Aluna do último ano fala como é fazer Engenharia Civil na Facens e as dificuldades do mercado de trabalho
O Fábio Alves, Guia da Faculdade, entrevistou aluna do 9º semestre. Ela contou várias coisas legais, inclusive sobre seus estágios na área.
Engenharia é um curso que muitos buscam, muitas vezes na ilusão de que é uma profissão com grande espaço no mercado e com alta remuneração. Mas será que realmente é tudo isso que pensamos, ainda mais no interior?
Na entrevista com Cássia Basso, aluna do último ano de Engenharia Civil da Facens em Sorocaba, ela irá contar porque escolheu a Facens, como é estudar nesta universidade e como está o mercado de trabalho na área.
Fábio Alves: Qual curso você faz na Facens e em qual semestre está atualmente?
Cássia Basso: Faço Engenharia Civil. Comecei em 2014, agora estou entrando no último ano, 9º semestre.
FA: Por que você escolheu o curso de Engenharia Civil?
CB: Na verdade, eu sempre quis fazer Arquitetura, desde pequena. Quando entrei no Ensino Médio e comecei a pesquisar sobre o curso, tinha muitas matérias de que eu não gostava. Eu acho que não sou da área de humanas
[risos], aí o curso mais próximo era a Engenharia Civil, na área de exatas, que sempre gostei. E a área de Engenharia Civil é mais ampla do que a de Arquitetura.FA: Apesar de estar quase terminando a faculdade, já passou pela sua cabeça trocar de curso?
CB: Não. É difícil você entrar em um curso e gostar de todas as matérias, e eu estou gostando!
FA: Por que você escolheu a Facens?
CB: Porque, na região, é a melhor faculdade de Engenharia. Na verdade, eu queria ter feito faculdade pública, mas teria que fazer mais um ano de cursinho. Não me arrependo de ter entrado na Facens, porque as públicas são muito voltadas às pesquisas e não é isso que eu quero. Mesmo não achando, a princípio, que estava fazendo certo, fazer faculdade particular foi melhor para mim.
FA: Você chegou a fazer vestibular para outras universidades?
CB: Públicas, sim. Fiz Unesp, Fuvest, Unicamp e Enem. Para particular, só na Facens.
FA: Alguma pessoa ou personalidade te influenciou?
CB: Para fazer Engenharia Civil, não. Tenho uma tia que é arquiteta e me aconselhou a não fazer Arquitetura, por conta de como está o mercado na área.
FA: Sua visão sobre a Facens mudou durante os anos que você vem estudando?
CB: Para ser sincera, não tinha visão alguma. Fiz vestibular porque meu primo já estudava lá e eu sabia que, na área de Engenharia, essa era a melhor faculdade da região. Olha, é uma faculdade muito boa, mas tem pontos negativos também.
FA: Quais os pontos positivos da Facens para você?
CB: Primeiro, porque é uma faculdade muito bem renomada e tradicional na região, e o curso de Engenharia Civil foi um dos primeiros na faculdade. Tem professores muito bons, bastante renomados, os laboratórios estão sendo atualizados com bastante recursos
FA: Quais os pontos negativos da Facens para você?
CB: O tradicional
[risos], o principal é o estacionamento, mas eles estão cuidando, já que aumentaram o número de vagas este ano. Outra coisa que agora também está mudando, mas quando eu entrei não era assim, é que eles queriam manter muitos professores antigos por causa do nome, só que a didática não era boa. Hoje em dia já tem uma avaliação institucional, então tem vários professores saindo por causa da avaliação e por não terem mestrado.FA: Você acha que os conhecimentos que você adquiriu e vem adquirindo te deixam preparada para o mercado de trabalho?
CB: Não. Na verdade, acredito que nenhuma faculdade te prepara 100% para o mercado de trabalho.
FA: Você está empregada ou fazendo algum estágio atualmente?
CB: Estou fazendo estágio na área de projetos, em uma empresa chamada Ferrari Engenharia, que faz projetos de cálculo estrutural.
FA: Como você vê o mercado de trabalho na área de Engenharia Civil?
CB: É uma área difícil. Na área que estou trabalhando agora (projetos), é uma área bem difícil, principalmente em Sorocaba (SP), porque eles preferem contratar empresas/profissionais famosos, mais renomados. Conheço bastantes pessoas que estão tentando entrar na área de projetos, mas é muito restrita.
FA: A remuneração no mercado de trabalho aqui no interior é satisfatória?
CB: Para estágio, acredito que não. Primeiro, acho que a bolsa de estágio deveria ser no mínimo o valor da mensalidade da faculdade. Além disso, na área de Engenharia Civil, infelizmente, a maioria das empresas não respeita o limite de estágio de seis horas diárias, então acabamos trabalhando muito mais. Quanto menor a empresa, pior é.
FA: Você encontra dificuldade de encontrar emprego/estágio na área?
CB: Atualmente está bem difícil, vejo pelos meus colegas de sala, muitos não fizeram estágios, muitos só fizeram o estágio obrigatório. Hoje, eu queria ir para outra área, porque eu acho que, como estou no período de estágio, tenho muito a aprender, então gostaria de prestar estágio em outra área, para descobrir exatamente o que quero fazer depois de formada. Mas também está difícil, estou mandando currículos, mas está difícil. Um dos grandes problemas é que eles querem profissionais que tenham experiência, mas a gente não tem experiência, até porque é estágio.
FA: Você acredita que as empresas estão exigindo mais do que deveriam?
CB: Com certeza. Mas depende muito da pessoa. Se a pessoa está disposta a aprender, tudo bem, mas a empresa exigir, eu acho que é errado, até porque é estágio. Teoricamente não era para nós termos grandes responsabilidades.
FA: Como você se vê hoje?
CB: Não querendo me gabar, mas como já estou no meu terceiro estágio, em relação à maioria dos meus colegas de sala, eu tenho mais experiência. Mas isso é muito relativo, às vezes, as oportunidades surgem para diferentes pessoas, então não significa que eu irei ter um emprego garantido, que é o que eu quero
[risos].FA: Como você se vê daqui a 10 anos?
CB: Rica, famosa
[risos]. Eu quero ter minha empresa. Eu gosto da área de Engenharia Civil, mas é uma área que exige muita atualização do estudo, então eu acho que se surgir oportunidade para eu trabalhar em outra área que vá me fazer feliz e me gerar uma renda boa, eu não vejo problema em mudar.FA: Você tem algum recado que queira deixar para aqueles que estão em dúvidas em fazer o curso de Engenharia Civil?
CB: Eu acho que para as pessoas que forem entrar ano que vem e que irão se formar só daqui 5 ou 6 anos, acredito que valha a pena, o mercado vai voltar a melhorar, mas também nada impede a pessoa de entrar e depois mudar de curso, não acho errado, a pessoa tem que se encontrar, o importante é fazer o que ela gosta. Normalmente as pessoas entram na faculdade com 17 anos, é difícil decidir o que você quer fazer para o resto da sua vida, mas também não significa que você vai entrar na faculdade e fazer o curso durante 5 anos e você irá fazer aquilo para o resto da vida, a gente pode sempre mudar, se atualizar, buscar novas profissões e fazer aquilo que nos deixa feliz.