Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é um dos personagens mais conhecidos da História do Brasil. O mais conhecido líder da chamada Inconfidência Mineira, se tornou mártir da liberdade republicana muitos anos depois se sua morte, com o advento da República.
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Tiradentes nasceu na então Capitania de Minas Gerais, em 1746. Filho de um proprietário rural e sua esposa, Tiradentes ficou órfão ainda na infância, tendo sido criado por um padrinho.
Durante sua vida, chegou a trabalhar em diversas profissões, como pequeno minerador, militar e comerciante. Dentre suas atividades, esteve a de dentista, motivo que fez com que Joaquim José da Silva Xavier ficasse conhecido como Tiradentes.
Ao se alistar na tropa da Capitania de Minas Gerais - na qual chegou até a patente de alferes - Tiradentes viu de perto os abusos da metrópole na cobrança dos impostos às regiões de exploração de minérios, localizadas na colônia.
Tiradentes era um ótimo orador e interessado em questões políticas. Após abandonar a carreira militar, uniu-se a um grupo de integrantes da elite brasileira composto por intelectuais, coronéis e outras figuras importantes da região de Minas Gerais. Alguns dos mais conhecidos membros do grupo foram o poeta Tomás Antônio Gonzaga e o advogado Cláudio Manuel da Costa.
Esse grupo, assim como Tiradentes, fora inflamado pelos ideais Iluministas franceses e influenciado pela recém Independência dos Estados Unidos.
No contexto colonial no qual Tiradentes viveu, Portugal explorava e canalizava os recursos mais valiosos da região, o ouro. A metrópole cobrava altos impostos em cima da extração do minério, como o chamado “Quinto”, taxa de 20% sob todo ouro retirado das minas.
Desde a segunda metade do século XVIII, o ouro começou a ficar mais escasso. Entretanto, Portugal não diminuiu os impostos sobre ele, já que o país havia acabado de passar por um terremoto e precisava de recursos para se restabelecer.
Ao contrário, decretou a chamada “Derrama”, imposto que obrigava cada região aurífera (extratora de ouro) a recolher uma tonelada e meia de ouro por ano e entregá-lo para Portugal.
Além disso, em 1785, Dona Maria I, rainha de Portugal, decretou a proibição das manufaturas no Brasil.
Ao impedir a produção industrial, a medida pretendia obrigar o Brasil a importar os produtos industrializados de Portugal a um preço cada vez mais alto. A proibição foi mal vista pela elite mineira, que a interpretou como sinal de atraso e aumento da dependência econômica do Brasil.
Mediante à intensa insatisfação com a coroa portuguesa e influenciados pelos recentes acontecimentos e ideais estrangeiros, Tiradentes e um consistente grupo da elite mineira começaram a conspirar contra Portugal.
Deram origem, então, à chamada Inconfidência Mineira, um movimento de caráter emancipatório, que pretendia pôr fim ao pacto colonial e proclamar a República no Brasil.
A Inconfidência Mineira não chegou a se concretizar, porque antes da data prevista para acontecer, seus participantes foram delatados por um traidor, José Silvério dos Reis.
Ao serem presos, a maior parte dos inconfidentes não confessaram a conspiração, por exceção de Tiradentes.
Em 21 de Abril de 1972, Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado, esquartejado e teve as partes de seu corpo expostas em praças públicas, como forma do Governo “emitir um aviso” sobre o “fim provável dos rebeldes”.
Desde os tempos do Império, Tiradentes começou a ser utilizado como imagem do defensor da emancipação, independência e progresso no Brasil. Entretanto, foi mesmo com o advento da República que os maiores investimentos foram feitos em sua representação.
Transformado em ícone da liberdade, defensor dos oprimidos e dono de um ótimo caráter, as representações, tanto imagéticas como imateriais de Tiradentes, aproximavam-o da imagem de Jesus.
Isso, porque tendo sido tanto o processo da Independência do Brasil como a Proclamação da República eventos que quase não contaram com a participação do povo, Tiradentes se tornou o mártir ideal para a construção de uma memória nacional com apelo popular.
A aquarela do artista João Teófilo, aqui reproduzida, dialoga com a pintura de Pedro Américo, “Tiradentes esquartejado” (1893).
Sobre a obra de João Teófilo, publicada na capa de uma revista em 2015, é possível afirmar que: