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Desigualdade social: entenda o que é, as causas e as consequências

Sociologia - Manual do Enem
Natália Cruz Publicado por Natália Cruz
 -  Última atualização: 25/7/2024

Introdução

A desigualdade social é um problema persistente em sociedades de todo o mundo. Na vida cotidiana, ela pode ser vista na disparidade de acesso ao transporte público eficiente, nos cuidados de saúde de qualidade, nas oportunidades educacionais, nas chances de emprego e na habitação acessível.

A distribuição desigual de renda é tão acentuada em alguns países, que apenas uma mínima parcela da população concentra grande parte da renda, enquanto a menor parte da renda é distribuída entre a maior parte da população.

Paraisopolis e Morumbi retrato da desigualdade

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Índice

O que é desigualdade social?

A desigualdade social se refere à distribuição desigual de recursos e oportunidades entre diferentes grupos da sociedade, como renda, educação, saúde e emprego. Trata-se de um fenômeno em que alguns indivíduos ou grupos possuem mais privilégios, poder e riqueza do que outros, criando uma disparidade na qualidade de vida e nas oportunidades de desenvolvimento.

Consequências da desigualdade social

A desigualdade social colabora para o surgimento de uma série de outros problemas e conflitos sociais, como:

  • Pobreza e miséria;
  • Ocupação e invasão de imóveis;
  • Fome, desnutrição e mortalidade infantil;
  • Desinteresse e evasão escolar;
  • Marginalização de grupos sociais;
  • Aumento de moradores em situação de rua;
  • Aumento dos índices de violência e criminalidade.

Veja também: 17 citações sobre desigualdade social
+ Atualidades Enem: Pobreza menstrual

Exemplos de desigualdade social

Um exemplo de desigualdade social pode ser observado na distribuição de recursos educacionais. Em muitos lugares, existem disparidades significativas entre escolas localizadas em áreas mais ricas e aquelas localizadas em áreas mais pobres.

Escolas em bairros mais privilegiados geralmente têm melhor infraestrutura, professores mais qualificados, materiais didáticos mais atualizados e uma variedade de oportunidades educacionais extras. Por outro lado, escolas em áreas economicamente desfavorecidas podem enfrentar falta de recursos, salas de aula superlotadas e menos acesso a atividades extracurriculares.

Outro exemplo de desigualdade social pode ser observado na distribuição de renda. Em muitas sociedades, há uma disparidade significativa entre os rendimentos dos estratos sociais mais altos e mais baixos.

Pessoas em profissões de alta demanda ou com acesso a oportunidades privilegiadas muitas vezes recebem salários substancialmente mais altos do que aquelas em empregos menos valorizados ou com menos acesso a oportunidades econômicas.

O que provoca desigualdade social?

A desigualdade social pode ser causada por diversos fatores, como discriminação, exclusão social, sistema econômico, político e cultural, entre outros. É um problema complexo que afeta muitas sociedades em todo o mundo, e seu enfrentamento é um desafio importante para construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Entenda melhor:

  1. Distribuição de renda e oportunidades: a falta de acesso a empregos bem remunerados, educação de qualidade e oportunidades econômicas pode perpetuar a desigualdade.

  2. Discriminação e preconceito: discriminação com base em características como gênero, etnia, religião ou orientação sexual pode limitar o acesso a oportunidades e recursos para certos grupos, contribuindo para a desigualdade.

  3. Sistemas políticos e econômicos: as políticas governamentais, estruturas econômicas e sistemas de tributação desempenham um papel fundamental na determinação da distribuição de recursos.

  4. Herança e mobilidade social: a transmissão de riqueza e privilégios de geração em geração pode resultar em famílias que têm vantagens significativas em comparação com outras. 

  5. Educação: a falta de acesso a uma educação de qualidade pode limitar as perspectivas de emprego e perpetuar ciclos de pobreza.

  6. Globalização: embora a globalização tenha trazido benefícios econômicos em muitos casos, também pode contribuir para a desigualdade, pois nem todos os grupos ou regiões se beneficiam igualmente das mudanças econômicas globais.

  7. Condições históricas: a história de um país ou região muitas vezes deixa um legado que afeta as estruturas sociais e econômicas atuais, podendo contribuir para desigualdades persistentes.

Tipos de desigualdade social

Além da desigualdade econômica, outras vertentes da desigualdade influenciam na condição de desigualdade social e são mais ou menos acentuadas dependendo da região analisada.

Closeup Diverse People Joining Their Hands (1)

Desigualdade racial

É a desigualdade de oportunidades e acesso aos bens e serviços determinada pela raça e cor da pele. Podemos citar como exemplo a exclusão e racismo que a população negra sofre no Brasil.

Desigualdade de gênero

Desigualdade de acesso aos bens, serviços e oportunidades considerando o gênero masculino ou feminino. Um exemplo são os salários menores ou até mesmo a falta de oportunidade de contratação que afeta a população feminina.

Desigualdade de gênero

No quesito de igualdade de gênero, podem ser incluídos também os grupos transexuais, que não se identificam com o gênero de nascimento.

A junção das diferentes formas de desigualdade acentuam, dependendo da região, as condições de desigualdade social e influenciam de forma explícita ou velada a dificuldade de acesso a ferramentas, espaços sociais e serviços.

Saiba mais: Estratificação social: o que é, tipos e resumo
+ Exclusão social: o que é e como acontece

Desigualdade social no Brasil

A questão das desigualdades sociais no Brasil é sistêmica e antiga. Na divisão do país em capitanias hereditárias, a distribuição desigual de recursos já era praticada. A exploração de terras, minérios e recursos aumentou ainda mais a condição de má distribuição de renda.

Com o fim da escravidão, a desigualdade racial acentuou-se ainda mais no país, pois os escravizados recém-libertos não foram integrados completamente ao mercado de trabalho.

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Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018.

Dados do IBGE, levantados em 2017, apontam que naquele ano os 10% mais ricos detinham 43,3% da renda do país, enquanto os 10% mais pobres tinham acesso a apenas 0,7% da renda total do país.

Além do histórico de desigualdades vindos da época colonial, outros fenômenos colaboram com o crescimento e acentuação das desigualdades sociais no país. São eles:

  • Má distribuição de recursos da educação, saúde, cultura, lazer e transportes públicos;
  • Desvio de verbas das prefeituras, estados e União;
  • Lógica capitalista de mercado (estímulo ao consumo, mais-valia);
  • Desemprego;
  • Crescimento do mercado informal.

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Entenda o Índice de Gini e a medida da desigualdade mundial

O Índice ou Coeficiente de Gini, criado em 1912, é usado para medir o grau de desigualdade social nos países. O índice varia entre 0 e 1, sendo os países mais próximos de 0, os menos desiguais, enquanto os mais próximos de 1 são considerados os mais desiguais.

No índice apresentado em 2016, a Ucrânia ocupava a primeira posição, com um índice de 0,241, seguida por Eslovênia e Noruega, com o índice de respectivamente, 0,256 e 0,259. O Brasil ocupava a 99ª posição, com índice de 0,515.

As pequenas taxas de desigualdade são encontradas em países onde a distribuição de renda é mais igualitária e o acesso à saúde, educação, transporte e lazer atinge de forma direta e igual toda a população.

O que fazer para reduzir a desigualdade social?

Reduzir a desigualdade social é um desafio que envolve diversas áreas. Não existe uma solução única, mas uma combinação de estratégias pode ajudar a abordar esse problema de maneira mais eficaz. Veja algumas possibilidades:

  1. Educação de qualidade: investir em educação de qualidade é fundamental. Isso inclui garantir o acesso equitativo à educação desde a infância até a educação superior, bem como fornecer programas de educação e treinamento ao longo da vida para que as pessoas possam desenvolver habilidades relevantes para o mercado de trabalho.
  2. Acesso à saúde: garantir acesso a serviços de saúde de qualidade para todas as camadas da população ajuda a reduzir as disparidades de saúde e a melhorar as condições de vida das pessoas. Isso inclui atendimento médico preventivo e tratamento para doenças.
  3. Políticas de emprego e renda: promover políticas que incentivem a criação de empregos dignos, com salários justos e condições de trabalho adequadas, é essencial para reduzir a desigualdade. Isso pode incluir o aumento do salário mínimo, a implementação de programas de emprego e a promoção da igualdade de remuneração entre gêneros.
  4. Redistribuição de renda e tributação progressiva: políticas de redistribuição de renda, como programas de assistência social e transferência de renda para os mais necessitados, podem ajudar a nivelar as desigualdades. Além disso, sistemas de tributação progressiva, nos quais os impostos aumentam com o nível de renda, podem contribuir para uma distribuição mais equitativa da riqueza.
  5. Acesso à moradia adequada: garantir moradia digna e acessível é fundamental para reduzir a desigualdade. Isso pode envolver políticas de habitação social, regulamentação de aluguéis e programas de subsídios habitacionais.
  6. Inclusão financeira: promover o acesso a serviços financeiros, como crédito e poupança, para grupos de baixa renda pode ajudar a diminuir a desigualdade ao permitir que essas pessoas invistam em suas próprias vidas e oportunidades.
  7. Empoderamento das mulheres: empoderar as mulheres através de medidas como igualdade salarial, acesso à educação e saúde reprodutiva pode contribuir significativamente para reduzir a desigualdade de gênero.
  8. Investimento em infraestrutura e serviços públicos: melhorar a infraestrutura e serviços públicos, como transporte, saneamento, energia e acesso à água potável, pode beneficiar diretamente as populações mais vulneráveis.
  9. Políticas de combate à discriminação: implementar políticas que combatam a discriminação com base em raça, gênero, orientação sexual, origem étnica e outras características ajuda a garantir oportunidades iguais para todos.
  10. Participação cidadã: incentivar a participação ativa da população nas decisões políticas e econômicas pode ajudar a garantir que políticas sejam implementadas de maneira justa e equitativa.

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Resumo sobre desigualdade social

A desigualdade social é um problema que ocorre quando algumas pessoas têm acesso a mais recursos e oportunidades do que outras. Isso pode acontecer por várias razões, como renda, educação, localização geográfica ou preconceito. A desigualdade social é prejudicial para a sociedade, pois pode levar a conflitos, pobreza, exclusão social e falta de mobilidade social.

As pessoas mais afetadas pela desigualdade social são aquelas que têm menos renda, menos acesso a serviços públicos, menos educação e menos oportunidades de emprego. Essas pessoas podem enfrentar muitos obstáculos para melhorar suas vidas e alcançar seus objetivos.

Existem muitas maneiras de abordar a desigualdade social, incluindo políticas públicas para garantir igualdade de oportunidades, campanhas de conscientização e ações individuais para ajudar aqueles que estão em desvantagem.

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Exercício de fixação
Passo 1 de 3
ENEM/2010

Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos mantêm na miséria? Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos tiranos vestem? Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem vosso sangue?  (SHELLEY. “Os homens da Inglaterra’. Apud HUBERMAN, L. In: História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.)

A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada:

A na pobreza dos empregados, que estava dissociada da riqueza dos patrões.
B no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços nas indústrias.
C na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo proletariado.
D no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
E na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.
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