A borracha natural é o produto primário da coagulação do látex, substância extraída principalmente da planta Hevea brasiliensis, conhecida popularmente como seringueira - provavelmente devido ao método de extração do látex.
A seringueira é um árvore de porte grande, pertencente à família das euphorbiaceae, originária do Amazonas e que tem como característica principal a presença de laticíferos em diversas parte do vegetal.
Seringal (plantação de seringueiras)
Os laticíferos são estruturas formadas por células que possuem a capacidade de produzir látex - substância espessa semelhante ao leite, que é secretada quando a planta é lesionada.
A função natural do látex ainda não foi totalmente compreendida, mas acredita-se que, devido à sua capacidade coagulante, o látex pode selar as lesões feitas no vegetal, evitando assim a entrada de microrganismos que podem prejudicá-lo internamente. Além disso, o látex pode estar envolvido nos processos de proteção do vegetal, devido à sua toxicidade.
O processo de extração do látex ocorre através de incisões no caule da seringueira, para que o líquido branco e espesso possa escorrer e ser coletado.
Látex sendo extraído de uma seringueira
O polímero encontrado no látex é chamado de poli-isopreno, devido ao seu monômero ser o isopreno (quimicamente chamado de metilbut-1,3-dieno - C5H8).
Esse polímero é formado dentro do vegetal através de reações complexas, catalisadas por enzimas. No interior do vegetal, o látex possui pH neutro (próximo de 7), mas quando em contato com o ar, sofre oxidação e coagula, formando uma estrutura rígida e elástica que é chamada de borracha.
O polímero do látex é formado por uma cadeia de pelo 5.000 monômeros de isopreno.
Estrutura do isopreno
Após a extração, o látex coletado precisa ser trabalhado para adquirir as características da borracha como se conhece atualmente.
Na natureza, o látex quente é mole e pegajoso, mas quando resfriado se torna duro e quebradiço. Dessa forma, o material precisa passar pelo processo de vulcanização, principal processo químico na fabricação da borracha.
O processo foi desenvolvido acidentalmente por Charles Goodyear, em 1839, e consiste na aplicação de enxofre, sob temperatura e pressão controladas, para garantir as características encontradas na borracha comercializada.
Quimicamente, ao adicionar enxofre a um elastômero, algumas ligações duplas dão lugar a ligações de enxofre, chamadas, algumas vezes, de pontes dissulfeto.
Esse processo forma ligações cruzadas de enxofre, garantindo que o produto final tenha:
- baixa capacidade de deformidade;
- insolubilidade a solventes orgânicos;
- dificuldade de oxidação;
- resistência ao calor;
- grande elasticidade;
- difícil rompimento.
Exemplo de um elastômero após o processo de vulcanização, mostrando as ligações de enxofre formadas
O processo de vulcanização também garante que o produto final apresenta baixa histerese, isto é, quando deformada, a borracha volta rapidamente ao seu formato inicial.