Existem diversas manifestações típicas do folclore brasileiro, como o Boitatá e o Curupira. Cada um possui suas próprias característica. A Cuca, por exemplo, é uma feiticeira de aparência assustadora, sendo uma das personagens que mais se destacam.
Como outros personagens que fazem parte do folclore do país, há uma lenda envolvendo essa bruxa, que, de tão famosa e presente no imaginário popular, chegou até mesmo a se tornar personagem do Sítio do Pica-Pau Amarelo, criação do escritor brasileiro Monteiro Lobato.
Não é somente na literatura que se pode perceber a influência da Cuca: ela também está presente nas cantigas infantis e em músicas e obras de artistas brasileiros, como veremos adiante.
A Cuca é uma bruxa velha, de aparência assustadora: ela tem cabeça de jacaré e unhas muito compridas, lembrando garras. Além disso, ela ainda é caracterizada por ter uma voz horripilante.
No imaginário folclórico brasileiro, assim como outras personagens, a Cuca assume uma função social, associada, principalmente, à criação das crianças. Essa personagem ficou conhecida por raptar as crianças indisciplinadas, ou seja, que não obedecem a seus pais.
Outra narrativa comum sobre a Cuca diz respeito à ideia de que ela dorme apenas uma vez a cada sete anos. Trata-se de outro recurso utilizado pelos pais para convencer os filhos a dormirem na hora certa: caso não o façam, a Cuca pode pegá-los.
A hipótese mais aceita sobre a origem da personagem diz que ela é baseada na “Coca”, uma criatura do folclore galego-português. O significado de “Coca” é crânio, cabeça, o que se relacionaria, portanto, a uma das principais características da Cuca do folclore brasileiro.
Tal como a bruxa com cabeça de jacaré, a “Coca” rapta crianças desobedientes ou que façam malcriações, podendo, depois, comê-las. Uma diferença é que essa criatura é caracterizada como um fantasma ou um dragão.
Como já dito, a Cuca, por ser uma personagem tão popular do folclore brasileiro, acabou adentrando outras produções culturais.
A personagem folclórica apareceu na obra infantil de Monteiro Lobato, e é a partir da descrição feita pelo autor que a imagem da Cuca foi cristalizada no imaginário popular brasileiro.
Posteriormente, a Rede Globo, canal de televisão aberta, adaptou a obra referente ao Sítio do Pica-Pau Amarelo para a TV e trouxe a Cuca na figura de um jacaré de cabelos longos e amarelos, que habita uma caverna, onde prepara diversas poções mágicas. Ela faz parte do mesmo núcleo que o Saci Pererê, outro personagem folclórico que aparece na história do Sítio.
Uma das músicas de ninar mais conhecidas, a “Nana neném”, faz menção explícita à figura da Cuca. Nessa música, a personagem aparece com o mesmo propósito pedagógico apresentado em sua lenda: assumindo um caráter malvado, ela rapta as crianças que não dormem na hora certa. Observe um trecho da canção:
“Nana neném que a Cuca vem pegar,
Papai foi pra roça, mamãe foi trabalhar”
Também na MPB, a personagem Cuca marcou presença. A cantoria Cássia Eller escreveu uma música em que versa sobre as características maléficas da Cuca.
A canção tem o nome de “A Cuca Te Pega”. Observe o trecho em que se destaca o caráter da personagem:
“A Cuca é malvada e se fica irritada
A Cuca é zangada, cuidado com ela
A Cuca é matreira e se fica zangada
A Cuca é danada, cuidado com ela”
Outro segmento em que a personagem do folclore se fez presente foi na pintura. A artista modernista Tarsila do Amaral (1886-1973) produziu um quadro intitulado “A Cuca”, no ano de 1924, que está exposto, atualmente, na França.
É relevante lembrar que o movimento modernista pregava a retomada dos elementos culturais propriamente brasileiros, como é o caso de personagens folclóricos e, portanto, da Cuca.
Quais das características elencadas pertencem a Cuca?