Um dos campos mais relevantes para a aplicação do pensamento afrocentrado é a educação.
A educação antirracista pressupõe não apenas o combate ao preconceito racial nas escolas, mas também a construção de práticas pedagógicas que valorizem as histórias, culturas e contribuições dos povos africanos e afro-brasileiros.
Nesse contexto, o currículo afrocentrado emerge como uma proposta concreta para promover o protagonismo negro e a história da África nas salas de aula.
Em vez de um currículo centrado na história europeia, essa abordagem propõe incluir saberes africanos, cosmologias tradicionais, personagens históricos negros e expressões culturais afrodescendentes.
O que é um currículo afrocentrado?
Um currículo afrocentrado é aquele construído a partir de uma perspectiva africana, ou seja, que reconhece a centralidade da cultura, da história e das epistemologias africanas no processo educativo. Isso se reflete tanto na escolha dos conteúdos quanto na metodologia de ensino.
Exemplos incluem o estudo de civilizações africanas como o Império Mali ou o Reino de Axum, o ensino da filosofia africana e a valorização da oralidade, das músicas e das expressões culturais de matriz africana. Além disso, práticas pedagógicas afrocentradas estimulam a escuta, o diálogo, o respeito à ancestralidade e o uso de narrativas que empoderem os estudantes negros.
O papel da Lei 10.639/03 e sua aplicação
A Lei 10.639/03, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas do Brasil. Essa medida é fundamental para viabilizar a implementação de um currículo afrocentrado.
A aplicação dessa lei, no entanto, ainda enfrenta desafios, como a falta de formação docente específica e a escassez de materiais didáticos adequados. O pensamento afrocentrado oferece caminhos para aprofundar essa política educacional, contribuindo para uma prática realmente transformadora e antirracista nas escolas brasileiras.