A refração é um fenômeno ondulatório que consiste no desvio da trajetória da onda ao passar de um meio A para um meio B, quando a velocidade de propagação dela em um deles é diferente da velocidade no outro.
Inicialmente, esse fenômeno será estudado para a luz. Porém, todas as propriedades se estendem aos outros tipos de ondas.
É por conta desse fenômeno que vemos alguns objetos como se estivessem quebrados quando inseridos em dois meios diferentes. É o que acontece como as bananas da Figura 1, que parecem quebrar ao passarem pela água.
É também por conta desse desvio dos raios de luz que, ao observarmos um objeto debaixo d’água, vemos esse mesmo objeto em uma posição acima da que ele realmente está.
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A refração ocorre devido a mudanças na velocidade de propagação de uma onda. Sabe-se que essa velocidade (v) é dada em função da frequência (f) e do comprimento da onda (λ), por:
A frequência é sempre constante, atuando como uma espécie de “identidade da onda”. Logo, a mudança de velocidade da luz, ao passar de um meio para o outro, é devida a uma mudança no seu comprimento de onda.
Essa mudança ocorre por causa da diferença entre as interações moleculares existentes entre os meios.
Por exemplo: digamos que o meio A seja um gás e que o meio B seja um sólido transparente. No meio A, as interações moleculares são mais fracas, logo, as moléculas são mais dispersas e a luz pode percorrer um caminho maior sem interagir com nenhuma delas. Teremos, pois, um maior comprimento de onda e uma maior velocidade que no meio B, onde as moléculas são bem mais próximas, dificultando a passagem da luz.
Cada meio material possui um índice adimensional (que não possui unidade de medida), característica que mede a razão entre a velocidade da luz no vácuo (c) e a sua velocidade ao se propagar nele (v), chamado índice de refração, comumente representado por n.
Logo, o índice de refração pode ser calculado por meio da seguinte expressão:
Deve-se considerar que n é inversamente proporcional a v, ou seja, quanto maior for a velocidade em determinado meio, menor é o seu índice de refração.
A velocidade da luz no vácuo vale c = 3,0.108 m/s e representa o valor limite de velocidade que se pode atingir no universo, sendo alcançado também por outras ondas eletromagnéticas.
Desse modo, a velocidade da luz é sempre menor ou igual a c. Assim:
Seja nA o índice de refração do meio A e nB o índice de refração do meio B, tem-se que o índice de refração de A em relação a B é dado por:
Já o índice de refração de B em relação a A é:
Assim, diz-se que:
Voltando ao fenômeno da refração em si, temos que o desvio se dá da seguinte forma:
Figura 2: O raio de luz incide sobre a interface entre os meios A e B, de diferentes índices de refração nA e nB. É feito um ângulo de incidência i em relação à reta normal (reta perpendicular à superfície), que adentra o meio B fazendo um ângulo de refraçãor em relação à mesma normal.
Isso ocorre devido a um princípio enunciado pela primeira vez pelo matemático francês Pierre Fermat (1601 – 1665), em 1657: o Princípio do Tempo Mínimo, segundo o qual, a luz sempre percorre a trajetória de tempo mínimo ao ir do ponto A ao ponto B, ou seja, sempre vai pelo caminho mais rápido.
Esse trajetória nem sempre é uma reta, como ocorre no caso da refração. Assim, é possível provar que, para que um raio luminoso se desloque entre dois pontos, estando um no meio A e outro no meio B, onde ela possui velocidades de propagação diferentes, essa trajetória deve sofrer um desvio, como o enunciado na Figura 2.
A prova se dá por meio de conceitos em Cálculo, um assunto de nível superior.
A partir desse princípio, prova-se um resultado que, anos antes, em 1621, havia sido constatado empiricamente pelo matemático holandês Willebrord Snell e pelo filósofo e matemático francês René Descartes. Por isso, recebe o nome de Lei de Snell-Descartes.
Segundo esse resultado, os ângulos de incidência e de refração (i e r) se relacionam com os índices de refração dos meios A e B (nA e nB), segundo a equação:
A fórmula demonstra a dependência do ângulo r com o ângulo i, para os meios A e B. Além disso, permite calcular um desses ângulos, sabendo-se o outro ângulo, e os índices de refração.
Também é possível escrever esse resultado em função dos índices de refração relativos (nA,B e nB,A):
Assim, se o meio A for mais refringente que o meio B:
Se o desvio angular é positivo, ou seja, o raio luminoso se afasta da normal:
Mas, se o meio B for mais refringente que o meio A:
Se o desvio angular é negativo, ou seja, o raio luminoso se aproxima da normal:
Alguns povos indígenas ainda preservam suas tradições realizando a pesca com lanças, demonstrando uma notável habilidade. Para fisgar um peixe em um lago com águas tranquilas, o índio deve mirar abaixo da posição em que enxerga o peixe.