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Capitanias Hereditárias

História do Brasil - Manual do Enem
Última atualização: 5/12/2025

Introdução

As capitanias hereditárias foram um modelo de administração e colonização adotado por Portugal no Brasil em 1534, durante o reinado de D. João III.

Suas práticas visavam reduzir custos e acelerar a ocupação do território diante de ameaças estrangeiras e da necessidade de estimular a produção (especialmente açúcar).

Nesse sistema, o rei dividiu o litoral em grandes faixas chamadas capitanias e as concedeu a particulares — os donatários — por meio de Cartas de Doação e Forais, que estabeleciam direitos, deveres e limites.

A experiência teve resultados desiguais. Algumas capitanias prosperaram, como Pernambuco e São Vicente, enquanto outras fracassaram por falta de recursos, conflitos com povos indígenas, má gestão e isolamento geográfico.

Diante dessas dificuldades, a Coroa centralizou parte da administração com a criação do Governo-Geral em 1548 e a fundação de Salvador em 1549, sem extinguir de imediato as capitanias, mas reduzindo sua autonomia.

1024px Capitanias Hereditarias

Em resumo:

  • Entender as capitanias ajuda a explicar a formação inicial do Brasil colonial, a expansão da economia açucareira, o uso de mão de obra (indígena e, depois, africana escravizada) e a progressiva centralização do poder pela metrópole.

Pontos importantes

  • Criadas em 1534 para ocupar, defender e produzir no litoral brasileiro.
  • Donatário tinha poderes amplos, mas sob forais e obrigações à Coroa.
  • Sucessos pontuais (Pernambuco, São Vicente) e muitos fracassos iniciais.
  • Açúcar impulsionou engenhos, sesmarias e mão de obra escravizada.
  • Governo-Geral (1548–1549) centralizou e profissionalizou a administração.

Índice

Contexto e objetivos do sistema

A adoção das capitanias no Brasil aconteceu em um contexto de expansão ultramarina portuguesa, quando a Coroa buscava reduzir custos, ocupar o território e defender a posse contra franceses e contrabandistas.

A concessão a particulares transferia o risco da colonização, enquanto a Coroa mantinha a soberania e garantia parte da receita por tributos e monopólios.

O projeto também mirava a produção de riqueza, especialmente com a cana-de-açúcar, produto já testado com êxito em ilhas atlânticas portuguesas.

O litoral brasileiro oferecia clima, solos e rota marítima favoráveis. O sistema, porém, dependia de capital privado, redes de comércio, mão de obra e paz local — condições que variaram muito entre as capitanias

Expansão portuguesa e riscos percebidos

Portugal precisava assegurar a costa e estimular povoamento rápido, pois a presença francesa (intercâmbio de pau-brasil e alianças locais) ameaçava a posse portuguesa.

A Carta de 1534 fragmentou a faixa litorânea em longas tiras, refletindo o foco na navegação e no escoamento de produtos.

Custos, defesa e incentivos

Ao conceder jurisdição ao donatário, a Coroa evitava financiar diretamente fortificações, povoamento e justiça. Em troca, exigia defesa do território, fundação de vilas e pagamento de tributos.

Incentivos como posse hereditária, cobrança de dízimos e direito de doação de sesmarias buscavam atrair investidores e povoadores.

Colonização e produção

A cana-de-açúcar tornou-se a âncora econômica, integrando agricultura, manufatura (engenho) e comércio atlântico.

A escassez de mão de obra e os conflitos levaram, progressivamente, à escravização indígena (com resistência) e, depois, à importação de africanos via tráfico negreiro.

Como era a estrutura administrativa

A arquitetura das capitanias combinava propriedade, jurisdição e obrigações. O donatário não era “dono absoluto” do território: atuava como agente delegado da Coroa, com poderes definidos em documentos oficiais.

Donatário: poderes e limitações

O donatário podia fundar vilas, nomear oficiais locais, conceder sesmarias, administrar justiça menor e arrecadar tributos.

Não podia contrariar a lei régia, usurpar monopólios da Coroa (como certos direitos sobre metais preciosos) nem alienar a capitania como reino independente.

Foral e Carta de Doação

O Foral e a Carta de Doação fixavam os direitos da Coroa, os deveres do donatário e os tributos (como o dízimo e a dízima).

