaro, alimentam a imaginação e transformam as duas figuras em um cavalo alado, resultado da imaginação. Segundo o filósofo, ideias simples e complexas podem se mesclar, formando uma terceira ideia ainda mais complexa, como um cavalo alado colorido.
A partir dos conceitos de impressões e ideias, Hume formula a ideia do Princípio da Cópia, que define que todas as ideias são de alguma forma, cópia das impressões. Não é possível formular cópias sem que haja sensações e impressões. Os indivíduos nunca poderão produzir cópia de impressões que nunca tiveram.
No desenvolvimento de todas as suas obras filosóficas, Hume defende o empirismo como forma de se atingir o conhecimento. O conceito de empirismo foi definido pela primeira vez em 1690, por John Locke, filósofo que foi grande influenciador das obras de Hume.
Os empiristas creem que as experiências e sensações humanas são as únicas capazes e responsáveis pela formação de ideias. A razão, por sua vez, é responsável pela organização dos conhecimentos obtidos a partir das sensações.
Para que o indivíduo atinja o conhecimento é preciso que primeiro, passe por experiências sensoriais. Posteriormente, o pensador deve submeter o objeto a diversas análises, testes, experiências e observações para garantir ou não a veracidade daquilo que pesquisa.Por fim, os resultados e conhecimentos obtidos a partir das experiências, observações e testes são organizados são organizados.
Para Hume, os conceitos do empirismo servem para a construção do princípio da causalidade. De acordo com ele, os eventos não seguem uma relação de causa e consequência. O filósofo não reconhece a existência de conexões causais entre os fatos.
A organização dos fatos é temporal e a partir dessa temporalidade é que ela deve ser analisada. De acordo com essa quebra de uma visão filosófica histórica, Hume reforça a ideia da necessidade de toda evidência ser empírica, ser, portanto, ligada às sensações.
Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.
(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995)
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que