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Sobrevivendo no Inferno

Literatura - Manual do Enem
Ayumi Fumayama Publicado por Ayumi Fumayama
 -  Última atualização: 27/9/2022

Introdução

O álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’ (1997) gravado e lançado pelos Racionais MC’s possui 12 faixas nas quais são abordados temas como desigualdade social, relação da população periférica com a polícia - figura que é bem presente nas letras do disco -, pobreza e vivências. Algumas temáticas específicas vão permeando a sequência de músicas, como a desigualdade social que é colocada nas letras em primeira pessoa com um eu-lírico que vive nas periferias. As músicas são cantadas em primeira pessoa, ou seja, traz a experiência de quem vive nas comunidades de São Paulo. 

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Relação com o cristianismo 

Várias faixas do ‘Sobrevivendo no Inferno’ fazem referência à religião cristã, começando pela capa do disco que é representada por um crucifixo e um trecho do Salmo 23 Capítulo 3: “Refrigera minha alma e guia-me pelo caminho da justiça”. 

As letras estabelecem conexões com os textos bíblicos, sendo assim, há intertextualidade direta e indireta (conexão entre diferentes textos) entre as faixas, capa do disco e textos bíblicos. 

Faixa número 1: Jorge na Capadócia

A música trás uma batida que se repete na última faixa do álbum (Salve). Isso dá ideia de que o álbum é cíclico, formando assim uma metáfora da realidade das periferias brasileiras: por mais que os trabalhadores lutem e batalhem diariamente, a realidade dura sempre volta. 

“Armas de fogo meu corpo não alcançarão. Facas e espadas se quebrem, sem o meu corpo tocar”

Faixa número 2: Gênesis

Aqui é se dá uma das intertextualidade com a escrita bíblica com a palavra Gênesis, que nada mais é do que o primeiro livro da Bíblia, em que se acha descrita a criação do mundo. 

"Deus fez o mar, as árvores, as crianças, o amor. O homem me deu a favela, o crack, a trairagem, as armas, as bebidas, as puta.”

Faixa número 3: Capítulo 4, Versículo 3 

Em mais uma intertextualidade bíblica, a faixa mostra a percepção do eu lírico da situação da periferia e a indignação diante dessa realidade. Mostra o olhar indignado sobre a pobreza, desigualdade e a falta de ação, de não saber o que fazer para mudar a situação. 

‘A primeira faz bum, a segunda faz tá. Eu tenho uma missão e não vou parar’

Neste trecho da música temos duas figuras de linguagem. A primeira delas é uma onomatopeia, as palavras ‘bum’ e ‘tá’ são uma tentativa de escrever e descrever algo criando efeito sonoro. Junto disso, há também uma metalinguagem, já que os sons das palavras fazem referência à própria batida do rap. 

Faixa número 4: Tô ouvindo alguém me chamar 

Esta faixa pode ser considerada como um grito de socorro, na qual o eu lírico não aguenta mais a situação em que está vivendo e entra em conflito consigo mesmo e a dura realidade da criminalidade. O grito ‘alguém chamar’ seria a pressão sobre a realidade de dever ou não entrar na do crime. Ao ouvir a voz da possibilidade, o eu lírico começa a se questionar. 

“Vida de ladrão não é tão ruim. Pensei. Entrei. No outro assalto eu colei e pronto.”

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Faixa número 5: Rapaz comum 

A faixa se trata de uma auto reflexão, o eu lírico começa a pensar sobre o que significa ser apenas mais um no mundo e na periferia. Como ele pode se destacar entre as estáticas e fazer diferente. 

“Me lembro de um fulano: \"mata esse mano!\" Será que errar dessa forma é humano? Errar a vida inteira é muito fácil. Pra sobreviver aqui tem que ser mágico.”

Faixa número 6: …

Essa faixa é o ponto de virada do disco, sendo uma preparação para a faixa número 7. 

Faixa número 7: Diário de um detento 

A música conta a história de um presidiário da casa de detenção do Carandiru e narra a visão deste em uma das maiores polêmicas carcerárias da história brasileira. Em outubro de 1992 rolou uma rebelião no presídio do Carandiru, na qual o governo do Estado de São Paulo enviou policiais para tentar conter a situação, mas que no final acabou em uma ação desastrosa da política com 111 presos mortos. O episódio ficou conhecido como ‘O massacre do Carandiru’. 

Conhecida por ter sido escrita pelo Mano Brown, a letra, no entanto, nasceu dentro da casa de detenção, no pavilhão 8. Ela foi escrita por Jocenir Prado, autor do livro de mesmo nome da música “Diário de um detento'', no qual ele narra a experiência dele dias antes e no dia do massacre.

“Vários tentaram fugir, eu também quero. Mas de um a cem, a minha chance é zero. Será que Deus ouviu minha oração? Será que o juiz aceitou a apelação?”

Faixa número 8: Periferia é periferia e Faixa número 9: Em qual mentira vou acreditar? 

Ambas as faixas transmitem a ideia de aceitação, ou seja, a periferia é isso mesmo que a mídia passa para a massa. Então, qual é a mentira que devemos acreditar. O mundo, em si, parece ser uma grande mentira. 

“Eu me formei suspeito profissional Bacharel pós-graduado em "tomar geral". Eu tenho um manual com os lugares, horários, de como "dar perdido"”

Faixa número 10: Mágico de Oz 

Essa faixa nutre esperança do eu lírico para não deixar de lutar, que talvez valha a pena  acreditar em um futuro melhor. 

“Pra sonhar, viajar, paranoia, escuridão. Um poço fundo de lama, mais um irmão. Não quer crescer, ser fugitivo do passado. Envergonhar-se se aos 25 ter chegado.”

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Faixa número 11: Fórmula mágica da paz 

Nesta faixa, o eu lírico tem a consciência da malandragem que existe dentro da periferia. Ele chega a conclusão que a verdadeira malandragem é, na realidade, sobreviver ao dia a dia. Em uma realidade com estatísticas desfavoráveis, ser periférico e passar dos 27 anos é pura malandragem de ir contra o sistema. 

“Aqui quem fala é mais um sobrevivente. Eu era só um moleque, só pensava em dançar. Cabelo black e tênis All Star.”

Faixa 12 - Salve 

Por fim, a última faixa do disco é voltada para agradecimentos e citação de nomes de vários bairros da periferia de São Paulo.

“Eu vo mandá um salve pra comunidade do outro lado do muro. As grades nunca vão prender nosso pensamento mano”

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Índice

Exercício de fixação
Passo 1 de 2
Exercício próprio

GÊNESIS (introdução)

Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor

O homem me deu a favela, o crack, a trairagem

As arma, as bebida, as puta

Eu? 

Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automática

Um sentimento de revolta

Eu tô tentando sobreviver no inferno

(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 45.)

“Gênesis” é a segunda canção do álbum Sobrevivendo no Inferno. É antecedida pela invocação de uma outra canção, intitulada “Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben.

É correto afirmar que as evocações dos elementos religiosos nesse álbum: 

A Legitimam a violência social a que estão submetidos os pobres.
B Dificultam a tomada de consciência da população negra.
C Articulam as esferas ética e estética da experiência humana na poesia.
D Dissimulam a hipocrisia moral das pessoas religiosas.
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