A Revolta da Chibata foi um movimento urbano que aconteceu durante a Primeira República, entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910.
A Revolta teve como objetivo principal pôr fim aos castigos corporais infligidos aos integrantes negros da Marinha do Brasil, reivindicando, assim, maior equidade no tratamento de brancos e negros dentro da instituição e melhores condições de trabalho para todos os marinheiros.
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No dia 13 de maio de 1888, foi assinada a Lei Áurea, que, pelo menos no papel, colocou fim ao trabalho escravo no Brasil.
A Lei, entretanto, não significou a inserção efetiva dos ex-escravizados na sociedade e nem pôs fim ao racismo que essa população sofria. Sendo assim, grande parte da população negra encontrava-se sem empregos, oportunidades e em estado de miséria.
Uma das poucas alternativas encontradas por essa população era ingressar ao trabalho na Marinha. Essa era, na época, uma função cansativa, mal remunerada e os indivíduos que nela atuavam eram extremamente explorados.
A Marinha Brasileira, no período, havia adquirido uma série de navios produzidos na Inglaterra, tornando-se um dos corpos militares que mais possuía aparatos tecnológicos e modernos do mundo. Essa modernidade, entretanto, não havia chegado aos manuais de conduta impostos aos marinheiros.
As faltas cometidas pelos integrantes da Marinha Brasileira eram punidas com castigos corporais, as chibatadas. Os castigos eram mais frequentes entre os integrantes negros, que na época, eram maioria. A mesma prática punitiva comumente aplicada aos negros escravizados era aplicada aos marinheiros negros, então livres.
Os baixos salários, os castigos corporais, os maus-tratos e o racismo que permeava todas essas práticas foram as causas da Revolta da Chibata.
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Mediante à insatisfação com os vários tipos de violências sofridas, o marinheiro João Cândido Felisberto, começou a tramar uma revolta.
Para isso, reuniu marinheiros, negros e mulatos descontentes em navios, como o encouraçado Minas Gerais - do qual fazia parte -, encouraçado São Paulo, navio Deodoro, navio Bahía, entre outros.
Inicialmente, os revoltosos esperavam a tomada de poder do Marechal Hermes da Fonseca para se manifestar. Entretanto, a punição de 250 chibatadas dada a Marcelino Rodrigues Menezes, fez eclodir antecipadamente a revolta.
A Revolta começou em Minas Gerais e foi, aos poucos, se espalhando para outros navios. Em meio aos conflitos, muitos marinheiros brancos que tentaram impedir a movimentação dos revoltosos acabaram morrendo.
Todos os navios tomados pelos manifestantes foram apontados na direção do Rio de Janeiro, e o Governo enviou um representante para entender as reivindicações do movimento.
Uma imagem histórica da Revolta da Chibata é a fotografia de João Cândido lendo as questões fundamentais pelas quais o movimento lutava, como:
O Governo, inicialmente, assumiu uma postura intransigente e afirmou que não negociaria com revoltosos.
Como represália, João Cândido fez disparos na direção do Congresso Nacional, o que levou ao presidente Hermes da Fonseca a prometer atender às reivindicações, encerrando a Revolta no dia 27 de novembro de 1910.
Na negociação inicial do presidente da República com os revoltosos, havia ficado acordado o perdão aos marinheiros participantes, o que garantiria sua liberdade.
A pressão da imprensa, que acusou o Governo de negociar com homens que teriam “atirado contra o próprio país”, acabou por fazer o presidente voltar atrás em sua decisão, terminando com a prisão de centenas de marinheiros, incluindo João Cândido.
Apesar de terem alcançado seu objetivo e conseguirem retirar os castigos corporais dos manuais da marinha, os manifestantes acabaram sofrendo duras punições ao final da Revolta da Chibata.
Leia o seguinte texto:
O Mestre-sala dos mares
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam nas costas
Dos negros pelas pontas das chibatas…
(BLANC, A.; J. O Mestre-sala dos mares. Disponível em: www.usinadeletras.com.br)
Na História Brasileira, a chamada Revolta da Chibata liderada por João Cândido, e descrita na música, foi: