O acidente nuclear de Chernobyl, considerado o acidente nuclear com as maiores proporções catastróficas da história, aconteceu na madrugada do dia 26 de abril de 1986, na Usina V. I. Lenin, na cidade de Pripyat, a poucos quilômetros da cidade de Chernobyl (localizada na extinta União Soviética). O acidente foi fator determinante nos rumos da Guerra Fria em curso e para a situação da região. Estima-se que a área ao redor da antiga usina ficará inabitável por pelo menos 20 mil anos.
Com o fim dos conflitos da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética ganharam importância e força política e econômica. Entretanto, defendiam sistemas políticos extremamente distintos: enquanto os EUA despontavam como potência e líder do bloco de países capitalistas, a União Soviética, desde a Revolução Russa em 1917, adotava o sistema socialista. A disputa entre estes dois projetos políticos distintos deu origem à chamada Guerra Fria.
Foi neste contexto que a União Soviética passou a investir intensamente em energia nuclear, instalando quatro reatores de alta potência na usina de energia em Chernobyl, que estava na atual fronteira entre Bielorrússia e Ucrânia.
Acredita-se que o motivo principal do acidente foi falha humana. No dia anterior ao acidente, durante uma manutenção de rotina na Central Nuclear, os operadores não cumpriram devidamente os protocolos de segurança, o que acabou sobrecarregando o reator. Uma sequência de explosões se iniciou na madrugada do dia 25 de abril de 1986, matando dois trabalhadores. Um incêndio no reator 4 se iniciou e permaneceu durante dias, deixando o núcleo do reator exposto e liberando material radioativo na atmosfera.
O vento e as chuvas contribuíram para que altas taxas de radiação se espalhassem por longas distâncias no entorno da usina. As cidades vizinhas só começaram a ser evacuadas 36 horas depois do acidente, o que contribuiu para que o número de mortos e atingidos fosse maior. O governo estimou na época cerca de 15 mil pessoas mortas.
Devido ao momento político tenso da Guerra Fria, a União Soviética demorou alguns dias para finalmente assumir que havia ocorrido um acidente. Na ocasião, a radiação já tinha se espalhado até a Suécia.
Estima-se que 192 toneladas de material radioativo tenham contaminado os arredores da usina de Chernobyl. 60% desse material se concentrou na região da Bielorrussia, mas chegou a atingir Escandinávia, Itália, Dinamarca, Europa Oriental, etc. 28 pessoas morreram nos primeiros dias, dentre elas 6 bombeiros. 220 mil pessoas foram realocadas e 20 mil pessoas receberam diferentes doses de exposição ao material radioativo.
Milhares de pessoas tiveram a saúde afetada, com casos graves de câncer, catarata, cegueira, problemas de circulação do sangue, etc.
Além disso, o acidente contribuiu para reforçar as medidas do então presidente da URSS, Michail Gorbachev, de realizar o desarmamento nuclear da União Soviética. Ao mesmo tempo, o impacto na economia soviética foi tão devastador que, somado a outros fatores externos, levou a uma crise que teve fim com a extinção da União Soviética, o fim da Guerra Fria e o avanço do capitalismo no mundo.
FORUM DE CHERNOBYL. O legado de Chernobyl: Saúde, Meio Ambiente e Impactos Sócio-Econômicos. Recomendações ao Os governos de Belarus, da Federação Russa e da Ucrânia – Viena 2003-2005.
HAWKES. Nigle et al. Chernobyl: o fim do sonho nuclear. São Paulo: José Olympio, 1986.
O acidente nuclear de Chernobyl revela brutalmente os limites dos poderes técnico-científicos da humanidade e as ”marchas-à-ré“ que a ”natureza“ nos pode reservar. É evidente que uma gestão mais coletiva se impõe para orientar as ciências e as técnicas em direção a finalidades mais humanas.
GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1995 (adaptado).
O texto trata do aparato técnico-científico e as suas consequências para a humanidade, propondo que esse desenvolvimento: