O Socialismo pode ser descrito como uma doutrina econômica, política, social e filosófica baseada no princípio da igualdade. Sua origem data da transição do século XVIII para o século XIX e teve como objetivo a criação de um sistema alternativo ao Liberalismo e ao Capitalismo.
Existiram, no decorrer da História, várias vertentes do Socialismo. O que todas têm em comum é a aspiração a uma sociedade sem classes, ou seja, sem diferenças econômicas e sociais entre os indivíduos.
Para entender melhor essa doutrina, é importante conhecer sua trajetória histórica, como veremos a seguir.
O surgimento do Socialismo aconteceu em meio a Revolução Industrial, processo importante da História da Europa, e que gerou diversas modificações profundas em várias esferas sociais.
Nesse momento, surgiu o que chamamos de capitalismo industrial, uma nova fase do sistema capitalista que provocou transformações sociais cruciais. Dentre essas transformações, podemos destacar:
Esse novo cenário intensificou a distância entre dois grupos sociais: a burguesia, detentora dos meios de produção e da riqueza produzida, e a classe operária, que oferecia sua mão-de-obra em troca de baixos salários.
O operariado vivia sob péssimas condições de trabalho - fábricas insalubres e perigosas -, recebiam baixos salários, eram submetidos à muitas horas de jornada de trabalho (chegando a quase 16, 18 horas por dia), não possuíam nenhum respaldo legal para sua atuação, pouquíssimos (ou nenhum) dias de descanso etc. Além disso, era comum o trabalho infantil e as pessoas trabalhavam, literalmente, até os últimos dias de sua vida.
Ou seja, enquanto a burguesia enriquecia com o capitalismo industrial, a maior parte da população vivia em extrema e exponencial miséria. Por isso, alguns intelectuais passaram a refletir sobre sistemas alternativos que fossem solução para esse cenário tão desigual.
Os primeiros intelectuais a formularem a teoria do Socialismo foram Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc e Robert Owen. Sua proposta socialista baseava-se na construção de um novo modelo político-econômico onde os indivíduos, compartilhando dos mesmos interesses, receberiam adequadamente pela sua mão-de-obra. Essa primeira corrente do Socialismo ficou conhecida como socialismo utópico.
Segundo os intelectuais do socialismo utópico - Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc e Robert Owen - o caminho para a transição em direção ao Socialismo se daria de forma gradativa e pacífica, a partir da boa-vontade da classe burguesa.
Inspirados na obra “Utopia”, de Thomas More, esses intelectuais defendiam que as classes burguesas deveriam perceber que melhorar as condições de vida do proletariado era importante para todos e, por isso, através do desenvolvimento científico e tecnológico, os esforços deveriam ser por fazer ascender econômico, social e politicamente as classes mais baixas.
As críticas ao socialismo utópico foram feitas pelos intelectuais Karl Marx e Friederich Engels, teóricos do chamado socialismo científico.
Ambos se afastaram do socialismo utópico por não acreditarem em uma súbita transformação da consciência da classe dominante quanto a seus privilégios e responsabilidades.
Criado no século XIX, o socialismo científico de Marx e Engels é também muito conhecido apenas como Marxismo. Essa teoria defende que a luta de classes é o motor da História, presente em todas as épocas históricas, onde havia sempre a dicotomia entre oprimidos e opressores.
Essa perspectiva que associa a própria História da humanidade à História da luta de classes ficou conhecida como materialismo histórico.
Segundo o Marxismo, o caminho para a dissolução das desigualdades é a total destruição do Capitalismo a partir da revolução do proletariado. Ao chegar ao poder, a classe operária poderia, então, extinguir as classes sociais e acabar com as desigualdades, alcançando, portanto, uma sociedade mais justa e igualitária.
Elaboraram, assim, o chamado Manifesto Comunista, texto que aborda o que seria a transição do Capitalismo para uma sociedade socialista, sob o sistema político e econômico comunista.
No século XX, países como a União Soviética, Cuba e China implementaram o Socialismo como sistema político e econômico. Entretanto, distanciando-se do que era a teoria socialista de Marx e Engels, caminharam para regimes autoritários e violentos, causando o que chama-se de “deturpação semântica” do próprio Socialismo.
Atualmente, um número restrito de países se auto-declaram socialistas. Entretanto, a influência do sistema capitalista é comum entre eles e a adoção dos princípios do Socialismo não é feita, necessariamente, sob as mesmas ordens de igualdade e justiça presentes na teoria de Marx, Engels e dos intelectuais do socialismo utópico.
No Brasil, o Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas em 1937, não passou de um arremedo do regime fascista italiano, adaptado à mentalidade coronelística dos setores dominantes. Antiliberal e antidemocrático, o governo manteve os partidos políticos afastados do centro das decisões políticas. Os sindicatos e as organizações de trabalhadores ficaram atrelados ao Estado, cujo condutor-chefe era o próprio Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”. Ele chegou ao poder nesse contexto de afirmação e conflitos de Estados-nação com ideologias nacionalistas radicais, sobretudo Estados-nação de origem recente, como a Itália e a Alemanha, unificados somente na segunda metade do século XIX. Em tal contexto, redefiniam-se o próprio capitalismo e as democracias liberais, e o “socialismo real” se enraizava na União Soviética. O desfecho tornara-se inevitável: como a opção varguista, estribada no regime ditatorial, voltara-se para as potências do Eixo, as oposições liberal-democratas e de esquerda uniram-se e, em 1945, puseram fim ao Estado Novo.
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008, p. 651.
Assinale a opção correta a respeito de assuntos suscitados pelo texto apresentado.