DNVB é a sigla para Digitally Native Vertical Brands, ou marcas digitais nativas verticais, em português. As DNVBs estão redefinindo o varejo ao unir inovação, tecnologia e foco total no consumidor.
Diferente dos modelos tradicionais, esse formato nasceu no ambiente digital e ganhou força ao oferecer produtos exclusivos, controle da jornada de compra e experiências personalizadas que fidelizam comunidades inteiras.
O que é uma DNVB?
Uma DNVB (Digitally Native Vertical Brand) é uma empresa criada diretamente no ambiente digital, com controle sobre todas as etapas da cadeia de valor — do desenvolvimento do produto até a venda ao consumidor final.
Diferente de um e-commerce tradicional, que apenas distribui itens em plataformas digitais, ou de marcas DTC (Direct-to-Consumer) que utilizam canais diretos de venda sem, necessariamente, nascer digitais, as DNVBs combinam verticalização, identidade de marca forte e foco intenso em nichos específicos.
Essas marcas são estruturadas para oferecer não apenas produtos, mas experiências completas. Elas utilizam dados, tecnologia e redes sociais para atrair, engajar e fidelizar comunidades, transformando o consumo em algo mais próximo e personalizado.
Origem do termo e evolução global
O conceito de DNVB surgiu em 2007 com Andy Dunn, quando o fundador da marca de moda masculina Bonobos, apresentou a ideia de que marcas nativas digitais poderiam assumir o controle total de sua operação.
Em vez de depender de distribuidores e varejistas, essas empresas criariam um vínculo direto com o público, utilizando o digital como base de relacionamento.
A Bonobos foi pioneira entre as DNVBs, alcançando US$ 100 mil em vendas no primeiro ano. O caso abriu caminho para marcas como Warby Parker, Casper, Glossier e Dollar Shave Club, que consolidaram o modelo.
(Reprodução/Bonobos)
Hoje, as DNVBs representam uma transformação no varejo global. O digital passou de canal de venda a centro da estratégia, com experiência e comunidade no mesmo patamar do produto.
DNVB vs. DTC: qual a diferença?
Toda DNVB é, por natureza, uma marca DTC (Direct-to-Consumer), já que vende diretamente ao consumidor, mas nem toda empresa DTC pode ser considerada uma DNVB.
O que distingue uma DNVB é a verticalização completa do negócio. Isso significa que a marca não apenas controla o canal de vendas, mas também o desenvolvimento do produto, a comunicação, a logística e a experiência pós-compra. Já uma empresa DTC pode terceirizar parte desse processo e atuar apenas como distribuidora digital.
4 principais características das DNVB
As DNVBs compartilham um conjunto de traços que as diferenciam de outros modelos digitais. Essas características explicam por que conquistaram espaço em um mercado tão competitivo e se tornaram referência em inovação e branding. Confira abaixo 4 aspectos das DNVB:
1. Nascidas digitais
Marcas desse tipo surgem diretamente no ambiente online. A operação começa no digital, com uso intensivo de dados, redes sociais e plataformas de ecommerce para atrair e engajar consumidores desde o primeiro contato.
2. Foco em nicho e comunidade
Em vez de atender a grandes massas, as DNVBs exploram nichos bem definidos, oferecendo soluções personalizadas para públicos específicos. A construção de comunidade é central para o modelo: consumidores se tornam embaixadores da marca e participam ativamente do seu crescimento.
3. Controle total da cadeia
O diferencial está no domínio sobre todas as etapas, do design à entrega. Ao eliminar intermediários, essas marcas reduzem custos, aumentam a margem e conseguem testar, ajustar e lançar produtos de forma mais ágil.
4. Experiência do cliente como core business
Mais do que vender, as DNVBs oferecem experiências. Desde o atendimento personalizado até embalagens exclusivas, tudo é pensado para fortalecer a percepção da marca e gerar fidelização de longo prazo.
DNVBs de sucesso internacionais
O impacto das DNVBs no varejo global pode ser observado em marcas que se tornaram referência ao unir inovação, branding e proximidade com consumidores. Esses exemplos ajudaram a consolidar o modelo e continuam inspirando novas empresas em todo o mundo.
Bonobos: Fundada por Andy Dunn em 2007, foi pioneira ao controlar toda a jornada do cliente, desde o design até a venda online. Tornou-se um marco na história das DNVBs e foi adquirida pelo Walmart por US$ 310 milhões.
Warby Parker: Revolucionou o mercado de óculos com design moderno, preços acessíveis e apelo social. Cada compra financia a doação de óculos, o que fortaleceu sua comunidade e identidade inovadora.
Casper: Transformou o setor de colchões ao apostar em vendas online, comunicação simples e entrega em caixas compactas, conectando-se fortemente com o público jovem.