Esses textos funcionavam como um “contrato” público, consultável em acervos documentais. 

Sesmarias: distribuição de terras

As sesmarias eram porções de terra doadas para cultivo produtivo. O beneficiário tinha prazos e condições (abrir roças, instalar engenhos, povoar).

O descumprimento podia levar à revogação. A prática moldou a estrutura fundiária colonial, favorecendo grandes propriedades.

Limites, justiça e religião

Os limites das capitanias eram definidos em léguas ao longo da costa, avançando para o interior (o que gerou sobreposições e dúvidas).

A justiça local coexistia com autoridades eclesiásticas, ordens religiosas e, mais tarde, com ouvidores do Governo-Geral.

Capitanias Hereditárias

Principais capitanias: trajetórias e resultados

O desempenho variou conforme capital, liderança, logística e relações locais.

Pernambuco (Duarte Coelho) e São Vicente tiveram resultados relativamente positivos; outras, como Porto Seguro e parte da Bahia/Ilhéus, patinaram com conflitos, isolamento e falta de recursos. 

Pernambuco (sucesso açucareiro)

A liderança de Duarte Coelho articulou sesmarias produtivas, engenhos e alianças comerciais.

A capitania se tornou pólo açucareiro, com vilas, fortificações e rotas regulares para Europa e África.

São Vicente (continuidade e interiorização)

Em São Vicente, apesar de dificuldades iniciais, houve continuidade demográfica, abertura de caminhos para o interior e montagem de lavouras.

Ao longo do tempo, o eixo se deslocou para novas vilas e áreas serranas, sustentando a colonização do Sudeste.

Bahia/Ilhéus e Porto Seguro (dificuldades)

Conflitos com povos indígenas, ataques e falta de capitais travaram a prosperidade.

A região, porém, ganhou centralidade política com a instalação do Governo-Geral em Salvador (1549), fortalecendo a Bahia como sede administrativa.

Trabalho, economia açucareira e a metrópole

A economia açucareira exigia terra, capital, engenhos e mão de obra em grande escala. As tentativas de utilizar mão de obra indígena esbarraram em resistência, legislações protetivas intermitentes e nas guerras de conquista.

A partir do século XVI, consolidou-se o recurso à escravidão africana, integrado ao comércio atlântico controlado por redes luso-europeias.

A metrópole estruturou tributação (como dízimos), monopólios e regulação do comércio externo. O açúcar articulava produção local e financiamento europeu, canalizando lucros e consolidando elites coloniais ligadas aos engenhos.

O padrão reforçou a concentração fundiária e a dependência de portos e rotas marítimas.

Do sistema de capitanias ao Governo-Geral

Em 1548, a Coroa criou o Governo-Geral para enfrentar o fracasso parcial das capitanias e padronizar justiça, defesa e arrecadação.

Em 1549, Tomé de Sousa fundou Salvador, sede do governo, e vieram jesuítas e funcionários régios (ouvidores, provedores) para institucionalizar a administração.

A centralização não extinguiu de imediato as capitanias — muitas seguiram como unidades patrimoniais, porém sob maior supervisão e integração com políticas régias.

O resultado foi uma colonização menos dispersa, com foco em rotas, portos e defesa, e a consolidação de praças e vilas estratégicas.

Erros comuns (e como corrigir)

  • Confundir capitania com província imperial: capitanias são coloniais (século XVI); províncias surgem no Império (século XIX).
  • Achar que donatário era “rei local”: ele tinha poderes delegados, limitados por forais e leis da Coroa.
  • Datar o Governo-Geral errado: a criação é 1548; Salvador fundada em 1549 com Tomé de Sousa.
  • Julgar que todas fracassaram: houve êxitos notáveis, como Pernambuco.
  • Ignorar o papel do açúcar: ele foi eixo econômico e social no século XVI.

Resumo para revisão

  • As capitanias foram criadas em 1534 para ocupar, defender e produzir.
  • O donatário agia sob forais e Cartas de Doação, com poderes limitados.
  • Pernambuco e São Vicente prosperaram; outras fracassaram.
  • O açúcar estruturou a economia e ampliou a escravidão.
  • O Governo-Geral (1548) centralizou práticas e fortaleceu Salvador (1549).
  • O sistema moldou a propriedade da terra e a formação colonial do Brasil.

 

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