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Vestibular e Enem

5 poemas que todo vestibulando precisa conhecer

por Adriana Nakamura em 21/03/18 14 mil visualizações

A poesia é um tipo de texto literário muito presente nos vestibulares e no Enem e tem uma linguagem diferente dos textos em prosa. De uma forma geral, a dica para ter um bom desempenho em questões envolvendo poesia é o aluno dominar as fases literárias e entender quem participa de cada movimento, dando foco sempre no autor. 

A fim de celebrar o Dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março, a Revista Quero traz cinco exemplos de poemas que podem cair nos vestibulares e no Enem, tanto em questões de Literatura como nos textos motivadores das propostas de redação. Todos os exemplos acompanham dicas de estudo elaboradas pelo Stoodi e a íntegra dos poemas. Bons estudos!

5 poemas que caem nos vestibulares e Enem

    1. JOSÉ, de Carlos Drummond de Andrade

    Graças ao poema de Drummond de Andrade – um dos mais famosos da literatura brasileira – surgiu a famosa gíria "e agora, José?", utilizada ainda hoje para expressar a indecisão perante as situações difíceis. Publicado pela primeira vez na coletânea Poesias, em 1942, o poema expressa a solidão e o abandono do indivíduo.

    Para entender o contexto histórico do poema, é preciso lembrar-se que o mundo atravessava a Segunda Grande Guerra, e o Brasil acabara de entrar no Estado Novo, de Getúlio Vargas. Ambos acontecimentos históricos suscitavam nas pessoas um clima de medo e de repressão.

    Drummond é um dos nomes mais importantes da Literatura brasileira e seus poemas relatam assuntos do cotidiano, sempre utilizando a ironia e seu pessimismo característico. Os principais temas retratados em suas obras são: conflitos sociais, lembranças do local de sua origem e visão crítica tanto do mundo, quanto dos homens.

    E agora, José?
    A festa acabou,
    a luz apagou,
    o povo sumiu,
    a noite esfriou,
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem nome,
    que zomba dos outros,
    você que faz versos,
    que ama, protesta?
    e agora, José?

    Está sem mulher,
    está sem discurso,
    está sem carinho,
    já não pode beber,
    já não pode fumar,
    cuspir já não pode,
    a noite esfriou,
    o dia não veio,
    o bonde não veio,
    o riso não veio,
    não veio a utopia
    e tudo acabou
    e tudo fugiu
    e tudo mofou,
    e agora, José?

    E agora, José?
    Sua doce palavra,
    seu instante de febre,
    sua gula e jejum,
    sua biblioteca,
    sua lavra de ouro,
    seu terno de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio — e agora?

    Com a chave na mão
    quer abrir a porta,
    não existe porta;
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    José, e agora?

    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa vienense,
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    se você morresse…
    Mas você não morre,
    você é duro, José!

    Sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem parede nua
    para se encostar,
    sem cavalo preto
    que fuja a galope,
    você marcha, José!
    José, para onde?

    2. SONETO DE FIDELIDADE - Vinicius de Moraes

    Vinicius de Moraes, assim como Cecília Meireles, Jorge de Lima e Murilo Mendes, pertence à segunda geração modernista da poesia brasileira. Por isso, são considerados poetas espiritualistas.

    Segundo a coordenadora de Redação do Stoodi, Marina Sestito, um passo muito importante na hora de analisar os poemas é prestar atenção nas figuras de linguagem. "Será justamente aí que você encontrará algumas informações implícitas no texto. Preste atenção nas metáforas, nas antíteses ou em qualquer outra figura de linguagem que estiver presente", comenta.

    No Soneto da Fidelidade, por exemplo, há dois exemplos: no trecho "posto que é chama", o poeta utiliza uma metáfora para se referir ao amor. Já quando deseja que seja "infinito enquanto dure", a figura de linguagem utilizada é o paradoxo, caracterizada por uma associação de conceitos contraditórios para representar uma ideia.

    De tudo, ao meu amor serei atento
    Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
    Que mesmo em face do maior encanto
    Dele se encante mais meu pensamento.

    Quero vivê-lo em cada vão momento
    E em seu louvor hei de espalhar meu canto
    E rir meu riso e derramar meu pranto
    Ao seu pesar ou seu contentamento.

    E assim, quanto mais tarde me procure
    Quem sabe a morte, angústia de quem vive
    Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

    Eu possa me dizer do amor (que tive):
    Que não seja imortal, posto que é chama
    Mas que seja infinito enquanto dure.

    3. CANÇÃO DO EXÍLIO - Gonçalves Dias

    Dono de um dos versos mais conhecidos da poesia nacional, "Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá", foi escrito pelo poeta maranhense Gonçalves Dias, em 1843, e publicado 13 anos depois, no livro "Primeiros Cantos". O poema, que integra a primeira fase do Romantismo, é tão emblemático que até teve um verso sendo utilizado no Hino Nacional: "Nossos bosques têm mais vida,/ Nossa vida, mais amores".

    A dica da professora do Stoodi, neste caso, é não deixar sua opinião afetar a interpretação do texto. "Justamente por se tratar de um texto com muita subjetividade, não deixe a sua opinião e concepção sobre determinado tema interferir na interpretação da poesia. Leia sempre de modo neutro em relação ao ponto de vista do poeta, sem carregar preconceito sobre o assunto abordado", diz.

    Este julgamento por parte dos alunos tende a ocorrer justamente com os autores mais antigos, cujos termos e linguagem sejam distantes da nossa, como é o caso de Gonçalves Dias, afinal, não falamos no dia a dia que as aves gorjeiam, não é?

    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá;
    As aves, que aqui gorjeiam,
    Não gorjeiam como lá.

    Nosso céu tem mais estrelas,
    Nossas várzeas têm mais flores,
    Nossos bosques têm mais vida,
    Nossa vida mais amores.

    Em cismar, sozinho, à noite,
    Mais prazer encontro eu lá;
    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    Minha terra tem primores,
    Que tais não encontro eu cá;
    Em cismar — sozinho, à noite —
    Mais prazer encontro eu lá;
    Minha terra tem palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    Não permita Deus que eu morra,
    Sem que eu volte para lá;
    Sem que desfrute os primores
    Que não encontro por cá;
    Sem qu'inda aviste as palmeiras,
    Onde canta o Sabiá.

    4. VERSOS ÍNTIMOS - Augusto dos Anjos

    Versos Íntimos é um poema escrito por Augusto dos Anjos, que expressa um sentimento de pessimismo e decepção em relação aos relacionamentos interpessoais. Este soneto retrata a visão niilista que o poeta tinha dos relacionamentos e da vida de uma maneira geral. A ideia geral do poema, extremamente pessimista, é considerada uma ruptura com suas tendências literárias parnasianistas, que apresentavam a vida sob uma visão romântica.

    A dica neste poema é: conheça brevemente a vida dos principais autores. Augusto dos Anjos, por exemplo, nasceu no Engenho Pau d'Arco, onde fica atualmente o município de Sapé, na Paraíba, e começou a escrever poesias já aos sete anos de idade. Sua obra é dividida em três fases principais: a primeira (da qual pertence Versos Íntimos), é muito influenciada pelo simbolismo. A segunda fase é mais focada na visão de mundo (nada tradicional) do autor e, a terceira, é caracterizada por obras mais maduras, como por exemplo, o poema Ao Luar.

    Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.
    Somente a Ingratidão – esta pantera –
    Foi tua companheira inseparável!

    Acostuma-te à lama que te espera!
    O Homem que, nesta terra miserável,
    Mora entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.

    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.

    Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
    Apedreja essa mão vil que te afaga.
    Escarra nessa boca de que beija!

    5. VOU-ME EMBORA PRA PASSÁRGADA - Manuel Bandeira

    Também modernista, este é o poema mais conhecido de Manuel Bandeira, que deixa nítido nesses versos sua vontade de fugir da sua realidade e encontrar um lugar paradisíaco, onde tudo aconteça da forma que ele deseja. É importante que o vestibulando consiga relacionar o poema à tuberculose que acometia seu autor. Ele deseja usufruir de satisfação carnal, riqueza e felicidade, mas a doença o impede de ter qualquer prazer neste sentido.

    O poema foi publicado no livro Libertinagem, de 1930, e tem o escapismo, a fuga da realidade, como sua principal característica. Vale ficar atento também às referências elogiosas às máquinas e à tecnologia, como nos versos: "Tem telefone automático/ Tem alcalóide à vontade".

    Vou-me embora pra Pasárgada
    Lá sou amigo do rei
    Lá tenho a mulher que eu quero
    Na cama que escolherei

    Vou-me embora pra Pasárgada
    Vou-me embora pra Pasárgada
    Aqui eu não sou feliz
    Lá a existência é uma aventura
    De tal modo inconseqüente
    Que Joana a Louca de Espanha
    Rainha e falsa demente
    Vem a ser contraparente
    Da nora que nunca tive

    E como farei ginástica
    Andarei de bicicleta
    Montarei em burro brabo
    Subirei no pau-de-sebo
    Tomarei banhos de mar!
    E quando estiver cansado
    Deito na beira do rio
    Mando chamar a mãe-d'água
    Pra me contar as histórias
    Que no tempo de eu menino
    Rosa vinha me contar
    Vou-me embora pra Pasárgada

    Em Pasárgada tem tudo
    É outra civilização
    Tem um processo seguro
    De impedir a concepção
    Tem telefone automático
    Tem alcaloide à vontade
    Tem prostitutas bonitas
    Para a gente namorar

    E quando eu estiver mais triste
    Mas triste de não ter jeito
    Quando de noite me der
    Vontade de me matar
    — Lá sou amigo do rei —
    Terei a mulher que eu quero
    Na cama que escolherei
    Vou-me embora pra Pasárgada.
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