Na língua portuguesa existem as chamadas figuras de linguagem, as quais caracterizam determinados recursos expressivos que estão presentes em diversos gêneros textuais e orais. Essas figuras estão diretamente relacionadas à estilística, ou seja, aos efeitos expressivos e estéticos (fônicos, de sentido, sintáticos, etc) que o seu produzem no texto/fala.
Dentre as várias figuras de linguagem existentes na língua portuguesa, existe a assonância, que está diretamente ligada ao som, e muito usada como recurso estilístico em textos literários e na música.
Vejamos quais são as características dessa figura de som e/ou de linguagem tão utilizada como recurso estilístico.
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A assonância é uma figura de linguagem que está relacionada aos sons, mais especificamente à repetição de sons vocálicos, ou seja, à repetição de sons de vogais, sendo nomeada também como figura de som.
É possível observar essa figura de linguagem sendo bastante utilizada em textos literários e músicas, principalmente, já que ela tem a ver com o efeito expressivo, musicalidade e ritmo dos textos.
A utilização da assonância, quando considerado o contexto em que ela está empregada, pode passar ao leitor/ouvinte emoções diferentes, isso se dá pela utilização de vogais abertas ou fechadas, unindo-se ao sentido do texto.
Essa não é a única figura de linguagem que está relacionada ao som, temos também a aliteração, a paranomásia, e a onomatopeia como outros exemplos. Há quem possa confundi-las, algumas mais do que outras, como veremos mais adiante. No entanto, traremos aqui as diferenças de cada uma para compreendermos melhor as diferenças de cada uma delas.
Vejamos alguns exemplos em que a assonância aparece como figura de linguagem empregada:
“Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado / Em torno a cada ninho anda bailando uma asa / E, como sobre um leito um alvo cortinado, / Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa”. (Olavo Bilac)
"Sou um mulato nato / No sentido lato / Mulato democrático do litoral" (Sugar Cane Fields Forever - Caetano Veloso)
"Minha foz do Iguaçu / Pólo sul, meu azul / Luz do sentimento nu" (Linha do Equador - Djavan)
“Juro que não acreditei, eu te estranhei/Me debrucei sobre teu corpo e duvidei/E me arrastei e te arranhei/E me agarrei nos teus cabelos” (Atrás da Porta – Chico Buarque)
Diferentemente da assonância, a aliteração é uma figura de linguagem/ figura de som caracterizada pela repetição de sons consonantais, ou seja, sons de consoantes.
Vejamos alguns exemplos de aliteração:
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi Bernardo.” (Guimarães Rosa)
“Segue o seco sem sacar que o caminho é seco
Sem sacar que o espinho é seco
Sem sacar que seco é o ser sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino secará” (Segue o seco - Marisa Monte)
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Vejamos agora outras figuras de linguagem que também são figuras de de som e quais são as suas características específicas.
Como o nome já indica, a paronomásia é uma figura de som caracterizada pelo uso de palavras parônimas, ou seja, palavras que possuem escrita e sonoridade semelhantes, mas que carregam outros significados.
Vejamos alguns exemplos de paronomásia:
“Dois pratos de trigo para três tigres tristes” (trava-língua)
“Há soldados armados, amados ou não” (Para não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré)
A onomatopeia é uma figura de linguagem que representa sons naturais. É muito comum reconhecermos essa figura de som por meio de histórias em quadrinhos, mas ela também está presente em outros textos literários e até mesmo na escrita cotidiana, como no caso de algumas redes sociais (por exemplo, reprodução do som da risada: hahaha / kkkkk).
Vejamos alguns exemplos de onomatopeia:
“Tik tak, o tempo vai passando
E a gente aqui sentado no banquinho conversando” (Tik tak - Doctor MC’S)
“ha ha ha ha ha, mas eu tô rindo à toa” (Rindo à toa - Falamansa)
Existem diversas figuras de linguagem na língua portuguesa e dentro dessa categoria existem aquelas que são caracterizadas por serem figuras de som, ou seja, por estarem associadas a alguma expressão sonora, seja de proximidade de sons vocálicos, consonantais, palavras parecidas ou sons naturais.
A assonância, considerada como uma figura de som, se dá especificamente pela repetição de sons vocálicos, que causam uma certa sonoridade:
Juro que não acreditei, eu te estranhei/Me debrucei sobre teu corpo e duvidei/E me arrastei e te arranhei/E me agarrei nos teus cabelos” (Atrás da Porta – Chico Buarque).
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LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).
Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem: