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Redação nota mil: veja dois rascunhos do Enem 2019

Veja o rascunho de redação de dois candidatos nota mil, além de dicas do professor de redação do Colégio pH

Entra ano, sai ano e algo que não muda é aflição e ansiedade dos estudantes sobre a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Afinal, essa quinta nota da avaliação pode fazer toda a diferença para aqueles que pretendem utilizar o resultado do exame para ingressar no Ensino Superior. 

Na última edição, por exemplo, o tema de redação escolhido foi a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), apenas 53 candidatos conquistaram a avaliação máxima, a nota 1.000.

Foto: Reprodução
rascunho de redação nota mil

E, entre esses participantes, estão dois alunos do Colégio pH, que conseguiram reunir o conhecimento desenvolvido em sala de aula ao repertório cultural aprimorado ao longo dos anos de estudos, para criar um texto considerado exemplar no Enem.

Para Diogo D’Ippolito, professor de redação de Gabriel Lopes e Pedro Luís Ladeira Mello, as redações tiveram alguns diferenciais que influenciaram no resultado. Por exemplo, a redação de Gabriel inicia com uma referência ao filme nacional “Na Quebrada”, o que mostra que ele possui um conhecimento sociocultural diverso. “O aluno pode – e deve – usar as referências que foi construindo ao longo da vida como um reforço na argumentação”, aponta Diogo.

Outro ponto de destaque foram os recursos utilizados para a coesão textual, além da escolha de palavras para o desenvolvimento do texto. Alunos que possuem o hábito da leitura conseguem evitar a repetição de palavras e conseguem fazer uma excelente escolha lexical. 

Mantenha o teor crítico

Para o professor de redação do Colégio pH, ambas as redações mantiveram o teor crítico consciente, ou seja, as ideias foram organizadas de forma coerente, com início, meio e fim. 

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A gente percebe que muitos alunos têm dificuldade de criar esse raciocínio bem organizado e as ideias acabam ficando soltas. Nos textos do Pedro e do Gabriel, mais do que um texto completo com introdução, desenvolvimento e conclusão, cada parágrafo tem início, meio e fim”, explica D’Ippolito.

Além disso, os candidatos realizaram propostas de intervenção possíveis e que podem ocorrer. Para conseguir desenvolver uma sugestão plausível, independentemente do tema escolhido, Diogo aconselha o estudante responder às seguintes questões: 

  • O que vai ser feito?
  • Quem vai fazer?
  • Para quê será feito e como será feito?

Confira os dois rascunhos de redação nota mil do Enem 2019:

Redação: Gabriel Lopes 

O longa-metragem nacional “Na Quebrada” revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte. Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do quadro, faz-se necessário analisar as causas corporativas e educacionais que contribuem para a continuidade da problemática em território nacional. 

Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos sobre a “Indústria Cultural”, afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que se mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto, fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas, contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão e de identidade cultural no Brasil.

Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema, negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles, durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras e internacionais.

É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em “Na Quebrada”, criando um legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional. 

Redação: Pedro Luís Ladeira Mello

O cinema, considerado a sétima arte, é um importante difusor de conhecimento, agente de entretenimento e de lazer. Por oferecer uma grande carga cultural aos espectadores, ele deveria ser de fácil acesso a todos. No Brasil, entretanto, percebe-se que, no decorrer dos anos, o acesso a essa arte tornou-se pouco democrático devido a fatores históricos e à reduzida atuação estatal para resolver essa problemática.

Em primeira análise, cabe ressaltar a histórica concentração das salas de cinema nos principais centros urbanos do país. Pelo fato de tais lugares terem abrigado as principais atividades econômicas nacionais – mineração em Minas Gerais, produção de café no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, industrialização no Sul e no Sudeste – esses centros concentraram grande parte da elite urbana nacional. Com isso, a fim de atender a essa parcela rica da população, um número maior de investimentos culturais foram realizados nessas regiões – como a Reforma Pereira Passos, no Rio de Janeiro. Por consequência, os estabelecimentos de cinema aglutinaram-se nessas áreas, com poucos indo para o restante do país. Assim uma grande parte da sociedade ficou marginalizada do acesso ao cinema.

Além disso, deve-se analisar a ineficiência do Estado na democratização desse acesso. Segundo o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, o brasileiro é, desde a colonização, marcado por um individualismo exagerado que o leva a se apropriar do público para fins particulares. Essa característica contribui para que muitos políticos pouco ajam para atender aos anseios do povo, como ter maior acesso ao cinema. Dessa forma, há uma reduzida atuação do Estado em buscar democratizar essa forma de entretenimento para todos.

O acesso pouco democrático ao cinema no Brasil é, portanto, uma problemática de raízes históricas e atuais a ser combatida. Nesse sentido, a Secretaria de Cultura deve, por meio de parcerias público-privadas, investir na construção de salas de cinema nas áreas do país com menor quantidade desses empreendimentos. Essas parcerias devem, em troca de incentivos fiscais, conseguir recursos, tecnologia e equipamentos de qualidade oriundos de empresas do ramo para construir mais cinemas, em regiões até então abandonadas. O intuito é, com essa maior oferta, democratizar o acesso. Dessa forma, a carga cultural da sétima arte poderá estar ao alcance de todos.

3 dicas essenciais para a redação do Enem

Se você também deseja conseguir uma boa nota da redação do Enem, veja três dicas primordiais para melhorar a sua escrita, segundo Diogo D’Ippolito:

  1. Não tenha um formato de texto pré-definido

    “Não existe receita de bolo. Muitos alunos caem na cilada de montar um formato de texto que se repete em todos os temas, porém isso tira a originalidade do texto do candidato. Isso é um quesito importante e o Enem tem valorizado muito isso nos últimos anos”, aponta o professor. Seu texto precisa ser autoral, sem recortes de textos anteriores ou frases clichês.
  2. Foque na frase-tema que define a proposta de redação

    Em 2019, a frase-tema do Enem foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”, que, com o auxílio dos textos complementares, delimitou o que o candidato deveria abordar na redação. Por isso, preste muita atenção nessa frase para não fugir do tema, assim como conseguir descobrir qual é o seu ponto de partida no desenvolvimento do texto.
  3. Não escreva por impulso

    “Monte um rascunho com as ideias que gostaria de colocar na redação, antes de escrever. Pense na tese e nos argumentos que irá usar, organize-os na mente e só depois comece a escrever, já com intenção argumentativa global. Isso faz toda a diferença para coesão e coerência do texto”, finaliza Diogo. 

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