A Revolução Farroupilha, também chamada de Guerras dos Farrapos, foi a mais longa Revolta Regencial, com 10 anos de duração. Esse conflito aconteceu no Rio Grande do Sul, teve início em 1835 e só chegou ao fim no ano de 1845.
A Revolução foi inicialmente uma revolta tributária, promovida pelos ricos pecuaristas donos de terras. Esse grupo questionava os altos impostos cobrados sobre o valor do charque que produziam, comercializado apenas dentro do próprio Império. Entretanto, no decorrer dos anos, ganhou caráter separatista, abolicionista e republicano.
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A Revolução Farroupilha aconteceu durante o Período Regencial (1831-1840), momento em que o Brasil foi governado por regentes, enquanto se aguardava a maioridade de Dom Pedro II.
Esse período foi marcado por fortes conflitos políticos e pelas chamadas Revoltas Regenciais, como a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada e a própria Revolução Farroupilha.
Desde o período colonial, as elites locais do Rio Grande do Sul atuaram na defesa do território contra as investidas espanholas. Por isso, nos tempos do Império, esperavam como contrapartida que o Governo Central investisse no desenvolvimento econômico da região.
Entretanto, não foi assim que aconteceu. Pelo contrário, o Governo Federal aplicou pesadas taxas nos produtos rio-grandenses.
A base da economia no Sul do país, nesse período, era a criação de gado, a erva-mate, o charque e seus derivados.
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Apesar da produção de charque no Rio Grande do Sul, os altos impostos cobrados pelo Governo tornavam o produto produzido fora do Brasil (Argentina e Uruguai) mais barato que o charque nacional, tornando-o menos competitivo.
Além disso, o Governo também aumentou os incentivos à importação de charque da região do Prata e subiu a taxa de importação de sal, insumo básico para a manufatura do produto.
Essas atitudes do Governo desagradaram enormemente a elite do Rio Grande do Sul.
Inspirados pelos ideais iluministas e liberais, esse grupo começou a se aproximar politicamente das ideias de autonomia e federalismo.
Insatisfeita com a submissão imposta ao Estado, com o descaso do Governo e com a centralização política que em nada favorecia ao Rio Grande do Sul, a elite local decidiu se rebelar contra o Império.
No dia 20 de setembro de 1835, as tropas farroupilhas comandadas por Bento Gonçalves conseguiram conquistar Porto Alegre, destituindo o então presidente da província, Fernandes Braga.
Gonçalves deu posse ao então vice-presidente Marciano Ribeiro. Em poucos dias, todo o Estado acabou nas mãos dos farroupilhas, com exceção de Rio Grande, São Gabriel e Rio Pardo.
As tensões entre farroupilhas e o Império foram acentuadas quando o Governo ordenou a transferência das repartições de Porto Alegre para Rio Grande, marcando uma profunda ruptura.
Em 15 de julho de 1836, o Império retomou o poder de Porto Alegre. Alguns integrantes da Revolução Farroupilha conseguiram escapar e chegaram a tomar pontos importantes da cidade.
Entretanto, nenhuma das tentativas lideradas pelo líder farrapo Bento Gonçalves teve êxito, e os revolucionários nunca chegaram a retomar a cidade.
Em setembro de 1836, aconteceu a primeira grande batalha envolvendo as tropas do Governo e os farrapos. Comandados pelo General Netto, os farrapos obtiveram vitória e, empolgados com esse momento, declararam a separação do Estado e proclamaram a República Rio-Grandense.
Nesse momento, a revolta tomou delineadas formas separatistas e revolucionárias.
É nesse contexto que os líderes farrapos determinam que os escravizados que se alistassem nas tropas revolucionários seriam libertos, o que aumentou em muito o contingente de soldados.
A República Rio-Grandense não durou muito. Em outubro de 1836, o Império derrotou os farroupilhas e prendeu Bento Gonçalves e outros oficiais.
Entretanto, essa derrota não significou que a força revolucionário foi abatida. Muito pelo contrário, sobre a liderança de Antônio Netto, permaneceram resistentes e obtiveram outras vitórias.
Em novembro de 1836, os farrapos declaram a República em Piratini e nomearam Bento Gonçalves, ainda preso, como presidente.
Em outubro de 1837, Bento Gonçalves fugiu da prisão e assumiu a presidência da República. Os anos que se seguiram foram de intensos conflitos e tensões e, apesar da forte repressão do exército imperial, os farroupilhas ainda conquistaram a vila de Laguna e declararam a República Catarinense.
Essas conquistas mais uma vez duraram pouco. Logo Laguna voltou para o controle do Império e o Governo investiu mais de dois terços do contingente do exército nacional para o desmanche da Revolução Farroupilha.
Em 1842, Duque de Caxias foi nomeado pelo Império para pôr fim ao movimento. Enfim, após três anos de batalhas, a guerra chega ao fim com um acordo assinado por ambas as partes, o chamado “Tratado de Poncho Verde”.
No documento que selava o acordo, ficou determinado que:
A Revolução Farroupilha foi um dos movimentos armados contrários ao poder central no Período Regencial brasileiro (1831-1840). O movimento dos Farrapos teve algumas particularidades, quando comparado aos demais.
Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador e entreguei o governo ao seu substituto legal. E em nome do Rio Grande do Sul, digo que nesta província extrema, afastada da Corte, não toleramos imposições humilhantes. O Rio Grande é a sentinela do Brasil que olha vigilante o Rio da Prata. Não pode e nem deve ser oprimido pelo despotismo. Exigimos que o governo imperial nos dê um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, ou, com a espada na mão, saberemos morrer com honra, ou viver com liberdade.
(Carta escrita em 1835 por Bento Gonçalves, líder farroupilha, ao Regente Feijó.
Adaptado de PESAVENTO, S. J. A Revolução Farroupilha. São Paulo: Brasiliense, 1990)
Entre os motivos da Revolução Farroupilha, podemos citar: