Jean Jacques Rousseau nasceu em 28 de julho de 1712 em Genebra, Suíça. Considerado um dos nomes mais importantes do pensamento iluminista francês, o autor dedicou-se a produção de obras filosóficas, políticas, pedagógicas e filosóficas.
Os escritos políticos, sociais e filosóficos do suíço serviram de inspiração para a Revolução Francesa de 1789. Durante o tempo que viveu na França, Rousseau foi convidado por Diderot para escrever alguns verbetes da enciclopédia que estava sendo organizada juntamente com D’Alembert.
A filosofia rousseauniana tem como ponto de partida a condição de bondade do homem. O homem para Rousseau é um ser naturalmente bom, puro, honesto. No entanto, a sociedade em que esse homem vive é responsável por corrompê-lo, transformando-o assim em um homem mau, socialmente predisposto a cometer atos maldosos e intencionalmente ruins.
É por conta do convívio social que o homem, para Rousseau, torna-se mau, mesquinho e egoísta. De acordo com o filósofo, a desigualdade social é um dos principais motivos pelos quais a sociedade é capaz de corromper o homem.
As diferenças sociais fomentam a ganância e a busca por melhores condições de vida, posse de terras e bens, o que estimula as práticas egoístas entre os homens, que passam a pensar na própria felicidade e bem estar, deixando de lado o coletivo, as ações sociais pensando no bem comum.
Rousseau aponta que também o ciúmes e as disputas mesmo que veladas nos relacionamentos, tanto amorosos quanto sociais também tem grande parcela de responsabilidade na transformação do homem.
O homem ainda não corrompido socialmente é idealizado por Rousseau na figura do homem natural, o homem primitivo. Historicamente, ao viver em um sistema tribal, o homem primitivo desenvolve sentimentos de compaixão e solidariedade.
A vida tribal para Rousseau é responsável pelo noção de prosperidade do todo. Com o surgimento da propriedade privada, o homem torna-se violento e perigoso, defende e deseja a prosperidade apenas do que é seu e não mais de toda tribo.
Ao se deparar com confrontos morais e imperfeições sociais, o homem sai da condição natural e passa a pertencer à categoria de homem selvagem, por fim, o homem atinge a categoria de civilizado, momento no qual descarta os princípios de moralidade.
A passagem do homem do estado natural para o civilizado acontece com o surgimento da propriedade privada. Para Rousseau a noção de propriedade privada surge com a criação do Estado. No entanto, a civilização é anterior ao Estado e na filosofia rousseauniana, não surgem ao mesmo tempo.
A saída do homem do estado natural para a condição de civilizado implica o rompimento de cada ser com o estado natural. A partir desse rompimento torna-se necessária a existência de um contrato social responsável por reger a soberania e relações de poder entre os homens, que por sua vez, deve ser legítima e atender ao bem comum e a vontade geral.
A autoridade legítima e aceita pelos homens na condição de civilizados é transferida de cada um, individualmente, para o Estado, que passa a ser detentor das liberdades individuais, mas que deve no entanto, prezar pela vontade da maioria.
Para o suíço a força do Estado depende da transferência das liberdades de cada indivíduo. Se cada ser social abre mão de suas liberdades e se submete ao poder do Estado, ninguém se submete unicamente, isso dá aos homens a impressão de igualdade e produz um corpo moral e coletivo forte, gerido por uma única instituição.
O objetivo do Estado passa ser então, o bem comum e para isso, pode utilizar-se dos meios necessários para atingir seu propósito. No estado civil, os homens são considerados iguais perante a justiça, o que possibilita que o Estado de certa forma, devolva as liberdades cedidas pelos homens.
“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
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