Dollar Shave Club: Popularizou o modelo de assinaturas com lâminas de barbear, preços competitivos e humor irreverente. Foi adquirida pela Unilever por US$ 1 bilhão, consolidando o modelo DNVB como fenômeno global.
(Reprodução/Warby Parker)
O mercado de DNVBs no Brasil
No Brasil, o modelo de DNVB começou a ganhar força a partir da década de 2010, impulsionado pela expansão do comércio eletrônico e pelo crescimento do consumo digital.
Embora em menor escala do que nos Estados Unidos, algumas startups brasileiras conseguiram adaptar o conceito à realidade local, explorando nichos específicos e construindo marcas fortes em torno de comunidades engajadas.
Exemplos de DNVBs brasileiras
Amaro: Referência em moda digital, com operação 100% online no início e posterior expansão para espaços físicos.
Zissou: Transformou o mercado de colchões com vendas diretas, comunicação inovadora e logística diferenciada.
Dengo: Marca de chocolates premium que aposta em propósito social e relacionamento próximo com clientes.
Insider: Roupas funcionais que unem tecnologia e sustentabilidade, com forte presença digital.
Sallve: Cosméticos criados em cocriação com a comunidade, fortalecendo o vínculo entre marca e consumidor.
Entre os principais pontos estão a logística complexa do país e os custos elevados de entrega, que impactam a experiência do consumidor e a margem de lucro. O trabalho também destaca a forte concorrência com grandes varejistas digitais, que dispõem de maior estrutura e capacidade de investimento.
Outro desafio apontado pela pesquisa é a menor disponibilidade de capital de risco no Brasil, o que limita a escalabilidade das operações. Além disso, o alto custo de aquisição de clientes em canais digitais pagos aparece como barreira para empresas que ainda estão em fase inicial, exigindo estratégias criativas para fortalecer comunidades e alcançar crescimento sustentável.
Vantagens e desvantagens do modelo DNVB
O modelo das marcas digitais nativas verticais apresenta pontos fortes que explicam sua rápida ascensão, mas também traz limitações que desafiam a sustentabilidade de longo prazo.
Vantagens do modelo DNVB
Entre os principais benefícios está o relacionamento direto com o consumidor, sem intermediários, o que permite coletar dados valiosos e oferecer experiências personalizadas.
A agilidade para inovar também é um diferencial, já que o controle de toda a cadeia facilita ajustes rápidos em produtos e estratégias. Outro ponto positivo é o menor custo inicial em comparação a negócios físicos tradicionais, aproveitando tecnologias acessíveis para estruturar a operação.
Desvantagens do modelo DNVB
Por outro lado, o modelo enfrenta obstáculos importantes. O alto custo de aquisição de clientes em plataformas digitais exige investimentos constantes em marketing e pode comprometer margens.
A dificuldade em escalar sem perder personalização é outro desafio, já que o crescimento pode enfraquecer a proximidade com comunidades que sustentam a marca. Além disso, muitas DNVBs acabam ficando dependentes de mídias pagas como Google Ads e redes sociais, o que reduz a previsibilidade do negócio.
O futuro das DNVBs
De acordo com o relatório DNVB Challenges, publicado pela BigCommerce — plataforma global de e-commerce —, essas marcas vivem uma “fase de adolescência”, marcada por pressões financeiras e pela necessidade de equilibrar expansão e rentabilidade.
Uma tendência clara é a integração entre canais online e offline. Segundo estudo da USP, muitas DNVBs brasileiras já buscam ampliar sua presença física para superar barreiras logísticas e reforçar a experiência com o consumidor. Esse movimento também é observado lá fora, com marcas como Warby Parker e Casper investindo em lojas próprias.
Outro ponto destacado em relatórios de mercado é a consolidação do setor. Fusões e aquisições têm se tornado estratégicas para ampliar escala, ganhar competitividade e alcançar novos mercados.
Ademais, a adoção de inteligência artificial e análise preditiva de dados aparece como caminho inevitável. Essas tecnologias serão fundamentais para entregar personalização em escala e aumentar a eficiência operacional.
No Brasil, a expectativa é que o avanço das DNVBs esteja ligado à melhoria da infraestrutura logística e ao maior acesso a investimentos, criando espaço para novas marcas em diferentes nichos.
Como as DNVBs podem inspirar empresas tradicionais?
Empresas tradicionais, que muitas vezes têm estruturas mais rígidas, podem se inspirar no modelo DNVB para fortalecer o relacionamento com clientes, atualizar práticas de branding digital e adotar processos mais flexíveis.
A pesquisa da USP destaca que a principal força dessas marcas está em colocar o consumidor no centro da estratégia, algo que pode ser aplicado a qualquer organização, independentemente do porte.
Entre outras lições valiosas das DNVBs estão a capacidade de construircomunidades engajadas, o uso inteligente de dados para orientar decisões e a agilidade na inovação.
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