Apesar de surgir em um contexto de ampliação da possibilidade de mobilidade social, a meritocracia, como ideia ou sistema, para ser perfeitamente eficaz e justa, só funciona em um contexto onde todas as pessoas possuem as mesmas condições e oportunidades de desenvolvimento. Ou seja, se fizéssemos uma analogia a uma corrida de atletismo, todas as pessoas precisariam partir exatamente do mesmo ponto na pista.
Entretanto, sabemos que vivemos em uma sociedade onde o acesso à educação formal, aos bens de serviço, à estruturas familiares saudáveis etc., não acontece da mesma forma para todas as pessoas.
Nesse sentido, pessoas que estudaram em boas escolas, tiveram uma infância saudável, tempo e incentivo para seu desenvolvimento pessoal e profissional terão mais chances de alcançarem níveis socioeconômicos maiores que pessoas que não estiveram inseridas em estruturas benéficas como essas.
A meritocracia tem sido usada como argumento para justificar e fazer a manutenção de sociedades desiguais, onde a população mais rica continua enriquecendo pelas oportunidades que lhe são dadas, enquanto a população mais pobre permanece nas lógicas de escassez.
Em suma, as críticas de importantes políticos, filósofos, sociólogos e historiadores ao conceito de meritocracia acontecem no sentido de exigir que as mesmas condições de moradia, educação, saúde e serviços sejam dadas a todos sujeitos de uma sociedades para que, assim sendo, a corrida a partir dos esforços individuais seja justa.