“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Essa frase foi escrita pela filósofa, romancista, professora e memorialista Simone de Beauvoir. Ela repensou a condição da mulher, elaborando um dos livros mais importantes para a teoria e para o movimento feminista, “O Segundo Sexo”.
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Além de sua contribuição filosófica para o Existencialismo, Beauvoir escreveu romances como “A Convidada” e o premiado “Mal Entendido em Moscou”. Também publicou suas memórias, nas quais Jean Paul-Sartre aparece como importante parceiro intelectual de sua vida.
Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu em 1908, em Paris. Filha de uma família financeiramente decadente, porém tradicional, Beauvoir teve, desde cedo, contato com grandes autores da literatura.
Lia a noite perto da lareira, como conta em seu livro “Memórias de uma Moça bem Comportada”. Foi estudar em um colégio católico até os 17 anos. Depois, cursou Matemática no Instituto de Paris.
Estudou Literatura no colégio Saint-Marie de Neuilly e, posteriormente, ingressou em Filosofia na Universidade de Sorbonne. Ali, conheceria nomes como Maurice Merlau-Ponty, René Meheu e Jean Paul-Sartre, com os quais manteria relações intelectuais ao longo de sua vida.
Com Sartre, as relações expandiram o âmbito profissional. Eles tiveram um relacionamento aberto e muito polêmico durante anos.
Simone de Beauvoir lecionou em Liceus, na França, até a chegada da Segunda Guerra Mundial. Trabalhou como porta-voz na rádio Vichy até 1944.
Com o fim da guerra, Beauvoir, Sartre, Merlau-Ponty e outros intelectuais editariam a “Les Temps Moderns”, uma importante fonte de propagação das ideias existencialistas daquele grupo.
Também na década de 1940, Simone de Beauvoir passou uma temporada nos Estados Unidos, onde produziu alguns trabalhos, fez palestras e conheceu o escritor Nelson Algren, com quem teve uma relação amorosa.
Mas, depois de poucos anos, essa relação terminaria: a distância entre Beauvoir e o escritor americano, a resistência de ambos a se mudarem para o país um do outro, o posicionamento de Beauvoir em relação a seu trabalho e seu ativismo são alguns motivos descobertos em cartas trocadas entre eles.
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Em 1949, Simone de Beauvoir publica um dos livros mais notáveis de sua carreira, “O Segundo Sexo”.
Nesta obra, Simone de Beauvoir analisa a condição da mulher reproduzida por áreas predominantemente masculinas, como a Psicanálise, a Literatura e a Filosofia. Tais áreas sempre criaram diversas teorias sobre a mulher.
Simone de Beauvoir vai contra a corrente dessas áreas, que tentam definir o que é a mulher. Utilizando do Existencialismo para explicar a condição feminina ao longo dos tempos, não ignora o fato da existência de uma experiência particular vivida pelas mulheres.
O livro tornou-se um grande manifesto, causou grande tumulto na França e virou um símbolo para o movimento feminista da década de 1960, conhecido como “a segunda onda do feminismo”. O livro, inclusive, entrou na lista negra do Vaticano.
O “Segundo Sexo” é um livro sobre liberdade, uma das coisas que Simone de Beauvoir mais prezou em toda a sua vida. “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância” é outra famosa frase da filósofa.
Simone de Beauvoir morreu aos 78 anos, vítima de pneumonia, em 1986. Foi enterrada ao lado de Sartre no Cemitério de Montparnasse, usando um anel de prata que Algreen lhe dera.
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
(BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980)
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a):